Doenças de Lucas Lucco viram assunto entre especialistas da saúde mental; saiba quais são os transtornos do cantor
Quem acompanha o cantor Lucas Lucco nas redes sociais já notou que ele vem compartilhando desabafos pesados sobre sua saúde mental. Em entrevista à revista GQ, o artista contou que sofre de Transtorno de Bipolaridade e TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade). “Cada dia você acorda de um jeito. Um dia mal, outro legal. E você tem que acordar, trabalhar, não tem chororô", desabafou ele. Agora, especialistas nos ajudam a entender a trajetória que o famoso vem enfrentando nos últimos anos.
Segundo a psicóloga Letícia de Oliveira, o "transtorno bipolar é um distúrbio de saúde mental caracterizado por oscilações extremas de humor, energia e comportamento". Essa oscilação pode se manifestar em dois extremos: a fase de mania e a fase de depressão. Nesta primeira, o paciente fica hiperativo, eufórico e impulsivo. Já na segunda, ele pode apresentar tristeza profunda, cansaço e desesperança.
"Embora essas fases sejam as mais conhecidas, o transtorno não se resume a elas. Há também períodos de estabilidade, mas a imprevisibilidade dos ciclos pode tornar a vida da pessoa um constante desafio", explicou a profissional.
E, como todo transtorno relacionado a saúde mental, a bipolaridade causa prejuízos graves à vida do paciente: "As relações pessoais, a carreira e até mesmo atividades cotidianas podem se tornar difíceis de gerenciar. A falta de compreensão sobre a doença, tanto por parte da sociedade quanto do próprio paciente, frequentemente agrava a situação. Muitos passam anos sofrendo com os sintomas antes de receberem um diagnóstico, confundindo as alterações de humor com traços de personalidade ou simples reações às dificuldades da vida".
Além da bipolaridade, Lucco sofre com o transtorno que, segundo a Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA), atinge cerca de 6 milhões de brasileiros. O Ministério da Saúde ainda aponta que o diagnóstico afeta de 5% a 8% da população mundial. Geralmente, os sinais do TDAH começam a ser dados na infância, mas é comum que muitas pessoas descubram a doença após a vida adulta devido a falta de atenção e informação.
O TDAH se caracteriza pelo déficit na capacidade de autorregulação e autocontrole, o que leva a pessoa a agir de forma mais impulsiva ou levar mais tempo para entender algumas situações O psicólogo Damião Silva nos ajudou a entender melhor o quadro: "A hiperatividade se manifesta como inquietação constante, dificuldade em permanecer sentado, correr ou escalar em situações inadequadas e falar excessivamente. A impulsividade, por sua vez, é caracterizada pela dificuldade em esperar a vez, interromper ou se intrometer nas conversas ou jogos dos outros e responder precipitadamente antes que a pergunta seja concluída".
“Desmistificar o TDAH em crianças é fundamental para garantir que elas recebam o apoio e tratamento adequados desde cedo. Os principais sinais do TDAH incluem desatenção, hiperatividade e impulsividade. Crianças com TDAH frequentemente têm dificuldade em prestar atenção a detalhes, cometem erros por descuido, têm dificuldade em manter a atenção em tarefas ou jogos, parecem não ouvir quando faladas diretamente, não seguem instruções e falham em finalizar tarefas", seguiu.
Como dito anteriormente, é aconselhável que o diagnóstico venha na infância para que a pessoa inicie o tratamento o quanto antes e leve uma vida mais equilibrada. “Para identificar o problema, é necessária uma avaliação completa realizada por profissionais de saúde mental, incluindo psicólogos, psiquiatras e pediatras. Esse processo envolve a coleta de um histórico clínico detalhado sobre o comportamento da criança em diferentes ambientes, observação direta por profissionais, aplicação de questionários aos pais, professores e à própria criança, além de entrevistas clínicas", disse.
Portanto, com o diagnóstico, a família saberá o que fazer com a criança: “Uma vez identificado o TDAH, ajudar a criança envolve várias abordagens. A intervenção psicológica, como a terapia cognitivo-comportamental, é essencial para desenvolver habilidades de organização, controle de impulsos e regulação emocional. Na escola, métodos de ensino e ambientes devem ser adaptados para melhor atender às necessidades da criança. Em alguns casos, o uso de medicamentos estimulantes pode ser recomendado para ajudar a controlar os sintoma".
Como o próprio Lucas Lucco disse, ter a ajuda profissional adequada é o que mais faz diferença neste processo. “O papel da terapia é fundamental”, destaca Letícia. “Ela ajuda o paciente a identificar gatilhos, desenvolver estratégias de enfrentamento e construir um estilo de vida mais equilibrado. Não é apenas sobre tratar a doença, mas sobre devolver à pessoa a autonomia sobre sua vida.”
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