Documentário mostra a vida de Maurício Kubrusly após doença; médico explica como afeta seu cérebro
Publicado em 04/12/2024, às 15h38
Maurício Kubrusly, um dos repórteres mais conhecidos do Brasil, tem sua vida retratada em novo documentário da Globoplay. A produção, “Kubrusly: mistério sempre há de pintar por aí”, que estreia nesta quarta-feira (04), conta a jornada singular do jornalista de 79 anos, que atualmente luta contra uma doença incurável.
A demência frontotemporal (DFT), é uma doença neurodegenerativa que atinge os lobos frontais do cérebro, e os sintomas variam de paciente para paciente. Sem cura, pode causar diversos danos à saúde da pessoa afetada - incluindo prejuízos no comportamento e personalidade, perda de memória, dificuldades na fala e problemas motores.
No documentário produzido pela Globoplay, o neurologista Mateus Trindade desvenda os enigmas do cérebro de Maurício. Através de exames de imagem, o médico revela: "A área mais escura do cérebro é onde estão os neurônios e a área branca é onde tem o líquor. No caso do Kubrusly, ele está dilatando para compensar a perda neuronal. Um cérebro normal tem muito mais áreas cinzas do que brancas. Então, quanto maior a atrofia, mais branquinho fica e menos cérebro ele vai tendo. A gente vê que o lado esquerdo do Kubrusly está mais fininho. O lado direito está atrofiado também, mas um pouco melhor do que o lado esquerdo", explica.
A comparação entre os cérebros de Maurício e de outros pacientes com DFT revela um aspecto intrigante: a ausência de agressividade. "Tem muito paciente com DFT que tem um comportamento agressivo, explosivo. Isso não é um traço importante na apresentação do Kubrusly. A doença não é igual para todo mundo e depende da área do cérebro que é acometida. O lado esquerdo tem a ver com a linguagem, o lado direito com a tensão ao ambiente. Como o direito é menos comprometido, isso tem a ver com a ausência da agressividade, e também deve estar relacionado ao interesse dele pela musicalidade", explica o neurologista.
A música se tornou um refúgio para Maurício, que, apesar das dificuldades com a fala e a memória, encontra na melodia uma fonte de alegria e reconhecimento. "Com música, é imediato. É a praia dele. Ele reconhece, diz 'isso é bom'. A gente tem tentado povoar o cotidiano dele assim", revela Beatriz Goulart, esposa do jornalista.
A história de Maurício Kubrusly nos convida a refletir sobre a complexidade da mente humana e a importância de olharmos para cada indivíduo com suas particularidades. A DFT, apesar de desafiadora, não apaga a essência de uma pessoa. E a música, nesse caso, se mostra um poderoso aliado na jornada de Maurício, proporcionando momentos de alegria e conexão.
Leia mais: Esposa revela que Mauricio Kubrusly cogitou eutanásia após diagnóstico