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Papo Aberto: Xenia França - Sem definições e muito empoderamento

A cantora, que será uma das atrações principais do Coala Festival, falou sobre seu disco de estreia, Xenia

Por Tainá Goulart Publicado em 28/08/2018, às 16h35 - Atualizado em 06/03/2020, às 15h22

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Papo Aberto: Xenia França - Sem definições e muito empoderamento - Tomas Arthuzzi
Papo Aberto: Xenia França - Sem definições e muito empoderamento - Tomas Arthuzzi

No sábado (1), Xenia França vai subir no palco do Coala Festival com uma grande responsabilidade, a de preceder ninguém menos que Gilberto Gil... Pelo menos para si mesma, já que é muito fã do cantor. "É uma responsa e tanto cantar no mesmo palco que o Gil. Estou sonhando com isso! Ele é patrimônio cultural do Brasil e a música dele me acompanha desde que eu me conheço por gente! Exotérico, Eu Preciso Aprender a Ser Só... são tantos hinos, não dá para escolher um único!", revelou ela, em entrevista exclusiva à CONTIGO!

Para a cantora, cujo início da carreira se deu com a banda Aláfia, é também um presente poder ter lançado seu primeiro álbum solo e já alcançar tanta gente com a sua música, em tão pouco tempo. "O convite para tocar no Coala é um sinal de que estou chegando no meu público. Integrar um Lineup tão incrível é um sonho realizado, além de ser uma vitrine massa."

Confira o papo!

CONTIGO - Como você encara o título de 'disco manifesto da cultura negra'?

Xenia - Ouço muitas coisas sobre o meu disco. Aliás, muitas pessoas têm essa necessidade de encaixar ele em algum lugar, mas eu sou uma pessoa livre. Eu me coloco à disposição de ser uma expressão de um universo que eu vivo... De poder cantar o que eu vivo, entende? Sou uma mulher negra, nordestina e isso está expresso no meu trabalho de forma contundente. Mesmo se eu tivesse feito um disco inteiro de amor, cheio de romantismos, ainda sim seria também um manifesto politico. Especialmente, por conta do meio que eu estou inserida

CONTIGO - Então, como você descreveria esse disco, no lugar de encaixá-lo?

Xenia - Para mim, esse disco é maior do que um material artístico, é uma expressão de uma cultura ancestral, de tudo o que vem antes. E esses universos foram as minhas maiores influências... a mãe que me criou, o meu avô, bisavô... e tudo isso está manifestado no povo negro. Eu sou fã da Nina Simone e ela sempre dizia que gostaria de ter trabalhos que ultrapassassem o tempo. Tenho o mesmo pensamento! 

CONTIGO - Como é, para você, ser uma inspiração para tantas mulheres, não só cantoras?

Xenia - Confesso que já tive muito medo de me colocar nesse termo de 'influenciadora', pois eu sou um ser humano, que é passível de muitos erros. Mas, uma tônica da minha vida é conseguir agir e me comportar da maneira como eu falo, tenho consciência da pessoa que eu sou e faço questão de expressar esses aprendizados para outras pessoas. Se isso é influenciar ou inspirar, vou continuar! Porém, eu preciso me conhecer primeiro, para poder mostrar o que eu acredito. Então, considero como um processo.

CONTIGO - O que é empoderamento feminino na sua música?

Xenia - Essa visibilidade é nova e tenho prazer de poder abordar esses e tantos outros temas nas minhas músicas. Falo mesmo do corpo feminino, do corpo preto feminino... E eu tenho esse papel como artista, de falar sobre aquilo que eu credito. As representações pretas e femininas ainda são muito escassas. 

CONTIGO - A sonoridade de Xenia é muito particular, com várias referências ancestrais da música afro. Como você concebeu essa mistura?

Xenia - Geralmente, artistas negros que se apropriam das suas raízes são chamados de étnicos. Eu não ligo para essa nomenclatura, eu ligo mais para o som que eu construí. Muitas pessoas brancas ficaram conhecidas por usarem elementos da arte negra e eu queria falar sobre o que eu sei, Jazz, Iorubá... Então, a escolha que eu fiz foi fazer uma grande colagem das minhas ancestralidades.