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Colunas / Gabriel Perline / FLÁVIA JANUZZI

Repórter que detonou a Globo após ser demitida estreia de surpresa na CNBC

Flávia Jannuzzi estreia de surpresa no Times Brasil | CNBC. Repórter que detonou a Globo após ser demitida em abril de 2023 cobre a Cúpula do G20

Gabriel Perline
por Gabriel Perline

Publicado em 18/11/2024, às 12h57

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Flávia Jannuzzi estreia de surpresa na Times Brasil | CNBC após demissão da Globo - Reprodução/Globo e Times Brasil | CNBC
Flávia Jannuzzi estreia de surpresa na Times Brasil | CNBC após demissão da Globo - Reprodução/Globo e Times Brasil | CNBC

Mais de um ano após sua demissão da Globo, Flávia Jannuzzi surpreendeu todos ao estrear, sem alardes, no Times Brasil | CNBC na noite de domingo (17). O novo canal de notícias não havia informado sua contratação e sua aparição inesperada ao vivo chamou a atenção dos internautas. Nas redes sociais, o público repercutiu o momento e relembrou sua saída polêmica da emissora, com direito a revelações dos bastidores e críticas aos funcionários.

Esta modesta coluna foi atrás para entender mais detalhes da contratação de Flávia Jannuzzi após sua estreia no Times Brasil | CBNC. Fontes de dentro do canal de notícia confirmaram que ela firmou um contrato com a empresa apenas para cobrir a vinda da Cúpula do G20 no Brasil. Ou seja, sua parceria com a emissora até o momento é apenas como freelancer.

Nas redes sociais, internautas reagiram ao momento em que Flávia Jannuzzi apareceu ao vivo pela primeira vez no canal de notícias. "Eles contrataram a Flávia? Que isso! Um acerto!", comentou um dos usuários do Twitter/X. "Flávia Jannuzzi tem textos excelentes de reportagem, simplesmente eu parava o que estava fazendo para assistir as reportagens delas", disse outro. "Grande acerto. Ótima repórter a Flávia Jannuzzi", concluiu outro.

Em abril de 2023, a jornalista foi desligada da Globo após 25 anos de contrato. Em entrevistas, ela não escondeu os problemas que enfrentou com sua saída repentina, descrevendo o momento como "traumático" e "horrível". "Os colegas foram chamados um a um pra serem demitidos. Parecia uma lista de Schindler ao contrário, uma coisa horrorosa, [estavam] sendo abatidos pouco a pouco. Tem colegas que saíram de reportagens para serem chamados e foram demitidos fazendo reportagem. [Era] um clima horroroso, um clima de funeral", confessou ao UOL.

De acordo com ela, uma lista de pessoas que seriam demitidas começou a circular entre os funcionários no Whatsapp e, após pessoas próximas começarem a se despedir dela, ela entendeu que seria cortada. "A forma como tudo aconteceu foi muito fria. Eu tive uma vida dedicada à emissora. Como todo jornalista que se empenha na profissão e que acredita no propósito que ele tem que cumprir, eu me dediquei muito, foram muitas renúncias. Teve muita entrega. Me dediquei demais a uma emissora que me descartou como se eu fosse um número e eu fui só mais um número", acrescentou.

SEM DINHEIRO, PORÉM PLENA

"Eu não tive estômago de voltar na redação. Eu não consigo passar pelo Jardim Botânico ainda. Me dá um mal-estar, um negócio que eu não consigo dizer o que é. Eu ainda não superei, mas vou superar", lamentou. Mais de um ano após deixar a Globo, a comunicadora confessou que estava mais feliz longe da empresa, mesmo sem salário. Ao podcast Geral Pod, apresentado por Rodrigo Mandarini, ela contou mais detalhes de sua demissão. 

"Saí do meu trabalho, 25 anos, tô sem salário. Tô sem salário, mas estou mais feliz. Claro, a plenitude não paga conta, mas a questão de você estar feliz e ter um propósito, eu acho que te movimenta para um outro lugar, que também pode ser de prosperidade porque você começa a levar um grupo que acredita no seu projeto e as coisas vão acontecendo (...) Eu acho que os caminhos vão se abrindo à medida que você vai caminhando. Se você ficar naquele estado de inércia, parado, as coisas ficam na escuridão. Mas quando você tá caminhando num túnel escuro, daqui a pouco você está vendo um paralelepípedo, uma poça d’água. Você está vendo, tem uma luz entrando, a coisa vai clareando. E é assim que eu vejo esse momento", confessou.

"Acho que o mais bacana é isso: não focar no resultado, [pensar] ‘eu preciso ganhar dinheiro, fazer isso’. Não, eu tô levando isso, acredito nisso, queria ter um espaço de comunicadora, que eu pudesse levar pessoas interessantes, um conteúdo construtivo, que eu acredito, não ficar mais em porta de IML e de delegacia passando a noite. Não quero mais isso da minha vida, já fiz muito isso. Vou passar o resto da minha vida fazendo isso? Não diminuindo o papel de brilhantes repórteres que fazem isso. Mas eu acho que todo mundo tem um propósito e meu propósito virou a chave, é outra coisa", concluiu.

Durante o bate-papo, a jornalista explicou que se sentia mal com determinadas pautas que recebia de seus chefes: "A gente está em um país altamente polarizado e acho que é tão prejudicial, tão complicado. Também não quero bancar a isentona, mas não concordava com muita coisa. E é muito triste quando você passa a fazer do seu trabalho uma coisa que não acredita mais".

"Então, você investiu a sua vida num sonho, numa proposta de vida, num propósito: quero ser uma comunicadora, levar reportagem bacana. Mas quando você começa a ver que tudo tem um braço da militância, [pensa] ‘opa, tira o pé do acelerador’. E começa quase uma sensação de demissão silenciosa, [penso] ‘não quero fazer isso, não me vejo fazendo isso, pra que vou fazer isso?, não acredito nisso, vou escrever sobre isso?' (...) É muita solidão. E quando eu questionei, fui tirada e algumas pautas. E a gente vai ficando mais velho, vai ficando mais crítico. Aí você começa a pensar ‘caramba, estou no lugar errado, não tô fazendo o negócio certo’. Então, você começa a ver que está fazendo um desserviço", finalizou.

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*Texto de Júlia Wasko
Júlia Wasko é estudante de Jornalismo e apaixonada por notícias, entretenimento e comunicação. Siga Júlia Wasko no Instagram: @juwasko