Obra protagonizada por Susana Vieira foi inspirada em livro plagiado por autora francesa e levou para televisão ares de thriller cinematográfico
Publicado em 09/10/2024, às 07h30
Em 9 de outubro de 1978, há 46 anos, a Globo estreava a novela A Sucessora, baseada em um romance homônimo escrito por Carolina Nabuco e lançado no Brasil em 1934. Na trama adaptada por Manoel Carlos, Susana Vieira vivia uma mocinha recém-casada que precisava lidar com a aura persistente da falecida esposa do marido e com a governanta da mansão, que nutria uma paixão pelo patrão e não aceitava a jovem como substituta de Alice, a falecida. Para viver a personagem em um suspense digno de cinema às seis da tarde, Susana Vieira emendou novelas e mudou de visual.
Antes de viver Marina em A Sucessora, a atriz interpretava a loira Luciana em Te Contei?, novela das sete da Globo escrita por Cassiano GabusMendes. Entre uma novela e outra, houve um pequeno intervalo de um mês e, para que o público não tivesse tanta dificuldade em dissociar Susana da personagem anterior, ela precisou passar uma mudança de visual. Os longos cabelos louros de Luciana se transformaram em um chanel curto, com tons mais escurecidos, para a mocinha Marina.
Além da caracterização da atriz, toda a novela foi muito elogiada pela semelhança com o visual dos anos 1920. Segundo o site Memória Globo, o trabalho da figurinista Zenilda Barbosa foi um dos pontos altos da produção, que se assemelhava muito ao filme Rebecca, a Mulher Inesquecível, lançado em 1940 por Alfred Hitchcock.
De acordo com o jornalista Nilson Xavier, do site Teledramaturgia, a novela foi muito comparada com a obra do cineasta, principalmente por ter se baseado em um livro que, ao que tudo indica, foi plagiado pela autora francesa na qual Hitchcock se inspirou para produzir o longa.
No livro Autores, Histórias da Teledramaturgia, do Projeto Memória Globo, Manoel Carlos se pronunciou sobre o plágio: "Carolina Nabuco escreveu ‘A Sucessora’ e não o publicou imediatamente, porque era uma mulher da sociedade, filha de Joaquim Nabuco. Para ela, [na época] seria muita exposição, mesmo se tratando de uma obra literária. O romance acabou saindo apenas em 1934. Logo em seguida, um editor francês, muito amigo do pai dela, interessou-se pelo livro, pediu para publicá-lo na França e ela autorizou, mandando o romance já traduzido por ela mesma. Algum tempo depois, em 1938, Daphne du Maurier lançou “Rebecca”. E houve uma grande repercussão no Brasil e no exterior sobre a semelhança entre os dois romances. (…) Otto Lara Resende e Álvaro Lins estimularam muito Carolina Nabuco a entrar com um processo, porque era possível provar que seu romance era anterior, mas Carolina não quis", disse.