História de João Emanuel Carneiro chega ao capítulo 100 com reviravoltas que a jogam para as mesmas tramas de seus episódios iniciais
Hoje, Segundo Sol chega ao capítulo 100. É o período em que as novelas fazem suas grandes viradas, preparam as reviravoltas, revelam segredos e criam novos mistérios. Tudo para manter o público fiel aos 50, 70 episódios finais. Com a trama de João Emanuel Carneiro não será diferente. Logo mais, Remy (Vladimir Brichta) exige de Luzia (Giovanna Antonelli) dinheiro para contar onde está seu bebê roubado por Karola (Deborah Secco). Em vez da mocinha se abrir com Beto (Emilio Dantas), ela resolve fazer tudo sozinha, passa a enganar o amado, ainda é iludida pelo picareta de que a criança era uma menina e, para piorar, Valentim (Danilo Mesquita) a vê apontando uma arma para a mãe. Já no final do capítulo do sábado 08, Beto a flagrará dormindo ao lado do corpo de Remy, depois que ela realmente deu uma facada de leve no cunhado. E o que Luzia faz? Foge de um crime que, mais uma vez, não cometeu premeditadamente. A grande virada de Segundo Sol é fazer sua protagonista virar foragida da polícia e precisar provar que não é uma assassina. Já vimos esse “filme” antes e nessa mesma novela.
Talvez no decorrer dos capítulos dê até para aceitar melhor esse rumo da história, mas fica difícil torcer por uma heroína que não confia no homem que já deu todas as provas possíveis e imagináveis de que a ama e está do seu lado para o que der e vier. Na boa! Beto já devia ter botado Luzia para correr há muito tempo. Haja amor, papai! João Emanuel Carneiro é um hábil criador. Seus enredos estão sempre dentro das estruturas de um folhetim clássico, mas ele consegue ser original. Não dá para dizer que Segundo Sol seja uma novela chata. Todo santo dia, em praticamente todos os núcleos, acontece algo. Barriga a novela não tem, mas fica uma impressão forte de que sua história está sempre andando em círculos. Não é só no caso de Luzia. Rosa (Letícia Colin) é outra que não sabe o que quer. É corroída pela culpa de enganar Valentim por dinheiro, mas está sempre ruminando a mesma ladainha de que não presta. Mas fazer algo efetivamente para mudar e voltar a ser aquela personagem combativa do início da novela, ela nada faz. E ainda fica nesse chove e não molha com Ícaro (Chay Suede) e Valentim.
Manuela (Luísa Arraes) é outra que sofre de bipolaridade. Já perdi a conta de quantas vezes ela já verbalizou sua gratidão por tudo o que a família adotiva fez por ela, mas, quando está atacada, só sabe dizer que não suporta a convivência com “aquela gente”. O vô Severo (Odilon Wagner) mesmo ela já defendeu dos ataques de Rochelle (Giovanna Lancellotti) e, esta semana, chamou o coroa de “escravocrata, machista, mentiroso, calhorda!”. Dessa vez, Manu confiará na inocência da mãe e será a vez de Ícaro dar o seu showzinho. O rapaz vai achar que a mãe o enganou e que é mesmo uma bandida. Resultado: voltará a beber, ficará jogado nas sarjetas da vida e retornará para os braços e o lar de Laureta (Adriana Esteves). Como no início da novela...
E não fica só nisso. Roberval (Fabricio Boliveira) vai mostra que não é tão malvado como tentar parecer. Oi? É isso mesmo! Vai fazer de tudo para (re) reconquistar Cacau (Fabiula Nascimento) e chegará a ajudar Luzia em sua “nova” vida de foragida. Gente, por favor! Não subestimem nossa inteligência. Eu acredito no amor, mas esse sentimento não tem como ser aplicado a uma relação absolutamente doentia como a de Roberval e Cacau. Nesse andar em círculos que toma conta de núcleos, Agenor (Roberto Bomfim) voltará a tentar sabotar a comida de Nice (Kelzy Ecard) e Dodô (José de Abreu) vai descobrir que o pai de Remy é o rival Nestor (Francisco Cuoco). Ou seja: Naná (Arlete Salles) não é nada diferente do marido traidor. Ah, sim! Edgar (Caco Ciocler) e Karen (Maria Luísa Mendonça) ficarão juntos de novo... E paro por aqui antes que a gente descubra que Beto Falcão vai sumir no mar e será dando como morto. Mas isso já é maluquice da minha cabeça. Ou não? Como diria a dona Milu (Miriam Pires), de Tieta (1989)... “Mistéééério!”.