Parece fácil, mas não é! O ator leva uma hora e meia para se transformar em mulher na novela A Regra do Jogo
Peruca, salto alto, maquiagem, batom, unhas e cílios postiços... Itens de um guarda-roupa extremamente feminino que agora fazem parte da rotina de Otávio Müller, 50 anos. Em A Regra do Jogo, seu personagem, Breno, virou um crossdresser e deu a volta por cima na autoconfiança após ficar desempregado. Valkíria – nome criado para esta sua nova fase – surpreendeu a família na trama, mas se transformou na diversão do ator, que já viveu uma mulher no teatro no monólogo A Vida Sexual da Mulher Feia, em cartaz desde 2013. “Novela tem isso de ser uma obra aberta e as coisas mais loucas podem acontecer. A virada foi muito bem-vinda. O primeiro dia em que foi ao ar, eu encontrei o Jorge Fernando (diretor) nos bastidores, e ele falou coisas muito legais sobre a personagem. Como é bom encarar de frente as novidades e as experiências”, conta ele, que demora cerca de uma hora e meia para ficar pronto na caracterização. “Agora sou roteirizado no horário das atrizes (risos).”
O ator confessa um certo estranhamento em todo o processo de caracterização. Para ele, por exemplo, antes, a maquiagem era apenas para tirar olheiras, e só! “Agora é uma loucura. Estranho toda a montagem e a desmontagem.” Usar salto alto, então... “Gosto de andar superconfortável, com roupa usada. Imagine agora! É toda uma alegoria. Coisa muito maluca!”
No início da trama, Breno era um gerente de banco, que, apesar de ser trabalhador e esforçado, acaba perdendo o emprego. Após várias tentativas fracassadas de se restabelecer no mercado, fica sem rumo e deprimido. “Quando ele vira crossdresser, volta a ser o Breno feliz lá do começo. Não sei se ele vai continuar assim, mas isso o ajudou a se recolocar em tudo. Às vezes, essas balançadas da vida recolocam as pessoas mesmo”, comenta Müller. Mas o que será que Müller achou de Valkíria? “Estou tentando fazer, sim, uma mulher atraente, bonita e da maneira mais respeitosa possível. Tento fazer muito simples e verdadeira. A roupa já diz muita coisa, já é muito.”