Emissora fechou as portas há 44 anos e novela acabou desperdiçada

Em 1980, a TV Tupi, diamante do império midiático do jornalista e empresário Assis Chateaubriand — ou Chatô, como também era conhecido —, passava uma severa crise administrativa e financeira. Entre as greves dos trabalhadores por atrasos de salário e as brigas entre os sócios da emissora, a TV Tupi decidiu continuar com a produção de novelas e iniciou as gravações de sua nova novela, Maria Nazaré. Entretanto, em 18 de julho do mesmo ano, a emissora precisou suspender todas as suas produções e encerrou suas atividades para sempre.

Maria Nazaré seria substituta de como Salvar Meu Casamento e iria ao ar às oito da noite. O texto era assinado por Teixeira Filho e a direção por Carlos Zara, que havia deixado a Globo para se dedicar exclusivamente a produção da TV Tupi. A nova novela contava, também, com atores de renome como protagonistas: Eva Wilma e Carlos Augusto Strazzer seriam as estrelas de Maria Nazaré.

Mesmo com o destaque para a nova produção dado pela mídia da época, uma única novela seria incapaz de salvar a TV Tupi da falência. Com o fechamento da emissora, toda a pesquisa feita, cidade cenográfica construída, figurinos prontos e cenas já gravadas foram abandonadas.

Trabalho desperdiçado

Para a trama de Maria Nazaré, Cleston Teixeira — filho de Teixeira Filho e colaborador criativo do pai — realizou uma grande pesquisa no Nordeste sobre o tema da novela. Em entrevista ao site Tele História, ele afirmou que a personagem principal, que dava nome à novela, seria uma mistura de Maria Bonita com Joana D’Arc: "Era a história da moça da cidade que vai para o campo em busca de um caminho espiritual e encontra no amor por um líder de um grupo cangaceiro o caminho para exercer com as próprias mãos a justiça divina".

Além do tempo investido na pesquisa, uma cidade cenográfica foi construída exclusivamente para a nova novela e algumas cenas foram gravadas no local. Uma das cenas gravadas durante a semana de gravações foi a invasão da cidade por um grupo de cangaceiros, material que seria usado na abertura e divulgação da obra, que, até hoje, é uma história inédita na TV.