A atriz, que está no ar em O Outro Lado do Paraíso, se emocionou com os aplausos do auditório lotado, do maior evento de cultura pop do mundo
Por Tainá Goulart Publicado em 09/12/2017, às 20h43 - Atualizado em 07/08/2019, às 17h45
Muitos dos participantes da CCXP 2017, a Comic Con Experience, considerada o maior evento de cultura pop da América Latina, nem tinham nascido quando Fernanda Montenegro, foi indicada ao Oscar, na categoria de Melhor Atriz, em 1999, por conta do filme Central do Brasil, dirigido pelo brasileiro Walter Salles. Muitos, aliás, têm pouca noção da grandiosidade do trabalho da atriz, que tem 88 anos de idade e 73 anos de vida pública. Quer dizer, têm sim, pois, ao ser anunciada para ganhar uma homenagem do evento, o auditório Cinemark, com mais de 3 mil lugares, estava todo de pé e aplaudindo. "A grande surpresa é que é uma plateia imensa, de gente muito jovem, e eu fiquei muito tocada pela idade que eu tenho e ter tanta juventude querendo saber o que eu penso de alguma coisa. Eu não sabia que era isso tudo. Estou muito agradecida!", disse ela, muito emocionada, durante uma entrevista exclusiva à CONTIGO!, após o painel.
No palco, comandado pelo jornalista Rodrigo Fonseca, Fernanda contou um pouco sobre sua trajetória na televisão, teatro e cinema, relembrando momentos engraçados de sua história, como quando descobriu quando seria realmente atriz. "Eu sou do subúrbio maravilhoso do Rio de Janeiro. No bairrozinho onde eu vivia, tinha uma igrejinha de São Sebastião. Lá, quando eu tinha seis anos, um primo meu comandava o teatrinho e eu era o soldadinho. Quando eu entrei no palco, levitei. Acho que fui tocada ali", relembrou.
Fernanda Montenegro ovacionada pela plateia da CCXP 2017
Durante a conversa, vários videoclipes sobre cenas marcantes da carreira da atriz, como Hoje É Dia de Maria, O Auto da Compadecida, em que ela foi muito aplaudida e, claro, Central do Brasil, que levou a plateia ao delírio. "A sua existência é um Oscar para o Brasil, um Emmy, seja o que for. Seu nome é uma CCXP. Em nome da cultura brasileira, obrigado por você existir", disse Rodrigo, após o fim de um dos clipes. "É vital fazer arte no país hoje, e vital porque um país sem cultura, sem respeito pela cultura, é um país sem nação", enfatizou Fernanda, que revelou qual é a sua cena favorita de toda a vida. "Quando fomos gravar, em 1983, Guerra dos Sexos, com o Paulo Autran. Foi muito marcante pra mim, do lado daquele gênio do teatro."
Uma das perguntas mais curiosas foi se Fernanda gostava de histórias em quadrinhos. "Claro, tenho formação em história em quadrinhos. Eu li Flash Gordon, O Fantasma, [Dick] Tracy, O Príncipe Submarino, Jeca Tatu. Eu ia ao jornaleiro e pedia: 'Já saiu o suplemento juvenil?', era como a gente chamava na época. Anos 30, faz tempo já. mas, minha maior heroína é a Irmã Dulce. Uma inspiração", citou ela, que é avó de três netos, Joaquim, Antonio e Davi. "Não é um nhenhenhem de vovó, pois a gente faz nossas coisas normalmente. Eu estou trabalhando bastante e eles estudam muito também. Não sou uma vovó moderna, mas sim à moda antiga, sem ser demagógica ou panfletária. Eles, assim como eu, são seres humanos e temos que nos tratar assim", revela. Aos presentes no painel da CCXP, Fernanda deu uma dica de avó. "Procurem ler Nelson Rodrigues. Em qualquer espaço de teatro no Brasil, Nelson está presente", disse.
Como Mercedes, em O Outro Lado do Paraíso
Ao lado de Lima Duarte, Juca de Oliveira, Nathalia Timberg, Laura Cardoso, Zezé Motta e Ana Lucia Torre, Fernanda tem prendido nossas atenções com sua atuação como Mercedes, em O Outro Lado do Paraíso (Globo). "Nós somamos mais ou menos uns 500 anos e estamos inteiros, com papéis ótimos, graças à sensibilidade de um autor como Walcyr Carrasco. Para nós, é um momento muito especial. É vital fazer arte no Brasil de hoje", declarou. Nós, da CONTIGO!, lhe agradecemos por sua contribuição à cultura brasileira!
