Premiado ator e diretor, Selton Mello conta que não sabe nadar, que cresceu pegando fruta do pé e admite que já viveu na pele uma ligação perigosa. “Mas consegui sobreviver”
Selton Mello, 43 anos, sempre foi um dos atores mais reservados. Raramente é visto em público e, apesar de morar no Rio de Janeiro, nunca (mas nunca mesmo!) vai à praia. Neste caso, porém, a explicação é simples. “Eu não sei nadar (risos). O dia em que vocês me virem fazer um surfista vocês vão falar: ‘Esse cara é um bom ator’”, confessa ele. Mas se tem um assunto que faz Selton logo mudar é o seu trabalho. O jeitão tímido, fechado, dá lugar a um homem verdadeiramente apaixonado pelo que faz, que não economiza palavras. Afinal, como ele mesmo gosta de dizer, relembrando que começou a atuar aos 9 anos na novela Dona Santa, da Bandeirantes: “Sou jovem, mas sou rodado”.
Hoje, Selton acumula experiências como ator, dublador, produtor e diretor. Prêmios não lhe faltam. Em sua prateleira consta, inclusive, um Prêmio
CONTIGO! de Melhor Diretor pelo longa-metragem
O Palhaço, entregue em 2012. E ele garante que, em outra estante, desta vez fictícia, onde organiza mentalmente seus trabalhos, o sedutor Augusto de Valmont, da minissérie
Ligações Perigosas (Globo), está no topo. “É um dos trabalhos de que mais gostei, como o João de
Os Maias (2001) e o Chicó de
Auto da Compadecida (1999). É da mesma estirpe. Foi muito prazeroso. Tenho orgulho num grau muito alto”, afirma sobre o talento de atuar.
PÉS NO CHÃO
Mineiro da cidade de Passos, quem conhece Selton garante que ele é uma pessoa muito simples. “Na minha base mineira eu andava descalço, andava a cavalo, no meio do mato, pegando fruta no pé. Vivi entre a metrópole e a roça, isso foi muito legal para a minha formação pessoal. Essa simplicidade me deu uma base muito boa para minha vida”, explicou ele. Com essa mesma tranquilidade, Selton afirma que envelhecer é, sim, uma coisa boa. “Você fica mais maduro e entendedor de você mesmo e da humanidade. Envelhecer é bom.”
VOLTAR ÀS NOVELAS
Afastado das novelas há 16 anos, Selton admite que se comprometer com um projeto que dura um ano é um empecilho, mas não descarta totalmente a ideia. “Quero continuar fazendo trabalhos que me motivam, para eu entregar para o público algo do coração.” Por enquanto, ele está curtindo o sucesso da minissérie e reflete sobre as ligações perigosas que são realidade. “Já tive, sim. Às vezes, a gente tem e nem sabe que tem. Só descobrimos depois. Mas consegui sobreviver.”