Em entrevista à Contigo! Novelas, o ator Amaury Lorenzo fala sobre estreia na faixa das sete, representatividade e analisa transformações na carreira
Fernanda Chaves Publicado em 30/10/2024, às 20h57
Intérprete de Chico em Volta por Cima, (Globo), Amaury Lorenzo enxerga o sucesso como consequência. Após brilhar no horário nobre, ele estreia na faixa das 7, conquista o público, fala de representatividade e critica o comportamento de seu personagem: “Não concordo com traição”.
Estamos em um grande momento de representatividade na TV brasileira, com atores negros ocupando papéis de destaque em todas as tramas. O que você pensa sobre isso?
É uma conquista muito poderosa para todos nós. Não só para a comunidade preta ou para os artistas pretos, mas para o Brasil, para toda a diversidade. Quando a gente valoriza outras culturas, estamos valorizando todo o nosso povo. É muito lindo quando a gente olha e vê que temos um elenco majoritariamente preto, uma direção preta e percebemos que, se chegamos até aqui, é porque outros lutaram por isso. Assim como eu vou lutar pelas novas gerações. Vamos fazer o que há de melhor em nosso trabalho: falar para o público que se identifica com a gente. Recebo muitas mensagens de jovens pretos que se sentem representados. Essa luta coletiva é fundamental e muito importante.
O Chico, seu personagem, vive dividido entre dois amores. Ele faz de propósito?
Ele não tem essa maldade. Ele ama, de fato, as duas mulheres, tanto a Madá quanto a Roxelle, não tem esse pensamento de traição, de querer magoar, mas ele acaba magoando. Claro, as consequências vêm e ele vai ter que lidar com isso. Mas não o vejo como um “boy lixo”, ele só é um homem muito infantilizado. Um cara do bem, bom coração [risos].
Então você o defende?
De forma alguma! Não vou passar pano para o Chico. Ele é um traidor e eu sou monogâmico, não concordo com traição. Mas ele ama demais, tem o coração muito grande. Como perdeu a mãe muito cedo, também é muito carente, então, de certa forma, eu até entendo a possível motivação que o leva a querer essas duas mulheres.
Acha que pode rolar um trisal entre ele, a Madá e a Roxelle?
Olha, acho que a Claudia Souto, nossa autora, deve pensar em propor algo do tipo, vamos ver...
Você fez grande sucesso em Terra e Paixão. Agora, com esse papel de destaque em Volta por Cima, sente algum peso de responsabilidade?
Eu não sinto pressão ou peso algum. É tanto tempo trabalhando, tanto tempo dedicado à arte... Recebo
com muita humildade essa responsabilidade. Estou fazendo o meu melhor possível. O Chico é completamente diferente do Ramiro, que foi meu personagem em Terra e Paixão, então eu não carrego essa responsabilidade de ter que fazer sucesso. Trago a responsabilidade de fazer bem o meu ofício, que é interpretar. O sucesso é uma consequência disso tudo, não tenho essa vaidade, não.
A novela fala de várias situações em que precisamos dar a volta por cima. Você já passou por algum momento em que precisou dar a volta por cima?
Sim. Acho que dei a volta por cima quando pude viver do meu ofício, que é interpretar. São 28 anos me dedicando ao teatro. Uma realidade que até parece, mas não é tão fácil. A volta por cima é viver do nosso ofício, em todas as profissões. Desejo muito que os artistas deste país tenham dignidade para viver da profissão. A gente sempre dá a volta por cima a todo momento.
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