A morte do boxeador Maguila levanta preocupações sobre uma doença que afeta atletas; confira como a prevenção pode fazer a diferença
A morte do ex-boxeador José Adilson Rodrigues dos Santos, o Maguila, surpreendeu o Brasil na última semana. Entretanto, seu falecimento acende uma discussão necessária sobre uma condição silenciosa e devastadora: a encefalopatia traumática crônica (ETC), uma doença neurodegenerativa que afeta especialmente atletas submetidos a golpes repetitivos na cabeça.
Com 66 anos, Maguila morreu na última quinta-feira (24/10), vítima de complicações relacionadas à ETC, conhecida popularmente como demência pugilística.
Considerado um dos maiores nomes do boxe brasileiro, sua trajetória ficou marcada por conquistas e, ao longo do tempo, pelos sinais tristes da doença. Mas por que a encefalopatia traumática crônica é tão perigosa?
A condição surge a partir de traumas frequentes no crânio, afetando o funcionamento cerebral de forma lenta e progressiva. Esportistas que praticam atividades como MMA, futebol americano e boxe são os mais propensos a desenvolver essa doença.
Microtraumas constantes podem causar hemorragias internas e dificultar a respiração das células nervosas (hipóxia), levando ao comprometimento irreversível dos neurônios.
Segundo a neurologista Dra. Márcia Rodrigues, do CEJAM, a ETC e o Alzheimer são frequentemente confundidos devido à semelhança dos sintomas, como perda de memória e alterações de comportamento.
"Enquanto o Alzheimer tem forte influência genética e causas desconhecidas, a encefalopatia traumática crônica é consequência direta dos golpes repetitivos no encéfalo", explica.
Além disso, a ETC pode manifestar sinais similares aos do Parkinson, incluindo problemas motores e alterações cerebelares, agravando o quadro clínico dos pacientes.
Com o tempo, sintomas como agressividade, desorientação e dificuldade em realizar tarefas básicas se tornam evidentes, impactando profundamente a rotina e as relações familiares.
O diagnóstico de ETC é feito a partir do histórico do paciente e exames neurológicos detalhados. Exames complementares, como tomografia e ressonância magnética, são essenciais para avaliar danos cerebrais.
O tratamento é focado em amenizar sintomas e pode envolver neurologistas e psiquiatras, além de terapias de suporte, como fisioterapia e terapia ocupacional.
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A neurologista destaca que, embora não haja cura para a doença, é possível minimizar os riscos por meio da prevenção.
"O uso de equipamentos de proteção é essencial para esportes de contato. Além disso, evitar situações de risco e manter hábitos saudáveis pode ajudar a preservar a saúde do cérebro", aconselha Dra. Márcia.
Evitar o consumo excessivo de álcool, cigarro e manter uma rotina ativa também são recomendações fundamentais. "Controlar doenças crônicas como diabetes e hipertensão, além de aliviar o estresse cotidiano, é essencial para prevenir danos neurológicos", complementa a especialista.
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