Almir Sater vivia protagonista de novela da Manchete - Divulgação
Em 1990

Manchete rodou 14 mil km com caravana em rodeios para gravar novela há 34 anos

Novela que surgiu como tapa buraco na grade da Manchete marcou época por inovação e cenas gravadas em locações reais

Bárbara Aguiar, sob a supervisão de Arthur Pazin Publicado em 12/12/2024, às 08h43

Em 12 de dezembro de 1990, há 34 anos, a TV Manchete estreava A História de Ana Raio e Zé Trovão, novela que inovou ao abandonar os estúdios e viajar pelo Brasil para retratar a cultura das festas de peão e o interior do país. Durante dez meses, a produção rodou 14 mil km com caravana em rodeios para gravar cenas reais do mundo dos peões.

Aventura televisiva

Segundo o jornalista Nilson Xavier, do site Teledramaturgia, A História de Ana Raio e Zé Trovão não era a primeira opção da Manchete para seguir o sucesso Pantanal, mas questões logísticas impediram a produção imediata de Amazônia, obra planejada com antecedência, e o folhetim sobre peões ganhou espaço.

Jayme Monjardim, diretor da emissora, inspirou-se no universo dos rodeios após visitar a Festa do Peão de Barretos e idealizou um projeto ambicioso. Com as palavras “Ana Raio” e “Zé Trovão”, entregou a missão aos roteiristas Marcos Caruso e Rita Buzzar, que desenvolveram a trama “nas coxas”, como contou Caruso em uma entrevista à Playboy resgatada por Xavier.

O objetivo era explorar “o Brasil que o Brasil não conhece”, slogan da Manchete na época. Com uma proposta de gravações itinerantes e 100% em externas, a novela desbravou locações inéditas na teledramaturgia brasileira.

Trama em movimento

A história girava em torno de Ana Raio (Ingra Liberato), que buscava sua filha Maria Lua (Micaela Góes), e Zé Trovão (Almir Sater), em busca de suas origens. Ambos cruzavam caminhos enquanto enfrentavam a vilania de Dolores Estrada (Tamara Taxman) e Canjerê (Nelson Xavier). Apesar do enredo promissor, a narrativa enfrentou dificuldades para manter o ritmo ao longo de dez meses no ar.

A novela ganhou destaque pela integração com as comunidades locais e pela autenticidade de seus cenários, mas sofreu com a falta de apelos folhetinescos, o que comprometeu a audiência. Segundo o Teledramaturgia, quando comparada com a audiência de Pantanal, o resultado era desanimador: o índice caiu pela metade, e os picos de telespectadores chegaram a apenas um terço da antecessora.

Para pesar ainda mais, a história tinha um alto custo para emissora, já que toda a gravação aconteceu em viagens fora dos estúdios. De acordo com o Almanaque da TV, A Manchete investiu 8 milhões de dólares na obra, valor que incluía transporte, montagem e desmontagem de equipamentos, ajustes diários de luz e figurino, além dos salários do elenco.

Mesmo com as dificuldades de audiência e críticas ao ritmo da trama, A História de Ana Raio e Zé Trovão marcou pela ousadia de sua produção. A novela apresentou ao público locações brasileiras nunca vistas e inovou ao levar a teledramaturgia para fora dos estúdios.

Confira abertura da novela:

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Novela televisão Manchete A História de Ana Raio e Zé Trovão

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