O cantor lança o EP Começou Tem Que Ter Fim e fala sobre suas referências e hábitos nostálgicos
A estética ímpar de Bruno Del Rey é, talvez, uma das coisas que mais chama atenção no cantor. Mas, a pergunta que fica é: será que ele é assim mesmo, no dia a dia, ou é apenas palcos, shows e fotos de divulgação? "Se você entrar na minha casa, ver meu guarda-roupa e bater um papo comigo por cinco minutos, você vai ver que não é marketing (risos)", diz o cantor, que lançou seu segundo EP da carreira solo, o Começou, Tem Que Ter Fim. "Até o meu sobrenome é meio vintage! Cresci com essas referências bem antigas e acho que meu corpo foi absorvendo por osmose! Meu novo trabalho carrega muito as minhas raízes, ouvia meu pai, que é músico também, tocando Bossa Nova, Blues e por aí vai.. Nada mais eu do que essas três músicas."Começou Tem Que Ter fim, Escape From Romance e A Pia são as faixas integrantes do EP, que foi gravado quase que inteiramente ao vivo, com equipamentos analógicos e instrumentos vintage.
Confira o nosso papo com o cantor!
CONTIGO - Por que ser tão nostálgico? Como você assumiu o seu lado 'old school'?
Bruno - Não tem um motivo tão objetivo para a minha estética ou um momento que eu me 'assumi'. É como se eu tivesse nascido em 1950, 1960 e não me vejo de outra maneira. Essa estética sempre me atraiu, sem contar as influências que eu sempre tive. Cresci ouvindo bandas dessas épocas e meu pai também me mostrava muita coisa da Bossa Nova. E acabei desenvolvendo minha musicalidade assim!
CONTIGO - Seu novo trabalho tem muito desse mix, não?
Bruno - Com certeza! Trouxe muitos elementos do Soul americano também. Ou seja, não é algo só de fachada, mas sim quem eu sou. Se você entrar na minha casa, ver meu guarda-roupa e bater um papo comigo por cinco minutos, você vai ver que não é marketing (risos). Sou o cara dos ternos, da gravatinha fina de crochê... Na música, eu busquei isso também, de maneira ainda mais intensa, pensando nos arranjos e composições, no jeito de cantar e, até, no formato de gravação que chegasse o mais próximo possível desse som, que, de forma revisitada e elegante, olha para trás, mas propõe-se para frente.
CONTIGO - Como foi o processo de gravar quase que ao vivo o EP todo?
Bruno - Confesso que gravar ao vivo dá muito mais energia do que todo aquele processo 'normal', um instrumento por vez. Eu e toda banda e equipe tivemos que pesquisar muito como chegar na sonoridade específica. Técnicas de gravação, modelos instrumentos usados, deu um trabalhão na pré-produção, mas o resultado foi aquilo que eu imaginava! Acho que conseguimos deixar a energia daquele momento na gravação.
CONTIGO - As letras são sobre reflexões amorosas, certo? Então, depois desse processo, como o Bruno enxerga o amor em 2018?
Bruno - (risos) É, foram boas reflexões! Essas canções foram escritas na época após o término de um longo relacionamento. Foi uma fase difícil, mas também de uma transformação importante. Quis deixá-la direta, sem rodeios e poucas metáforas. Então, pra mim, amor é algo extremamente essencial e uma necessidade para todo o ser humano. Seja o amor ao outro, seja o amor próprio. A gente precisa ter . paixão pela vida! No entanto, o amor vem sempre com uma consequência meio dolorosa, ou seja, a gente não tem que ter receio de se entregar, de viver, mas é sempre bom lembrar que podemos sair machucados. Eles fazem parte da vida!
CONTIGO - Por isso o título tem a expressão 'tem que ter um fim'?
Bruno - Na verdade, eu queria mostrar uma coisa mais 'talvez ou deve ter um fim', sabe? Não foi uma imposição, mas a vida é assim, feita em ciclos, que, em algum momento, vão se fechar. As coisas começam e acabam, então, é importante viver de verdade sempre!
CONTIGO - E você ouve alguma coisa atual?
Bruno - Ouço sim, não só para curtir os sons, mas também para saber o que está acontecendo no mercado musical. Ultimamente, estou ouvindo The Baggios, Arthur Matos, Tulipa Ruiz, Leon Bridges e Lianne La Havas. Mas, não dá para deixar os clássicos de lado. O meu top 5 é Sam Cooke, Charles Bradley, Stray Cats, Billie Holiday e Tim Maia, o mestre do Soul brasileiro! E o extra, Caetano Veloso, que me trouxe muita bagagem poética!