Em entrevista à Contigo! Novelas, Caio Giovani celebra personagem na novela da Globo e confessa sobre mudanças em sua trajetória artística
Comemorando seu primeiro papel nas novelas como o Wilson, de Família É Tudo, da Globo, Caio Giovani destaca o poder da representatividade e relembra percalços enfrentados para conquistar uma boa autoestima.
Como está sendo a experiência de ter seu primeiro personagem fixo em uma novela?
Estou muito feliz, pois lutei muito. Desde 2014 estou vivendo da arte, e conseguir estar em uma novela é muito gratificante. Eu sei que é meu primeiro papel no audiovisual, mas parece que você nadou e chegou a uma praia. Agora eu quero desfrutar dessa praia, saber o que ela pode me proporcionar.
Como sente que sua vida se transformou desde que a trama entrou no ar?
Eu sempre fui uma pessoa muito midiática. Nas redes sociais, eu já interagia bastante, hoje até um pouco menos. Eu vejo que minha vida mudou mais pelo prestígio. Eu sinto muito o carinho do público e me sinto prestigiado, enaltecido, respeitado.
Como é a relação com o restante do elenco?
O elenco é muito bom, é um elenco que quer ver o melhor da novela, que se dedica a isso. Eles me abraçaram de uma forma muito legal, eu falo com todos, tenho relação com todos. Sou uma pessoa muito solar, de sempre estar sorrindo, e quero que todos que estão em volta sintam essa energia.
Você fala sobre a dificuldade que já enfrentou para se enxergar como um homem bonito. Como isso te afetou na infância e na adolescência?
Minha adolescência foi muito complicada a nível de beleza. Era uma sociedade que ainda não enxergava o preto como belo, então foi muito difícil me mostrar uma pessoa bonita, além dos meus traços negroides. Hoje eu tenho esse entendimento de que sou uma pessoa bonita e que o que me faz assim é justamente meu tom de pele, meu traço negroide, meu nariz, minha boca grossa, meu cabelo crespo...Graças a Deus, eu vim com outros predicados que me ajudaram a me destacar como me comunicar, fazer as pessoas rirem, cantar, dançar, tocar, acho que isso foi agregando, mas foi uma avaliação muito pesada para eu entender que eu era bonito e que a sociedade que me enxergava errado.
Como lida com a autoestima atualmente?
A minha autoestima é muito elevada. Isso foi um tratamento mental, social, de entender que eu sou bonito, que meus traços são bonitos, que existe beleza no corpo preto. Foi tanto tempo me enaltecendo, me colocando nesse lugar de belo, que eu acho que a minha autoestima é inabalável! Porém ainda entendo e passo por algumas situações que não são interessantes, mas acho que agora eu tenho energia e intelecto para entender que isso não me afeta mais.
Você se considera alguém vaidoso? Quais são os cuidados que tem com a aparência?
Sim, sou muito vaidoso. Meus cuidados são principalmente com a pele. Minha namorada começou a me colocar nessa rotina de cuidados. Voltei a cuidar das minhas unhas e do meu corte de cabelo. Todo homem preto precisa estar na régua! É o primeiro passo do homem preto, corto o cabelo semanalmente. Também acho que me expresso muito pelas minhas roupas, elas dizem muito quem eu sou, me ajudam a ser mais vaidoso e me colocar nesse lugar de externalizar essa minha beleza.
Como reage ao assédio que recebe do público nas redes sociais e ao vivo?
Não estou solteiro. Namoro com a Julia Santana, uma amiga e companheira que me dá todo o apoio e amor, isso é muito importante nessa minha caminhada. Acho que a trajetória do artista, às vezes, fica muito solitária, temos muita gente perto, mas poucas pessoas com quem podemos contar de verdade. Eu não sei se sou muito assediado. Existe um lugar para mim de respeito e acredito que tudo tem um limite. Acho que as pessoas me colocam nesse lugar de respeito.
Como percebe esse movimento de maior representatividade e mais protagonismo para atores negros na TV?
Eu acho de suma importância que a mídia comece a enxergar o povo preto, a pele preta, como algo belo e capaz de ser outras coisas. Passamos por eras de dificuldade, de não expressividade, de pessoas se apropriando da nossa arte. Não tínhamos representatividade, eram poucas pessoas que estavam lá e serviam de espelho. Acho que essa renovação de mente das emissoras, pelo menos como enxergo na Globo e espero que as outras também vejam assim, é de muita importância, pois o povo preto é a maioria da população. Acho que é o momento de renovar apresentadores, programas de TV, pois o tempo mudou, as pessoas querem ser vistas, não só as pretas, mas mulheres e homens trans, indígenas, asiáticos. Acho que é enxergar o plural. As pessoas querem se ver na televisão.
O que sonha para o futuro?
Meu maior sonho é ganhar o Oscar! Gostaria muito de ser o primeiro preto brasileiro a ganhar o Oscar. Eu sei que é um sonho muito grande, mas seria uma grande conquista. Para o futuro mais próximo, quero muito continuar no audiovisual, continuar nos teatros, nos palcos, nos musicais.
Os sonhos estão diretamente ligados à arte...
Eu preciso que as pessoas vejam a minha arte e não é pelo dinheiro, mas sim pelo respeito e pelo prestígio que isso me dá, pelo alívio de poder me expressar. Então, eu peço ao universo que eu tenha um futuro em que eu possa mostrar minha arte. Espero que consiga fazer outras novelas, séries, filmes e que eu consiga ter uma carreira internacional, pois quero levantar muito essa bandeira do Brasil lá fora. Espero que minha mente e minha alma estejam plenas para conseguir chegar a essa meta final.