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Tá bombando! / Teatro

Carol Costa leva Bibi Ferreira para os palcos: 'Liberdade poética’

Em entrevista à Contigo!, a atriz Carol Costa revela bastidores de viver Bibi Ferreira em musical sobre a vida da cantora Clara Nunes

Carol Costa soma mais uma personagem feminina histórica com Bibi em Clara Nunes — A Tal Guerreira - Julio Aracack
Carol Costa soma mais uma personagem feminina histórica com Bibi em Clara Nunes — A Tal Guerreira - Julio Aracack

Depois de viver Patrícia Galvão, a Pagu, no musical Tarsila, a Brasileira, Carol Costa interpreta Bibi Ferreira em Clara Nunes — A Tal Guerreira, que está em cartaz em São Paulo até o dia 29 de setembro. Em entrevista à Contigo!, a atriz revela que se baseou em muito estudo sobre a vida das cantoras e as referências de religiões de matriz africana para ajudar a contar essa história no palco: "Liberdade poética", declara.

Para Carol, interpretar Bibi Ferreira é o maior desafio de sua carreira, já que a atriz não dá vida apenas à pessoa de Bibi, mas também a algumas personas do ícone da arte brasileira. "Existe o desafio de ser uma personagem com mais duas personagens nela mesma dentro da própria história. É uma Bibi que representa mais duas personagens da vida dela dentro da história de Clara. O corpo foi um desafio e uma escolha. A voz também foi um processo de muito estudo e continua sendo", revela.

As outras personagens vividas por Carol dentro do papel de Bibi são Claudina, criança alter ego da musa do teatro, e Joana, da peça Gota D'Água, saídas da mente criativa dos autores Jorge Farjalla e André Magalhães, que trouxeram olhares próprios para o roteiro original. "Para a minha sorte, contei com a ajuda de Deolinda Vilhena, que foi assistente, produtora, amiga de Clara Nunes e Bibi Ferreira, e é homenageada na nossa história. No início dos ensaios, fiz uma ligação de vídeo com Deolinda, que me forneceu muitas informações sobre a relação de Clara e Bibi e me contou sobre Claudina", diz.

Na construção da criança Claudina, a intérprete revela que deu espaço para a liberdade poética, já que não havia muitos registros de Bibi interpretando esse alter ego disponíveis para estudo: "Toda a minha construção de Claudina foi baseada nas informações que a Del me contou, nas fotos que ela me mostrou. Só nós temos acesso por ser de acervo pessoal. Não tive acesso a vídeos de Bibi fazendo essa criança. Então, criei com muita liberdade, me baseando nas informações que tive e capturando algo nas fotos", explica.

É nesse momento da interpretação que Carol se aproxima da religiosidade: "Na peça, usamos da liberdade poética dessa criança ser uma Erê também, já que as religiões de matriz africana permeiam o universo de Clara e no musical temos esse resgate. E o mais legal disso tudo é a curiosidade do público e a dúvida. Muitas pessoas já me perguntaram se a Bibi incorporava essa criança. Deixa no imaginário das pessoas, né? Quem sou eu para dizer que não?", reflete.

A intérprete reforça a importância da preparação vocal para estar no musical, já que seu trabalho no palco dura quase todo o espetáculo. "Nosso preparador vocal Rafa Miranda me ajudou com a escolha da voz dessas 3 personagens. Bibi, Joana e Claudina. Fizemos um trabalho vocal que fosse sustentável e saudável durante toda a peça, que dura duas horas, e não saímos de cena praticamente. Então, existe um desafio de sustentar esse corpo, essa postura, essa atitude, na fala, no olhar, nos gestos que cada uma dessas personagens pede durante duas horas em cena", revela.

Carol Costa contracena com Vanessa da Mata em Clara Nunes — A Tal Guerreira - Priscila Prade
Carol Costa contracena com Vanessa da Mata em Clara Nunes — A Tal Guerreira - Priscila Prade

Carol destaca que sua interpretação foge do óbvio e o público pode esperar uma Bibi com "muitas facetas, algumas que as pessoas ainda não conhecem". "A zona de conforto aqui não existe. Entrego uma Bibi comprometida com a sua arte, que respeita o ofício que é a sua vida. Que se entrega a si mesma em cena e se entrega intensamente para o outro. No musical, a Bibi dirige, atua, toma a palavra, conduz, brinca, debocha, dança, festeja e, ao mesmo tempo, revive saudosamente a vida de Clara Nunes e homenageia o teatro brasileiro com a sua presença", compartilha.

O peso de viver uma personalidade como Bibi Ferreira é reconhecido pela intérprete, que define a estrela como "patrimônio das artes cênicas". "É exemplo de artista, profissional para nós artistas. Nós artistas, mulheres principalmente. Foi uma das primeiras mulheres a dirigir peças de teatro na época, o que abriu caminhos para outras mulheres. Toda essa força, autenticidade, domínio da palavra, do palco, eu tentei imprimir na nossa Bibi. E claro, sempre pedindo licença para ela", completa.