Em desabafo, atriz relembra época em que era sex symbol, ganhava dinheiro, mas era infeliz
A atriz Suzana Alves abriu o coração ao relembrar o período em que era um sex symbol da TV brasileira. Em uma conversa franca com a amiga Lizi Benites, a ex-intérprete da personagem Tiazinha emocionou os fãs com um relato corajoso da época.
"Sempre fui uma menina inconformada com as injustiças, com as diferenças sociais. Sempre fui uma pessoa que quis fazer coisas para mudar o mundo. Quando fiz todo o sucesso, pensei: 'Bom, por trás disso tudo deve ter um caminho'. Eu comecei a não ter paz. Eu tinha dinheiro e sucesso, mas não tinha paz. Eu não dormia, tinha pesadelos todas as noites. Isso no auge do auge da fama. Não conseguia namorar, não confiava em ninguém. Só tinha gente interesseira atrás de mim. Fui muito roubada, (no sentido) de confiar nas pessoas. Não conseguia ir a mercado, a shopping... Não tinha mais vida social", declarou ela.
Segundo a atriz, a fama absurda a impedia de ter uma vida normal.
"Aquilo era muito deprimente para mim. Queria sair com minhas amigas, ir à praia. Tinha que ter motorista e segurança o tempo todo. Eu não tinha a consciência que tenho hoje, não achava que não era feliz. Mas, quando eu ia para o meu quarto e ficava na minha solidão, me sentia triste. Porque as pessoas não me viam como eu era: uma menina de valor, de caráter. Me viam como uma mulher vulgar, que não era para casar, que era para se divertir. Isso me deixava muito triste. Eu sempre fui a Suzaninha, não era muito diferente do que conhecem hoje", declarou a atriz que chegou a se emocionar.
Suzanna Alves também fez uma revelação que poucos sabem. Ela contou que inicialmente reprovada em um teste para ser assistente de palco do programa. Como deixou um book com seus trabalhos ela acabou aceitando o convite para intepretar a personagem super sensual.
Ela conta que estava com contas atrasadas e precisava bancar a faculdade.
"Quando fui até a parte das roupas para escolher, comecei a pirar. Criar personagem sempre fui muito bom para mim, tinha muita facilidade. Perguntei se tinham máscara, se tinham chicote. Coloquei um avental de professora. Coloquei a máscara e achei que ficou bom. Na verdade, no meu coração, estava me escondendo para o meu pai não sonhar em me ver. Acho que foi uma coisa intuitiva, no sentido de preservar minha imagem como Suzana, porque eu estava com muita vergonha. Fiz mesmo pelo dinheiro, porque precisava pagar a faculdade, e porque eles insistiram, me ligaram muito também (...) Aí entrei para gravar o piloto. Quando saí, todo mundo ficava gritando. Não tinha nome a personagem ainda, quem deu o nome foi o público. Ficaram gritando 'tiazinha'. Botaram no diminutivo, porque eu sou pequena. Aí logo ligaram de novo, queriam me contratar, colocar o programa no ar. Eu neguei, neguei Playboy, neguei tudo. Mas não consegui resistir à oportunidade de ter uma renda, ajudar minha família e me ajudar também (...) Comecei a fazer sucesso. O Ibope foi para oito, a Band nunca teve uma audiência assim. De repente, um programa que ninguém conhecia ficou conhecido. Comecei a viajar, fazer eventos e presença vip. Foi uma coisa muito forte", declarou.
Dois anos depois, ainda no auge, ela deixou o programa. Hoje, anos depois, ela avalia a trajetória.
"Jamais me perdoaria de ficar a vida inteira milionária e escrava de uma máscara de sex symbol. Se eu pensasse nisso, teria ficado mais tempo para ganhar mais dinheiro. Realmente não estava preocupada com isso. Claro que eu já estava feliz porque já tinha conquistado várias coisas, já tinha comprado imóveis, ajudado minha família, estudado. Terminei minha faculdade depois, morei fora. Até hoje tudo o que tenho veio da Tiazinha (...) Não me arrependo nesse sentido", afirmou.