Pelo menos é assim que o ator se define. Com 15 anos de carreira, ele é só elogios a Tatá Werneck, sua companheira de cena
Gabriel Godoy pode até ser um rosto novo na TV para a maioria do público. Porém, o ator de 32 anos já é figura mais do que conhecida na cena teatral de São Paulo. “Me chamam de ‘ator revelação’, mas tenho 15 anos de profissão. Parece que você só começa quando entra na Globo, o que é uma loucura. A carreira de ator não está só na televisão”, opina o intérprete do golpista Leozinho em Haja Coração (Globo), em bate-papo com a CONTIGO! no Imperial Hotel, Rio de Janeiro. Em sua segunda novela na emissora – a estreia foi como o divertido Afeganistão em Alto Astral (Globo, 2014) –, ele já sente a responsabilidade de ter de interpretar um personagem central na releitura de Sassaricando, exibida em 1987. “Antes, gravava três cenas. Hoje, dez, 15. Com certeza, vou acabar a novela com uma camada nova de amadurecimento, sinto que falta isso. Quando a tiver, sai da frente!”, assegura.
A sintonia com Tatá Werneck, 32, a patricinha Fedora Abdala, é o resultado do entrosamento entre os atores fora dos estúdios também. “Tivemos um encontro de alma, nos demos bem. Tatá é muito humana, vai além da pessoa jurídica.
Temos os mesmos ideais de vida e espiritualidade. Conversamos, nos ajudamos, temos uma boa parceria. Brinco que a conheço há três meses, com sensação térmica de cinco anos (risos)”, elogia o ator, ressaltando que a relação entre eles é estritamente profissional. “É só ir ao cinema com alguém que vira casal. No amor, a gente tropeça. Estou em um momento legal, me considero um solteiro feliz.”
Apaixonado pela carreira, Gabriel vibra com o desafio de mostrar uma nova versão do casal vivido por Diogo Vilela, 58, e Cristina Pereira, 66, no passado. “Leozinho é completamente louco! Apesar de querer aplicar o golpe, ele tem uma química forte com a Fedora, tanto que fica perdido, porque precisa completar a missão”, avalia o ator, sem se importar com as possíveis críticas em relação a seu trabalho. “Não costumo ler o que escrevem. O melhor termômetro sou eu, se estou feliz. Falo para Tatá: ‘Quanto maior for sua projeção na carreira e seu potencial, maior será a crítica negativa’. Confio nas críticas de meus colegas. Ligo e peço para dizer a real, porque, se for ligar para minha mãe, ela vai dizer que amou.”
Pedindo a bênção
Interpretar um personagem ícone da televisão brasileira é um desafio para qualquer ator. Gabriel assistiu a algumas cenas de Sassaricando, mas enxergou sutis diferença entre ele e Vilela. “Temos um outro tipo de humor. Mandei e-mail para o Diogo, mas não nos falamos pessoalmente, quero pedir a bênção, é importante. Só que agora é o Gabriel e a Tatá, os tempos são outros”, completa. Se Afeganistão falava errado, era malvestido, agora Gabriel está elegante, charmoso, com uma barba estilo “padre Fábio de Melo” – como costuma brincar. “É um galã genérico. Na HBO (onde faz a série O Negócio), sou mais galã do que aqui. As pessoas não me ligam ao Afeganistão, e isso para um ator é muito bom.”
Filho de pai argentino e mãe brasileira, Gabriel sempre aprendeu a levar a vida de forma divertida. Foi na escola de educação alemã que se apaixonou pelo teatro. “Era engraçado e líder”, recorda. Assim que teve contato com o audiovisual, comprou uma câmera e começou a escrever, a editar e a filmar o próprio roteiro. “Perdi a senha do meu primeiro canal no YouTube, queria apagar, porque tem muitas coisas ruins”, confessa, rindo. Quando saiu da escola, já sabia que queria seguir a profissão, no entanto, mesmo assim chegou a fazer um ano e meio de Jornalismo. “Tinha preconceito”, afirma ele, que logo largou o trabalho em um escritório de marketing para encarar o teatro amador. “O primeiro dinheiro que ganhei foi com teatro infantil. Fiz muita coisa em São Paulo, nunca me faltou trabalho.”
Quase um ator pornô
Com experiência no teatro, no cinema e na TV, Gabriel também está na terceira temporada de O Negócio, na pele do malandro Oscar. No início da série, que mostra a vida de prostitutas de luxo, chegou a ter pudor nas cenas de sexo. “Fui me acostumando. Depois já me considerava um ator pornô (risos). Fazer cena de sexo é delicado. Minha técnica é falar besteiras para quebrar o gelo”, explica o ator, que, para o personagem, cultivou hábitos mais saudáveis. “Mas é muito bom tomar um refrigerante e comer uma coxinha de galinha. Senão a vida vira uma paranoia. Pão francês é uma das maiores poesias já criadas!” Ele adora atividades ao ar livre, como correr na praia e usar a academia do local. “Sou magrelo, não tenho perfil de engordar.”
Louco por futebol, Gabriel sonha em levar o seu Canal dos Fominhas, do YouTube, para a TV. “É a minha terapia”, reconhece. Para manter o equilíbrio, recorre também à terapia tradicional e adora passar momentos contemplando o mar. “É algo que me acalma. Faço minhas orações, converso comigo – estou sempre com um diálogo interno para ficar bem. O movimento é de dentro para fora. É óbvio que sofro, choro, tenho ansiedade, angústia. Mas penso: ‘Quem não sente?’”