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Exclusivas / VIDA REAL

Rodrigo Lombard compara ‘Travessia’ com vida real e expõe fobia da internet: “Me repensar”

Em entrevista para a CONTIGO! Novelas, Rodrigo Lombard compara a novela ‘Travessia’ com a realidade do dia a dia e revela dificuldades com a web

CONTIGO! Novelas Publicado em 04/03/2023, às 23h55

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Rodrigo Lombard comenta sobre 'Travessia' - Globo/Fabio Rocha e Reprodução/ TV Globo
Rodrigo Lombard comenta sobre 'Travessia' - Globo/Fabio Rocha e Reprodução/ TV Globo

No ar em Travessia, Rodrigo Lombardi reflete sobre os avanços da tecnologia e das redes sociais e revela como lida com o universo digital.

Travessia fala de tecnologia, redes sociais, fake news, assuntos atuais do nosso cotidiano. Como você lida com esse universo?

“Fake news não são uma coisa nova que aconteceu agora, sempre existiram, elas só se digitalizaram, né? E ao se digitalizar, elas se espalham com muito mais velocidade. Mas, assim como as fake news se espalham com mais velocidade, as news também se espalham com mais velocidade. Então, cabe a nós estarmos antenados o tempo todo, a velocidade nos transmite um dever de ficar atento o tempo todo. Isso pode trazer uma angústia pra gente, de achar que a gente não sabe nada, de achar que está fazendo alguma coisa, de, em algum momento, pegar uma fake news, achar que era verdade e levar aquilo às últimas consequências e, no final, descobrir que estava errado. Isso pode gerar depressão, pode gerar ansiedade, isso pode gerar uma série de coisas que a gente retrata na novela.“

Você já disse que tem fobia de internet, mas, durante a pandemia de covid-19, ficou ativo nas redes, fez lives, vídeos divertidos. Por que mudou?

“Isso foi por conta do meu irmão, que tem uma agência de influencers e passou dez dias na minha casa. Ele falou: ‘Você vai fazer isso, vai fazer aquilo’ e eu fiz e adorei! Eu fiz lives, entrevistas. Eu achei que ninguém ia querer falar comigo, de repente pessoas incríveis estavam falando comigo. Foi um processo de autoconhecimento muito grande. Eu aprendi a cozinhar, aprendi a costurar. Eu tive um olhar para o meu filho, que não sabia que estava sofrendo com isso, mas estava sendo transformado pela pandemia, por estar enclausurado, um adolescente com os hormônios e ele fechado dentro de casa. Então, a gente passou por um tempo esquisito, mas saímos mais fortes. E acho muito interessante fazer essa novela nesse momento, justamente depois de um período como esse, em que a a gente ficou enclausurado na nossa caverna e quando a pandemia acabou a gente estava com o 5G.”

Lida bem com os avanços tecnológicos, com todas essas mudanças?

“A gente tem que se adaptar. Tudo é muito rápido, as pessoas são rápidas, a nova geração nasceu falando o idioma de tecnologia. A gente que vive essa transição vai penar muito, porque a tecnologia se renova a cada mês, as tecnologias se melhoram, as pessoas, as empresas tão sendo cada vez mais rápidas e mais poderosas, conseguindo efeitos cada vez maiores. Quando olho meu filho, ele está tranquilo, atualizado, isso é natural pra ele. Pra mim é sempre um ‘filho, vem cá, eu quero mandar um e-mail. Anexa pra mim porque eu não sei.’ E não sei mesmo! (risos) Então, essa novela está servindo pra mim também, para que consiga me repensar, me atualizar. Às vezes, a gente acha que com a idade chegando a gente vai se cansando e, na verdade, consigo ver que a idade pode chegar e posso me empolgar, refletir, melhorar, me emocionar e ter um plus de vida, como um adolescente que descobre a vida adulta, estuda, tem planos, sonhos... A gente também pode, né?”

Sua última novela foi A Força do Querer, em 2017! Estava com saudade do gênero, de ter essa rotina mais intensa de gravação?

“Não sei se saudade é a palavra certa, porque, de uma forma ou de outra, não parei de atuar. É o que eu amo fazer. Mas de contar uma história em duzentos capítulos acho que estava com saudade, sim, porque a gente sabe que quando a gente faz um filme é um mês de filmagem, quando a gente faz uma série são, sei lá, doze semanas e quando a gente faz uma novela é um ano que a gente forma essa família. E que, de repente, numa sexta-feira, quando acaba o último capítulo, a gente não sabe o que fazer no sábado. A gente chega em casa, abre a geladeira e fala: ‘Nossa, mas já sei tudo que tem aqui dentro, já é a quinta vez que abro essa geladeira em dez minutos, não sei o que fazer da minha vida até vir outro trabalho’ (risos).”

Se você fica assim quando acaba uma novela, como ficou durante a pandemia?

“É o que falei, tive que aprender a cozinhar, aprender a desenhar, eu quase consegui aprender a cortar cabelo, quase consegui aprender a costurar uma roupa, modelar, né? Mas isso eu vou aprender ainda, que é uma paixão da minha vida. Fiz curso de dança, fiz curso de idioma, fiz curso de ator, entrei num grupo de atores por videoconferência... Eu consegui me manter produtivo. Mas também aprendi que o ócio pode ser criativo, aprendi que você pode ter uma pausa na sua vida, desacelerar e isso vai dar mais gás para você entrar nessa onda, nesse turbilhão depois. Porque chega uma hora que você se perde, é tão tudo ao mesmo tempo, agora, que chega uma hora que você não sabe mais quem é, não sabe mais do que você gosta, não sabe mais quem são os seus amigos, não sabe mais nada. Então, de vez em quando, eu acho que a partir de agora cada vez mais a gente vai precisar fazer pausas, porque o estresse é a doença do século, o burnout em jovens é crescente. E a gente começa a perceber que isso não vai acabar, então precisamos achar maneiras de conviver com isso.”

Diferentemente de muitos dos seus personagens, o Moretti, de Travessia, foge do herói, do mocinho. Ele é um cara muito complexo, não é?

“Essa novela inteira foge do herói, do vilão, do enamorado. Travessia é um retrato fiel da vida real. Começamos a novela vendo Moretti com traços de vilania, mas ele é vilão? Não. Aquele garoto que a gente se apaixona no começo, aquele é o enamorado, o mocinho? Não. Todo mundo é tudo. Vai ter um momento em que você vai precisar quebrar suas regras, vai sair de encontro com a sua ética, com a sua moral, com seus valores, com seus costumes, você vai usar aquela máxima que os fins justificam os meios. Você vai quebrar o seu discurso e vai cair na dúvida das pessoas. Por quê? Porque todo mundo é assim. Todos nós já fomos mal interpretados por alguém, já erramos com alguém, já machucamos alguém, já fomos machucados por tanta gente. Então, a novela é um retrato fiel disso. Talvez a novela tenha um resultado mais fiel exatamente pela falta de pretensão de ser divina, heroica. É o maior retrato fiel da sociedade hoje. E acredito que a gente vai conseguir se espelhar e, ao nos espelharmos nessa novela, vamos conseguir se reconhecer, refletir e nos melhorar.”