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Cinema / SÉTIMA ARTE

Bella Piero reflete sobre o atual momento do cinema: 'Democracia e maior protagonismo feminino'

Em entrevista à Contigo! Novelas, a atriz Bella Piero comemora sua primeira protagonista na telona e reflete sobre o atual momento do cinema

Daniel Palomares Publicado em 25/10/2024, às 20h29

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“Me entendo no mundo como uma atriz inquieta", diz Bella Piero - Maria Magalhães
“Me entendo no mundo como uma atriz inquieta", diz Bella Piero - Maria Magalhães

A atriz Bella Piero está feliz da vida! Ela vive sua primeira protagonista na telona com o filme Meu Casulo de Drywall. Em entrevista à Contigo! Novelas, ela exalta trajetória nas artes, comemora o novo trabalho e reflete sobre o atual momento do cinema.

Qual a sensação de dar vida à sua primeira protagonista no cinema?

"Inesquecível. Fazer cinema é como dar um salto de fé para dentro de você: das suas inseguranças, seus limites e desbloquear registros que ainda nem sabe que possui. Minha primeira experiência como protagonista no cinema me ensinou a estar presente inteiramente, até porque, na história da minha personagem, trabalhamos com a ideia de que toda cena poderia ser a sua última. Construir a Virgínia foi muito prazeroso, de uma delicadeza, intimidade, força e complexidade para contemplar toda a montanha-russa emocional que essa personagem atravessa. Confesso que saí muito mexida, como atriz e mulher, depois de viver essa experiência. E enxergar todo o resultado do nosso trabalho, no telão do festival SXSW, no Texas, ano passado, quando estreamos representando o Brasil, é realmente emocionante".

Me conta mais sobre Meu Casulo de Drywall?

"O filme acompanha a rotina íntima e as relações desenvolvidas de um grupo de moradores de um condomínio de classe média alta paulistana. Pessoas que claramente não enxergam um ao outro, tendo que lidar com suas angústias dentro de seu próprio casulo. Esse casulo é rachado com a morte da Virgínia, minha personagem, em sua festa de aniversário de 17 anos. O que obriga as pessoas à sua volta, família, parentes, amigos, namorado, a lidarem com a exposição de suas fragilidades. Ao mesmo tempo, a narrativa é um thriller psicológico, já que não sabemos quem matou a personagem central e por quê. Acredito que uma das maiores forças do roteiro da Caroline Fioratti é unir temas tão sensíveis referentes a essas bolhas sociais, como: depressão, relações LGBTQI+, saúde mental, homofobia e gerar possíveis debates a respeito de temas que são sempre urgentes em serem abordados".

Você ainda é muito jovem e já acumula muitos prêmios e reconhecimento. Como se sente nesse lugar?

"Agradeço o elogio, mas minha sensação é a de um eterno começo. A relação com meu ofício é transcendental, aos 3 anos de idade já falava pra minha mãe que estava ensaiando, então, aos 7, ela me colocou no teatro, e desde essa época não parei de estudar. Prefiro ter questionamentos relevantes a respostas corretas, porque entendo a personagem como um organismo vivo, amplo e plural, que também está dentro de mim, revelando partes minhas que antes não eram acessadas. Gosto de pensar na formação contínua, de estar sempre pesquisando, me reciclando como atriz, me autodescobrindo".

Como avalia o momento atual que o cinema brasileiro vive? Sente que as pessoas já venceram os preconceitos que tinham com a nossa sétima arte?

"Acredito que vencer o preconceito é um exercício diário que propomos para quem não trabalha com
cinema. Precisamos sempre seguir na direção de transgredir o sistema que aprisiona e inferioriza nossas histórias para emancipar a cultura brasileira. Falando sobre nosso momento atual, temos estreias brasileiras muito autorais, resistentes e fortes, como Motel Destino, Barba Ensopada de Sangue, Uma Família Feliz. Com um destaque para o fato de que as mulheres lideraram a maioria em direção ao festival de Gramado deste ano, tendo dirigido quatro dos sete filmes que concorreram na competição. Vejo como um momento maior de democracia em seus departamentos, com maior protagonismo feminino, histórias que contemplam maior diversidade e pluralidade". 

Quais os outros projetos que tem pela frente?

"Minha agenda deste ano ainda não está fechada, porque graças às leis de incentivo artístico sendo liberadas, o mercado voltou a esquentar, com isso, tem boas oportunidades e ótimos projetos em andamento. Tenho um projeto bem diferente de tudo o que já fiz, prestes a acontecer na TV aberta, um longa-metragem para rodar e um curta independente. Este ano ainda vou desenvolver a pós-produção do meu curta-metragem autoral Matrioska, já filmado, em que produzi, roteirizei e atuei. Em 2025, espero que vocês também acompanhem o lançamento do ainda inédito O Delator, filme de Arnaldo Jabor, onde também sou a protagonista. E as filmagens de uma história muito transgressora para minha carreira, que também ainda não posso dar nenhum spoiler!".

O que sonha para o futuro na carreira?

"Já tive o privilégio de contar histórias socialmente muito importantes, de personagens como a Laura,
de Outro Lado do Paraíso, a Raquel, de Aruanas 2, e agora a Virgínia, personagens com muitas camadas de complexidade. Me realizo como artista ao contar histórias com propósito, que se propõem a criar pontes com o público e desenvolver ideias, gerar reflexões, mudar ações. Mas meu objetivo agora como atriz é sair do espectro de personagens subordinado a um drama de vítima. Quero continuar contando boas histórias e me desafiando como atriz, ao mesmo tempo mostrando para o público que venho crescendo. E também cada vez mais colocando meus projetos pessoais para frente, como o curta-metragem, a série que venho escrevendo e tantos outros. Me entendo no mundo como uma atriz
inquieta que só está começando a se descobrir e ainda tem muitas versões de si para alcançar e mostrar".