Trama da Globo que virou alvo de críticas homofóbicas após beijo de Fernanda Montenegro e Nathalia Timberg estreou no Globoplay no dia 23 de dezembro
Bárbara Aguiar, sob a supervisão de Arthur Pazin Publicado em 17/01/2025, às 07h30
Em 16 de março de 2015, a Globo estreou Babilônia como sua nova novela das nove. A trama de Gilberto Braga parecia promissora, com atrizes de renome como Glória Pires (Beatriz), Adriana Esteves (Inês) e Camila Pitanga (Regina) nos papéis centrais, mas não teve a audiência esperada e, além das críticas dos telespectadores, ganhou repúdio no congresso após beijo lésbico na terceira idade. Saiba mais sobre a novela que entrou no catálogo do Globoplay no dia 23 de dezembro.
Antes da estreia, os autores revelaram que a trama incluiria um casal homoafetivo da terceira idade, interpretado por Fernanda Montenegro (Teresa) e Nathalia Timberg (Estela). Segundo o jornalista Nilson Xavier, do Teledramaturgia, a estratégia escolhida para evitar especulações foi inserir o beijo do casal logo no primeiro capítulo. A cena, que inicialmente seria um selinho e evoluiu para um beijo em um improviso de Fernanda Montenegro, ocorreu sem objeção da direção e repercutiu fortemente.
As reações negativas, relembra Xavier, surgiram rapidamente — muitas delas alimentadas por setores conservadores. A Frente Parlamentar Evangélica do Congresso divulgou nota de repúdio, incentivando boicote à novela e, nas redes sociais, diversas imagens acusando a trama de atacar valores familiares circulavam livremente.
Além da polêmica, Babilônia enfrentou uma forte concorrência. Na época, como recorda o jornalista especializado em TV, o SBT apostou na reprise de Carrossel — promovida com apelo moralista —, enquanto a Record TV lançava a bem-sucedida Os Dez Mandamentos. A trama da Globo apresentou temas como violência doméstica e assassinato logo nos primeiros capítulos, assustando parte do público tradicional.
Pesquisas apontaram rejeição ao conteúdo moralmente pesado e a personagens como Alice (Sophie Charlotte), garota de programa, e Murilo (Bruno Gagliasso), cafetão. Até o título Babilônia foi criticado por referências bíblicas à decadência moral.
Diante da crise de audiência, a Globo adotou mudanças drásticas. A primeira pesquisa qualitativa foi antecipada e a direção promoveu ajustes: a fotografia foi clareada, o logotipo suavizado e chamadas de relançamento veiculadas. O diretor Silvio de Abreu reescreveu cinco capítulos para acelerar a narrativa.
Mudanças nos perfis dos personagens e revelações antecipadas sobre Beatriz e Inês também foram estratégias para recuperar o interesse do público. Mesmo com os esforços para conquistar o público conservador, a audiência permaneceu baixa e o folhetim foi encurtado: os 161 capítulos iniciais foram reduzidos para 143.
No final da trama, Gilberto Braga retomou o beijo que deu o que falar no início da novela, além de formar um novo casal homoafetivo, dessa vez gay, Sérgio e Ivan (Claudio Lins e Marcello Melo Jr.).
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