Trama da Band passou por diversas mudanças de roteiro na tentativa de bater de frente com a concorrente e acabou conhecida como "novela trash"
Publicado em 19/11/2024, às 07h30
Em 19 de novembro de 1979, há 45 anos, a Band estreava O Todo-Poderoso, novela que começou a ser escrita por Clóvis Levy e José Safiotti Filho, mas passou para as mãos do trio Carlos Lombardi, Edy Lima e Ney Marcondes pelo desempenho abaixo do esperado. A trama de terror, que tinha até exorcismo, foi criada para tentar enfrentar a Globo, mas a emissora não obteve sucesso.
De acordo com o jornalista Nilson Xavier, do site Teledramaturgia, a Rede Bandeirantes investiu no tema inesperado para um folhetim com o objetivo de atrair o público com a novidade. Como a paranormalidade já havia sido explorada em outras obras, como O Homem Que Deve Morrer (Globo, 1971), O Profeta (Tupi, 1977), Sétimo Sentido (Globo, 1982) e Olho no Olho (Globo, 1993), a emissora decidiu incrementar a trama com possessão do diabo e até exorcismo.
Com as diversas mudanças enfrentadas no decorrer da obra, o público sentiu estranheza com o enredo. Inicialmente, O Todo-Poderoso estava nas mãos de Clóvis Levy e José Safiotti Filho, mas a partir do capítulo 100, o diretor Wálter Avancini assumiu e colocou Carlos Lombardi, Edy Lima e Ney Marcondes no lugar da dupla.
Xavier relembra, ainda, que além da guinada do enredo, a novela também ganhou uma nova abertura: a música lenta cantada por Maurício Duboc passou a ser uma canção religiosa, transmitida com diversas imagens medievais ao fundo. Com esse clima, a trama acabou conhecida como uma "novela trash".
Além da alcunha, o folhetim não atingiu a meta de conquistar o público: o sucesso Água Viva estava no ar na Globo, com uma trama que se passava no ensolarado Rio de Janeiro, e a novela sombria da Band não batia de frente.
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