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Médico explica lesão de Rodrigo Garro, do Corinthians: ‘Difícil tratamento em sua fase crônica’

Em entrevista à Contigo!, o médico ortopedista Adriano Leonardi detalha a lesão do argentino Rodrigo Garro, camisa 8 do Corinthians, que o tirou de campo

Redação Contigo!
por Redação Contigo!

Publicado em 07/04/2025, às 17h17

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Rodrigo Garro é o camisa 8 do Corinthians - Foto: Reprodução/Instagram
Rodrigo Garro é o camisa 8 do Corinthians - Foto: Reprodução/Instagram

Jogador do Corinthians, o argentino Rodrigo Garro está desde o início da semana em Madri, na Espanha, passando por sessões de fisioterapia com um médico particular, especialista em lesões tendíneas. Por causa das dores constantes do atleta no joelho direito, que fizeram o camisa 8 jogar no sacrifício a reta final do Paulistão, o clube optou por enviá-lo ao profissional, que já tratou problema parecido no holandês Memphis Depay.

Garro recebeu o diagnóstico de uma tendinopatia patelar do joelho direito e desfalcará o Corinthians por tempo indeterminado. Em entrevista à Contigo!, o médico ortopedista Adriano Leonardi, especialista do joelho e médico do esporte, explica que a tendinite patelar, conhecida popularmente como “joelho do saltador”, é uma doença inflamatória ou degenerativa do tendão patelar.

“É comum em atletas que praticam esportes que envolvem saltos, mudanças bruscas de direção e corrida, como o futebol. A sobrecarga repetitiva sobre o aparelho extensor do joelho, especialmente no gesto esportivo do chute ou nos sprints, pode desencadear microlesões no tendão que evoluem com dor, espessamento e redução da performance esportiva”, informa o especialista.

De acordo com o médico, nos jogadores de futebol, a tendinopatia patelar é uma das causas mais frequentes de afastamento prolongado, sendo considerada de difícil tratamento em sua fase crônica. Exemplo clássico foi o jogador Ronaldo, fenômeno que teve a complicação mais temida da doença: a ruptura do tendão patelar.

“Diante da limitada resposta ao tratamento convencional — que inclui repouso relativo, fisioterapia, anti-inflamatórios e fortalecimento — métodos mais avançados vêm sendo incorporados. Entre eles, a terapia por onda de choque (TOC) e a eletrólise percutânea intratissular (EPI) têm se destacado como ferramentas eficazes, sobretudo quando aplicadas de forma associada”, diz Leonardi.

O ortopedista ressalta que a tendinite patelar é classicamente uma tendinopatia por sobrecarga, podendo ser dividida em quatro estágios: dor após a atividade física; dor durante e após o exercício, sem prejuízo funcional; dor persistente que prejudica o desempenho; e ruptura do tendão.

“Nos jogadores de futebol, a fase mais frequente é a terceira, quando a dor limita o rendimento esportivo, sem haver ainda rotura completa. A natureza da tendinopatia é predominantemente degenerativa, com desorganização das fibras de colágeno, neovascularização anormal e infiltração de células inflamatórias crônicas. Esses achados histopatológicos explicam a limitação dos tratamentos anti-inflamatórios convencionais e justificam intervenções regenerativas mais específicas”, salienta o especialista.

“A terapia por onda de choque extracorpórea (ESWT - Extracorporeal Shock Wave Therapy) consiste na aplicação de ondas acústicas de alta energia que promovem microrrupturas controladas no tecido lesionado, estimulando a regeneração”, continua Leonardi.

O médico cita, a seguir, alguns mecanismos de ação. São eles: Aumento da vascularização local; estímulo à neovascularização e à angiogênese; reorganização das fibras colágenas; redução da sensibilidade periférica à dor (ação analgésica); e estimulação da atividade de tenócitos e fatores de crescimento.

“Existem dois tipos de TOC: focal (alta energia) e radial (menor profundidade e dispersão da onda). Em tendinopatias patelares, a modalidade mais empregada é a radial, embora a focal também possa ser utilizada em casos crônicos e profundos”, pontua.

Ainda de acordo com o ortopedista, diversos estudos demonstram eficácia da TOC na melhora da dor e da função em tendinopatias crônicas, inclusive em atletas. Um estudo randomizado de Wang et al. (2007) demonstrou melhora significativa nos sintomas em 80% dos pacientes com tendinopatia patelar crônica tratados com TOC, com manutenção dos resultados após 12 meses.

ELETRÓLISE PERCUTÂNEA INSTRATISSULAR (EPI)

Adriano Leonardi explica que A EPI é uma técnica minimamente invasiva guiada por ultrassonografia, que consiste na aplicação de corrente galvânica por meio de uma agulha de acupuntura diretamente no tecido tendinoso degenerado. Essa corrente gera um processo inflamatório agudo controlado, promovendo lise do tecido fibrótico e estímulo à regeneração fisiológica.

“A EPI é, geralmente, realizada em 3 a 5 sessões, com intervalo semanal ou quinzenal, sendo sempre acompanhada de protocolo de reabilitação específico, com ênfase no exercício excêntrico e controle de carga”, conta o médico. “Segundo Sánchez-Ibáñez et al. (2016), a EPI mostrou resultados superiores ao tratamento convencional na resolução da tendinopatia patelar crônica, especialmente quando associada à reabilitação funcional”, emenda.

Leonardi destaca que o protocolo terapêutico em atletas deve considerar o calendário competitivo, o grau da lesão, e o risco de recidiva. Um modelo prático de tratamento pode incluir: avaliação inicial com ultrassonografia e escala de dor (VAS); sessões de TOC (uma vez por semana por 3 a 5 semanas); sessões de EPI guiadas por imagem (uma vez por semana, total de 3 a 5 sessões; reabilitação funcional progressiva, com foco em exercício excêntrico de quadríceps, estabilização lombo-pélvica, controle de carga de treino (GPS e controle de volume em campo), retorno gradual ao esporte com critério funcional e ausência de dor.

“Os resultados clínicos esperados, com a abordagem integrada, são: redução significativa da dor; recuperação da função esportiva em 6 a 10 semanas; retorno seguro ao futebol competitivo, baixa taxa de recidiva; (15% em 6 meses); melhora da espessura e regularidade do tendão à ultrassonografia de controle. Além disso, a satisfação do atleta tende a ser elevada, sobretudo quando envolvido ativamente na reabilitação e retorno ao jogo”, declara.

Apesar da eficácia, é fundamental considerar, de acordo com o médico, a necessidade de profissional experiente e equipamento adequado; individualização do tratamento; a importância da reabilitação associada; o controle da carga esportiva como prevenção da recidiva. “Além disso, o uso de EPI exige capacitação específica e respeito à anatomia vascular da região para evitar complicações”, afirma.

“A tendinite patelar em jogadores de futebol representa um desafio clínico, especialmente quando crônica e refratária aos métodos conservadores. A associação da terapia por onda de choque com a eletrólise percutânea intratissular representa uma estratégia moderna e eficaz, promovendo regeneração tecidual, alívio da dor e retorno precoce ao esporte de alto rendimento. Quando aplicada por equipe treinada, dentro de um protocolo de reabilitação funcional bem estruturado, essa combinação terapêutica pode redefinir o manejo das tendinopatias patelares no esporte”, finaliza Leonardi.

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