Trama das sete da Globo estreou primeiro que novela das nove e autor do horário nobre acusou colega de copiar enredo dramático que conquistou o público
Publicado em 21/03/2025, às 07h00
No dia 21 de março de 2011, há 14 anos, a Globo estreava Morde e Assopra como sua nova novela das sete. Escrita por Walcyr Carrasco, a trama enfrentou dificuldades para engrenar, mas conquistou o público com enredo focado em história de filho com vergonha da mãe. Esse núcleo, entretanto, rendeu uma confusão envolvendo Carrasco e seu colega de emissora, Aguinaldo Silva: o autor das sete foi acusado de plágio pelo novelista do horário nobre.
Como relembra o jornalista Nilson Xavier, do Teledramaturgia, Morde e Assopra enfrentou diversos desafios em seu início. A novela, que segundo o Teledramaturgia chegou a ter o título provisório de Dinossauros e Robôs, não teve a recepção esperada. Os elementos futuristas e a presença dos animais pré-históricos não agradaram ao público, levando a Globo a reavaliar o conteúdo.
Xavier destaca que os desentendimentos entre Walcyr Carrasco e o diretor de núcleo Rogério Gomes também ganharam destaque na mídia, com o autor assumindo uma posição mais ativa no processo de edição da novela. Para manter a audiência, Morde e Assopra apostou no drama familiar, que acabou se tornando um dos pontos altos da trama — e rendeu uma nova discussão.
Aguinaldo Silva, autor de Fina Estampa, acusou Carrasco de copiar um dos principais conflitos de sua novela: a história de um filho de origem humilde que rejeita a própria mãe por vergonha de sua classe social. Em Fina Estampa, essa dinâmica se desenvolveu entre os personagens de Caio Castro e Lília Cabral, enquanto em Morde e Assopra foi retratada por Klebber Toledo e Cássia Kiss.
O problema surgiu, de acordo com Xavier, porque Morde e Assopra estreou antes de Fina Estampa, fazendo parecer que a trama de Aguinaldo Silva é que havia se inspirado na novela de Walcyr Carrasco. O novelista do horário nobre não gostou e foi a público acusar o colega de copiar sua ideia.
Walcyr Carrasco negou as acusações, afirmando que os dois haviam conversado sobre a semelhança das tramas antes da estreia e combinado ajustes para evitar coincidências. No entanto, segundo Carrasco, Aguinaldo seguiu com as acusações, forçando o autor de Morde e Assopra a levar a questão à direção da Globo para que o impasse fosse resolvido internamente.
Com a polêmica em torno da história e a necessidade de recuperar a audiência, Walcyr Carrasco fez mudanças na novela. A trama da humilde vendedora de cocadas Dulce (Cássia Kiss), rejeitada pelo filho Guilherme (Klebber Toledo), ganhou espaço e se tornou o principal drama da novela.
O talento de Cássia Kiss foi essencial para elevar a história a um novo patamar, garantindo emoção e autenticidade ao conflito. O público se identificou com a relação conturbada de Dulce e Guilherme, ajudando Morde e Assopra a finalmente conquistar bons índices de audiência.
Outros destaques da novela foram os personagens cômicos, como Áureo (André Gonçalves), um gay afetado que protagonizava momentos hilários, e Cleonice(Vera Mancini), que sai da pobreza após um golpe de sorte.
A polêmica entre os autores foi deixada de lado com o tempo, e Aguinaldo Silva chegou a minimizar a situação anos depois, dizendo que tudo não passou de uma estratégia de marketing. Morde e Assopra terminou com um saldo positivo, consagrando a trama de Dulce e Guilherme como um dos grandes momentos da novela e provando que, no final, o que realmente importa é a resposta do público.
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