Homem 69 anos morre depois de consumir uma água de coco contaminada por um fungo tóxico
Publicado em 05/04/2025, às 15h57
Um caso trágico ocorrido na Dinamarca chamou a atenção da comunidade médica internacional e acendeu um alerta sobre os riscos do consumo de alimentos mal armazenados. Um homem de 69 anos faleceu após ingerir água de coco contaminada por um fungo tóxico, conforme relatado em um artigo publicado na revista científica Emerging Infectious Diseases em 2021. O coco havia sido comprado um mês antes e permaneceu fora da geladeira por todo esse período. Ao notar um gosto estranho no líquido, o aposentado ingeriu apenas uma pequena quantidade e logo percebeu que o interior da fruta estava viscoso e deteriorado.
Cerca de três horas após a ingestão, o homem começou a apresentar sintomas agudos como vômitos, sudorese excessiva, náuseas e confusão mental. Ao ser atendido por uma equipe médica, ele relatava também dificuldade de equilíbrio e apresentava a pele pálida e úmida. Diante do quadro clínico preocupante, foi encaminhado para o hospital, onde exames de imagem revelaram um grave inchaço cerebral. Os médicos diagnosticaram encefalopatia metabólica, uma condição que prejudica o funcionamento do cérebro devido a alterações no metabolismo.
O quadro do paciente evoluiu rapidamente. Ele foi levado para a UTI, mas não resistiu. Cerca de 26 horas após a admissão hospitalar, teve morte cerebral declarada. A autópsia revelou que fungos estavam presentes em sua traqueia, o que inicialmente levou os médicos a suspeitarem da presença de flavotoxina A, substância já conhecida por provocar sintomas semelhantes. Contudo, análises mais detalhadas identificaram o fungo Arthrinium saccharicola, responsável pela produção do ácido 3-nitropropiônico — um composto extremamente tóxico para o sistema nervoso central.
Casos similares já haviam sido documentados em outros países, como a China, e também resultaram em quadros clínicos graves, incluindo diarreia, vômitos e danos cerebrais. A gravidade desses incidentes reside no fato de que ainda não existe um antídoto para o veneno produzido por esse tipo de fungo. O tratamento, portanto, se limita ao alívio dos sintomas. “A colaboração entre diversas autoridades nacionais e internacionais contribuiu para resolver este caso, proporcionando uma compreensão da rápida progressão da doença e da morte súbita do paciente”, relataram os pesquisadores no artigo científico.
Especialistas reforçam a importância de cuidados no armazenamento da água de coco. Cocos já abertos ou pré-raspados devem ser mantidos em refrigeradores, pois são produtos perecíveis. Somente cocos inteiros podem ser deixados fora da geladeira por tempo prolongado. O episódio reforça que negligenciar esse tipo de orientação pode ter consequências fatais.
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