Em entrevista à Contigo! Novelas, Aline Cunha confessa realização de um sonho ao dar vida a Maybelle no musical Hairspray, em cartaz em São Paulo
Aline Cunha impressiona a todos com a potência de seu canto dando vida a Motormouth Maybelle, no musical Hairspray, em cartaz no Teatro Renault, em São Paulo. A personagem é uma figura central na trama, simbolizando a luta contra o racismo e a gordofobia, com uma mensagem poderosa de inclusão e aceitação. Em entrevista à Contigo! Novelas, a artista confessa que está realizando um sonho.
Percebeu que tinha um talento artístico…
Segundo depoimento da minha mãe, quando eu tinha 3 anos fomos a um show da dona Ivone Lara.
Como estávamos próximos do palco, ela me viu cantando e dançando suas músicas e disse que ali
estava nascendo uma cantora.
Cantou ou atuou profissionalmente…
A primeira vez que cantei de forma profissional foi num grupo chamado Orquestra de Boca. Eu
participei de um concurso de karaokê e um dos jurados me convidou para participar do grupo.
Lá cantávamos músicas de musicais, desenvolvíamos coreografias famosas e trabalhávamos como
garçons cantores. Eu tinha em torno de 13 anos e meus pais ou algum responsável sempre estavam
juntos por eu ser menor.
Entendeu que queria mudar de profissão...
Em 2019, ganhei o KWC – Karaokê World Champions e fui campeã brasileira. Foi a primeira e por
enquanto a única vez que saí do país e ainda representei o Brasil em outro continente! A partir
desse momento, entendi que a música poderia me levar para lugares aonde eu nunca havia pensado
que pudesse chegar.
Ouviu o primeiro ‘não’ profissional…
Como cantora, foi tentando participar do programa Ídolos. Como atriz, realizei um teste para um
musical e não passei, pois, apesar de ter estudado muito, na hora estava tão nervosa que esqueci toda
a letra da música.
Recebeu o primeiro ‘sim’ profissional…
Na área do teatro musical, o meu primeiro ‘sim’ apareceu quando realizei uma espécie de audição
para o musical Se Essa Lua Fosse Minha. Cantei uma música que eu já conhecia, mas não tinha
experiência alguma interpretando um papel. Naquele momento, recebi um voto de confiança e
prometi me dedicar muito para interpretar uma personagem tão marcante [Madrinha] e deu tão
certo que a partir daquele momento comecei a adquirir confiança para passar em outras audições.
Foi abordada por um fã – para foto ou autógrafo – ou se sentiu conhecida…
Após o término de uma sessão do musical Bonnie e Clyde, alguns fãs me abordaram dizendo que
amavam quando eu fazia musicais, sendo que eu tinha feito poucos, pediram que eu autografasse o
livro de um outro musical e se podiam me marcar nas redes sociais.
Se apresentou para um ídolo ou alguém importante…
No último ano do ensino médio, alguns professores da minha escola inscreveram o carro do meu professor de Física no quadro Lata-velha. Para que ele recuperasse o veículo foi necessário que ele imitasse o James Brown e para ajudar selecionaram três dançarinas. Dancei bastante na frente do Luciano Huck, Fly [coreógrafo da Xuxa], e tivemos uma surpresa do Tony Tornado durante nossos ensaios. Pouco tempo depois, o James Brown faleceu e retornamos ao programa.
Pagou um mico em cena…
No musical O Rei do Rock, além de interpretar a Sister Rosetha Tharpe, cobria pequenos personagens, inclusive fãs alucinadas pelo Elvis Presley. Em um certo momento da cena, nós invadíamos o palco atrás dele e um segurança tentava nos impedir, mas eu tropecei no pé dele e caí no meio do palco, mas continuei e engatinhei até a coxia.
Se emocionou com a sua própria arte...
Não que eu não tenha me emocionado antes, mas a mais marcante foi ter visto o público se levantando para aplaudir a cena Eu Sei de Onde Eu Vim nessa montagem de Hairspray por pelo menos uns três minutos.
Se viu como Sister Rosetta Tharpe…
Senti uma responsabilidade imensa de interpretar uma mulher tão importante na história da música
e com pouquíssimas referências por causa da época, mas ao mesmo tempo muito feliz pelo convite e por descobrir que eu tinha características parecidas com as dela. Isso fez com que eu me sentisse
muito forte e influente no palco.
Subiu no palco como Maybelle…
Senti que meus sonhos estavam sendo realizados, pois a Maybelle era uma das personagens que eu
mais sonhei em interpretar, porque Hairspray é o meu filme favorito. Isso fez aumentar muito a minha autoestima e acreditar que sou capaz de fazer qualquer coisa que eu queira.
Foi indicada a um prêmio…
Foi agora no prêmio DID, como Maybelle. Tive muitos sentimentos quando vi meu nome como
indicada entre mulheres tão sensacionais. Uma das sensações foi orgulho das minhas decisões,
pois tive coragem de mudar o que eu não estava satisfeita. Ser uma atriz negra indicada em um
prêmio que destaca talentos do teatro ressalta a diversidade e inclusão em todas as formas da expressão artística.