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Exclusivas / DA HBO

Na nova temporada, 'A Amiga Genial' faz retrato dos fantasmas e dos afetos da adolescência

Baseada na obra de Elena Ferrante, seriado é retrato potente da perda da inocência

Gustavo Assumpção Publicado em 29/05/2020, às 14h56 - Atualizado em 25/06/2020, às 23h14

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A Amiga Genial: qualidade da segunda temporada impressiona - Reprodução
A Amiga Genial: qualidade da segunda temporada impressiona - Reprodução

Adaptada a partir da chamada "Tetralogia Napolitana", obra de Elena Ferrante que conseguir o feito de agradar círculos intelectuais e um público mais pop, o seriado A Amiga Genial (HBO) chega à sua segunda temporada mostrando uma qualidade técnica e narrativa que a coloca na lista das produções mais relevantes do ano.

Não é exagero: a adaptação dirigida por Saverio Costanzo conseguiu o feito de manter intacto o espírito da obra de Ferrante. O lirismo cotidiano, a presença abjeta de uma violência que ocupa cada espaço disponível, a potência das incertezas da vida, tudo aparece no seriado com a mesma força que emerge da obra original.

Enquanto a primeira temporada acompanhou a infância das protagonistas Lenu e Lina, agora o centro da narrativa engloba o turbilhão de descobertas da adolescência. Na Nápoles dos anos 50, há pouco espaço para escolhas: a vida daquelas meninas está condicionada a caminhos e possibilidades muito pré-definidas. Lenu e Lina, unidas pela mesma origem, mas separadas por famílias muito distintas, crescem, se descobrem, sofrem a cólera de homens que destroem e constroem suas existências.

Na segunda temporada, baseada em História do Novo Sobrenome, segundo livro da saga, há um retrato cru da perda da inocência, da construção de nossas subjetividades e, principalmente, da tentativa de encaixe que cada um de nós precisa fazer dentro da realidade na qual vivemos. As mudanças e as permanências aqui são marcas construídas a partir das trajetórias das protagonistas, mas também resultantes de algo que parece já posto: as questões sociais não são mera boca de cena no qual os personagens existem, elas são bases bem sólidas que definem aquilo que elas poderão ser.

Por isso, o auge da temporada acontece justamente no momento em que esta realidade exerce menos impacto sobre suas identidades. Os episódios que narram um verão de descobertas na Ilha de Ísquia são como fragmentos essenciais para que se forme a trajetória das protagonistas. É um turbilhão raro, um daqueles momentos em que a experiência plena funda o que eles serão para sempre.

Em uma entrevista recente, Costanzo conta que o grande desafio foi justamente não fugir do espírito da obra de Ferrante, que acompanhou por e-mail decisões importantes que foram tomadas pela equipe de roteiro e produção. “Quando fazemos a tradução do papel para a linguagem audiovisual temos que tomar decisões, mas, quando enfrentamos essas mudanças só nos preocupamos com que elas serem coerentes com os personagens e não se desviem da intenção original de sua narrativa”, conta ele em uma das entrevistas promovidas pela HBO na época do lançamento do seriado.

Para quem leu e se descobriu a partir da Tetralogia, o seriado da HBO mostra que uma nova linguagem pode ser uma possibilidade para ampliar ainda mais as conexões que nos ajudam a conhecer a nós mesmos. A potência da obra de Ferrante e a beleza do seriado de Costanzo são raras.

A  Amiga Genial

HBO
Segunda temporada - 8 episódios.
Disponíveis na plataforma HBO Go