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Famosos / ENTREVISTA

Aryè Campos enfrenta dificuldade como brasileira nos EUA: 'Não me veem como latina'

Em entrevista à Contigo!, Aryè Campos fala sobre o início da carreira como estrela mirim em programa de Silvio Santos e mudança para os Estados Unidos

Aryè Campos foi queridinha de Silvio Santos nos anos 1990 - Reprodução/Instagram
Aryè Campos foi queridinha de Silvio Santos nos anos 1990 - Reprodução/Instagram

Sucesso na televisão brasileira nos anos 1990, o programa Hot Hot Hot, apresentado por Silvio Santos(1930-2024) no SBT, levou várias crianças talentosas ao estrelado. Entre os pequenos, Aryè Campos, na época chamada Ashley Rapini, foi uma das revelações que seguiu no meio artístico e acabou se mudando para os Estados Unidos. Em entrevista à Contigo!, a atriz fala sobre dificuldades que enfrenta como brasileira nos EUA: "Não me veem como latina", revela.

A intérprete, que hoje vive nos Estados Unidos e tem uma carreira recheada de projetos estrangeiros, começou na televisão muito nova, em um programa de abrangência nacional do SBT. Ao lado de Silvio Santos, Aryè se divertia enquanto era transmitida para milhares de lares do Brasil.

Começo no SBT

"Eu tinha o quê? Sei lá, 5 a 11 anos. Então, para mim, era uma brincadeira. Adorava ir, nem pensava estar indo passar na frente do mundo inteiro. Você não pensa nessas coisas quando é criança, sabe? Você vai lá porque você gosta, porque você se diverte", conta.

Uma das memórias que vem à mente da intérprete quando lembra do programa é a de estar no camarim da apresentadora Hebe Camargo (1929-2012). "É um negócio tão aleatório, mas uma das coisas que eu sempre lembro é que, às vezes, a gente era colocada no camarim da Hebe", conta.

"A Hebe tinha um camarim no SBT que era todo rosa e eu lembro que tinha coxinha lá. Estar lá, sabe, no mesmo lugar que ela e depois indo encontrar com o Silvio Santos, era uma coisa meio surreal", reflete a artista, que se mudou para os Estados Unidos aos 11 anos e se dividiu entre a carreira de atriz e consultora financeira.

Chegada nos Estados Unidos

Nos Estados Unidos, Aryè recebeu com surpresa que não era vista como brasileira. No começo, ela conta que as pessoas a identificavam como estrangeira pelas roubas e sotaque, mas depois que aperfeiçoou o inglês, passou a enfrentar dificuldades para ser reconhecida como uma mulher latina.

"Quando eu aprendi a falar inglês e perdi meu sotaque, os americanos passaram a me ver, uma loira de olhos azuis, na época chamada Ashley (o nome mais comum aqui nos Estados Unidos), como uma menina que nunca poderia ser brasileira", explica.

"Nos últimos 15 anos, eu queria muito mostrar para o meio artístico, para Hollywood, que brasileiro não é uma coisa só. Somos todas as cores da coisa, entendeu? Não só brasileiros, mas latinos em geral", pontua.

Para driblar a falta de reconhecimento de sua nacionalidade e conquistar papéis, Aryè precisou mudar de nome e até focou em deixar o sotaque brasileiro mais marcado, além de comprar uma peruca de cabelo escuro. O nome, como ela conta, foi escolhido em homenagem ao pai, Ary.

"Eles preferem contratar alguém que tenha uma cara de brasileiro, mas não é brasileiro, ou não fala português e às vezes, nem espanhol. Em algumas situações é um americano que tem uma cara do que eles pensam que um brasileiro é. Eles preferem pegar essa pessoa do que pegar uma pessoa que é autenticamente brasileira", desabafa.

A luta por oportunidades

Como intérprete, Aryè acumula diversos papéis em que vive mulheres americanas. "Infelizmente, fora do Passaporte para Liberdade, que fiz um papel de brasileira graças ao Jaime Monjardim, a maioria dos papéis que eu faço é, realmente, de americana", revela.

A atriz compartilha que um de seus desejos para o futuro é interpretar mais personagens latinos e com histórias que reflitam a vivência de pessoas não estadunidenses. "Queria muito poder fazer mais personagens latinos. Aprendi espanhol para poder fazer papéis latinos, porque, como sou imigrante, quero muito fazer mais histórias de imigrantes e mostrar que não é só aquela pessoa sofrida que veio no barco e remou até chegar", destaca.

Em sua luta para garantir oportunidades para artistas brasileiros e latinos em produções dos Estados Unidos, Aryè integra o grupo Latinas Acting Up, que busca dar visibilidade à arte latina e é liderado por atrizes reconhecidas pela indústria americana, como Gina Torres (55), da série Suits, Lisa Vidal (59) e Diana-Maria Riva (55).

"É importante para mim quebrar essa visão, porque sou brasileira, não tenho nada de americano no meu sangue. Nasci no Brasil, cresci no Brasil, minha primeira língua é o português. Quero que as pessoas vejam isso como parte de quem sou e parte da minha vida artística", conclui.

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