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Novelas / ENTREVISTA

Eduardo Moscovis fala sobre relação com os quatro filhos: 'Estão bem adiante'

Em entrevista à Contigo! Novelas, Eduardo Moscovis compara a paternidade de Aristoso, personagem em No Rancho Fundo, à sua relação com os herdeiros

Fernanda Chaves Publicado em 26/08/2024, às 11h40

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O ator Eduardo Moscovis - Foto: Globo/Beatriz Damy
O ator Eduardo Moscovis - Foto: Globo/Beatriz Damy

Intérprete do dúbio Ariosto, em No Rancho Fundo, Eduardo Moscovis fala sobre nova fase do personagem da novela das 6 da TV Globo. Em papo sobre machismo, preconceito e relações, o ator, que torce por uma sociedade melhor, afirma que a nova geração é mais bem resolvida em suas questões.


Na coletiva da novela, você não sabia dizer se o Ariosto era ou não um vilão. E agora, você já sabe?
O Ariosto é um personagem muito rico. Ele é mal-amado, ressentido, é um cara seco, visivelmente de mal com a vida, mas não propriamente um vilão. À medida que o tempo vai passando e a gente vai gravando, vai se envolvendo com os outros personagens, com os atores, a direção também, tudo vai ganhando um outro corpo.

Ele tem vivido mudanças desde que se aproximou da Zefa (Andrea Beltrão)...
Quando o Ariosto perdeu a esposa, apareceu uma culpa grande para ele e, ao mesmo tempo, ele se aproximou da Zefa (Andrea Beltrão). É uma mulher íntegra e atraente e isso mexeu com ele. Um cara não muito resolvido na questão do amor, ele crê numa possível traição, criou uma verdade para ele e sofre com isso. Uma evidência que me parecia interessante, quando foram aparecendo os capítulos para criar essa aproximação, é que eu não lembro do Ariosto, em nenhum momento, tendo uma possibilidade de relação com qualquer outro personagem. E ele nunca tinha ido ao cabaré, a gente não via ele amargurado bebendo numa mesa, mesmo que não mostrasse ele indo para algum quarto com uma das meninas. Isso me fez entender que ele é fiel, tem os valores dele.

"O Ariosto é um personagem muito rico. Ele é um cara malamado, ressentido, é um cara seco, visivelmente de mal com a vida, mas não propriamente um vilão."

Ariosto não tinha flertado com ninguém até aparecer a Zefa na vida dele...
Ele encontra uma possibilidade inesperada de amor com a Zefa e desmonta. A referência que o Mário me deu, que me serviu muito, é que o coração dele é um chão do sertão, é um chão ressequido, quebrado, arranhado, duro. Quando a Manuela [Valdineia Soriano] estava partindo, vi tudo o que isso gerou para ele de pensamentos e arrependimentos. E esse possível envolvimento com a Zefa deu uma cor para ele, estava dando um sol, fez com que, algumas vezes, ele se emocionasse a ponto de chorar. E isso para mim é muito bonito.

O Arthur (Tulio Starling) está até em dúvida se o pai mudou ou não. Você acredita que as pessoas podem mudar?
Acredito, lógico. Se não acreditar ferrou [risos]! Se for pensar hoje como a gente está, em relação à sociedade, como o nosso País está e o mundo vai se revelando... é o País que mais mata transexuais, travestis, mulheres no mundo. Isso é gravíssimo! Se eu não acreditar que a gente pode mudar, o que eu faço? Eu tenho um filho e falo para ele, educo ele de uma forma que sabe que isso não é certo. A gente tem que acreditar na mudança, na nossa, na dos outros e consequentemente da sociedade.

"Se for pensar hoje como a gente está, é o País que mais mata transexuais, travestis, mulheres no mundo. Isso é gravíssimo! Se eu não acreditar que a gente pode mudar, o que eu faço? A gente tem que acreditar na mudança, nossa, dos outros e consequentemente da sociedade."

Você, inclusive, teve uma cena bonita com o Tulio, do Arthur se declarando ao pai, dizendo que, mesmo não falando muito, ele o ama. Essa falta de carinho com o filho é machismo, é por ele ser fechado?
Acho que tudo, tem um monte de coisa que vai compondo uma personalidade. Agora sobre demonstração de afeto, eu conheço pessoas que não conseguem abraçar o outro, o filho, o pai, um amigo. Alguns homens ainda têm essa dificuldade de não saber demonstrar afeto. E o Ariosto é um cara que não sabe abraçar e nem ser abraçado, o que é mais grava ainda.

Como é com seus filhos?
Eu abraço [risos]. Tento né, porque também tem um cotovelo assim, 'chega pai, para pai' [risos].

Acha que para a geração deles é mais fácil?
Pra eles é. Eu tenho filhos entre 25 e 12 anos e acho que, para eles, a relação, principalmente da sexualidade, é muito mais bem resolvida. É uma galera que está vindo e que, aparentemente, vai conseguir lidar melhor com as suas dúvidas, investigações. Pode ser tenham outras questões que a gente de repente não teve por uma série de motivos, mas em relação à sexualidade e às relações, as trocas de afeto e como se relacionar mesmo, de fato, eu acho que eles estão bem adiante.