Em cartaz com o musical Rocky Horror Show, o ator ralou muito para aguentar o ritmo do elenco mais jovem. CONTIGO! acompanhou os bastidores... Confira!
"Nossa, eu estou trabalhando com Marcelo Médici! Era um sonho, sou muito fã do talento dele...”. Esta é a frase que praticamente todo o elenco do musical Rocky Horror Show, em cartaz no Teatro Porto Seguro, em São Paulo, até dia 26 de março, fala ao ser perguntado sobre o ator. Enquanto incorpora o cientista alienígena Frank-N-Furter, o protagonista da peça, com três tipos de bases e corretivos, duas cores de sombras, esmalte roxo escuro nas unhas e muito, mas muito brilho, Marcelo não se surpreende com a colocação dos colegas. “Antes, era eu que falava ‘Puxa, estou contracenando com o Chico Díaz’, e, agora, sou o exemplo pra eles. Passa tudo muito rápido e isso é engraçado. Quando o pessoal nasceu, eu já estava fazendo teatro, ralando, então, é como se fosse uma recompensa poder trocar conhecimento com essa galera. Se surpreender com eles é fácil, chegam superpreparados e nós, os veteranos, precisamos apertar o passo para acompanhar (risos)!”, revela ele, que, além de toda a maquiagem, ainda usa um salto de 12 centímetros, duas meias e uma sunga. “Era um sonho fazer o Frank, eu quase comprei os direitos da peça para produzir sozinho. O lance do salto é questão de costume, sou experiente em papéis femininos. O problema são as meias e a sunga, que comprimem tudo lá embaixo, e o esmalte e o batom, que parecem um peso de 150 quilos em cada dedo ou lábio.”
O elenco em uma das cenas loucas do musical
Tudo é over, é mais, é brilho!
O espetáculo, cuja assinatura é da dupla Charles Möeller e Claudio Botelho, é baseada na obra do britânico Richard O’Brien, de 1973, uma homenagem satírica aos filmes de terror B, das décadas de 1940 e 1970, e já foi montado duas vezes no Brasil, sendo a última em 1994, com a direção de Jorge Fernando. A história começa com um casal de noivos caretas pedem ajuda em um castelo, numa noite chuvosa. Lá, eles encontram Frank e uma série de figuras excêntricas, que vão mudar seus conceitos de sexualidade. E, claro, nos dois cenários atuais, feitos em dois meses, há sangue, paetês e caracterizações bizarras. “Eu achei que eu era chamativa, mas a Magenta é muito mais. São quase 40 minutos para me maquiar, três perucas para trocar e muita grosseria pra falar. Eu me joguei nessa produção, sempre fui fã da história e achava que a Magenta, ajudante do Frank, a minha cara. Pedi para os diretores e deu certo. Estou amando trabalhar com esses atores jovens e talentosíssimos, sem contar o Marcelo, que é um gênio da interpretação”, diz Gottsha. Para Felipe de Carolis, intérprete de Brad Majors, o noivo, o desafio não é a caracterização, mas sim desenvolver o papel sem ver o filme. “Sou o único que nunca viu nada relacionado ao Rocky Horror Show e foi uma escolha minha. Não queria nenhuma referência externa que me influenciasse, porém, pretendo ver esse clássico assim que acabar. O Marcelo me guiou nessa construção, estou ainda mais encantado com o talento dele. Assisti oito vezes à peça dele, Cada Um com Seus Pobrema, ou seja, sou fã mesmo!”
Desafio maior
Foram menos de dois meses de ensaios, com as versões brasileiras chegando a cada nova semana. Para Marcelo, a rotina antes da estreia foi estressante, uma vez que ele também estava gravando as cenas finais de Haja Coração (Globo). “Foi um desafio não só pelo papel, mas um teste emocional pra mim. Em toda a minha carreira, foi a primeira vez que precisei respirar fundo várias vezes para não dar vazão à insegurança. O pouco tempo de ensaio e a excelência do elenco jovem, que sabia tudo quase sem ensaiar, me deixou mal. Se não fosse pelo meu controle, eu teria desistido de fazer. Eu me sentia aquele aluno repetente, que chegou na turma de gênios. Me incomodava pra caramba e eu não podia dividir isso com ninguém. No final, está dando tudo certo!”, comemora Marcelo.