Pedro Neschling diz que não se imaginava mais fazendo novelas: 'Caiu do céu'

Afastado das novelas há uma década, Pedro Neschling, que nem se imaginava atuando no gênero novamente, retornou como Eriberto no remake de Renascer, da TV Globo. Em entrevista à Contigo! Novelas, o ator se diverte ao citar os elogios que recebe e defende a importância de falar sobre deficiência auditiva.

Depois de dez anos, você está de volta às novelas, como o Eriberto de Renascer. O que fez nesse período afastado da TV, dedicado ao seu lado escritor?

Nesse tempo em que estive afastado como ator das novelas, eu estava dedicado aos bastidores, escrevi
em novela [Ele foi colaborador de Salve-se Quem Puder], escrevi séries, filmes. Foi um período positivo,
de muita realização artística. Para ser sincero, eu já nem me imaginava mais fazendo novela como ator
quando pintou esse convite, que acho que caiu do céu. Isso é para a gente aprender que na vida não
planejamos tanto assim as coisas. Surgiu esse convite incrível para participar dessa obra que é tão icônica na nossa teledramaturgia, com um elenco fabuloso. É o projeto certo no momento certo. Não consigo imaginar momento melhor para estar voltando. 

Como foi voltar ao ritmo de gravação de novela?

Um frio na barriga tremendo, parece que estava na minha primeira novela de novo. Eu estava me sentindo como se fosse a primeira e a última. É uma sensação muito gostosa, ao mesmo tempo, muito leve, porque, pela primeira vez na minha vida, acho que estou conseguindo realmente aproveitar cena a cena, dia a dia, curtindo todo o processo. Quando eu era mais novo, às vezes ficava muito nervoso e hoje em dia isso passou. Eu estou aproveitando, me divertindo.

Recentemente, você revelou sua questão com a audição. Qual é a importância de usar a sua visibilidade para falar sobre o assunto?

É engraçado porque não foi nem recente, falo sobre isso há muito tempo, mas acho que recentemente
tomou uma maior repercussão. Para mim é uma alegria poder falar sobre isso, um alívio quase, porque eu sou surdo provavelmente a vida inteira. Eu descobri a minha surdez, a minha deficiência, com 18 anos e só aos 30 comecei a usar os aparelhos auditivos que uso hoje, que me ajudam a ter uma vida social muito mais confortável. E eu acho que, no Brasil, a gente ainda está tão longe de ter uma sociedade que, de fato, presta atenção às pessoas com deficiência, então me sinto quase que na obrigação de falar sobre isso, porque você precisa de feedback de gente que fala assim: ‘Poxa, eu tinha tanta vergonha’. Ou tem um pai, uma mãe, um filho que tem esse problema. E no momento que você começa a falar e desmitifica um pouco isso, a gente se sente mais confortável para tocar no assunto. Acho que temos que evoluir como sociedade, temos que olhar para as pessoas com deficiência como pessoas iguais. Não somos nós, pessoas com deficiência, que temos que nos adaptar, a sociedade que tem que nos acolher. Então, quanto mais a gente falar nesse assunto, mais a sociedade evolui, mais o assunto ganha dimensão.

Nas redes sociais, sempre viralizam fotos suas com comentários dizendo que você está bonito, que envelheceu como vinho. Como encara esses elogios? Se diverte com eles?

Muito! Pra mim rede social é isso, é um recorte da nossa vida e acho que não é pra gente levar tão a sério. Então aproveito tanto para falar de assunto sério, muito importante da sociedade, como minha deficiência auditiva, como política, quando vejo necessidade. Mas, ao mesmo tempo também, poxa, quem não está a fim de biscoitar um pouquinho, receber elogios? Cada vez que eu posto essas fotos e tem essas brincadeiras eu me divirto muito.