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Famosos / ENTREVISTA

Namoradas, Tati Villela e Mariana Nunes trabalham juntas no teatro: 'Vida intensa'

Em entrevista à Contigo!, Tati Villela conta como é trabalhar ao lado da namorada, Mariana Nunes, e avalia a possibilidade de voltar à TV

por Mariana Arrudas

Publicado em 17/07/2024, às 17h15

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As atrizes Tati Villela e Mariana Nunes - Foto: Reprodução/Instagram @tativillelaa
As atrizes Tati Villela e Mariana Nunes - Foto: Reprodução/Instagram @tativillelaa

Conhecida por interpretar Naira em Vai na Fé (Globo, 2023), Tati Villela (36) agora divide a vida e os palcos com a namoradaMariana Nunes (43), destaque de Todas as Flores (Globoplay, 2022). Além da parceria, ela também prepara novos projetos e poderá ser vista nos cinemas em agosto deste ano.

Ao lado da namorada, Tati Villela está cartaz com Amor e Outras Revoluções, em São Paulo, até o dia 24 de julho. Ela conta que o projeto começou a circular em 2022, porém, antes mesmo das exibições começarem o texto já era dividido com Nunes.

"Somos muito parceiras e precisamos trabalhar muito a escuta para as coisas darem certo. Em época de apresentações nos divertimos bastante trabalhando, a Mariana é muito atenciosa e traz um olhar muito sensível para esse trabalho", diz, à Contigo!. "Aprendo muito com ela desde a cena à vida. E a gente segue numa vida intensa tentando conciliar namoro, cinema, tv e teatro."

Leia também: Atriz de Todas as Flores, Mariana Nunes encara sofrimento de personagem em filme: 'Dor'

Além da produção teatral, ela também poderá ser vista nos cinemas, em agosto, no longa De pai para filho. Na trama, ela divide cena com Juan Paiva (26), interpretando a mãe de seu personagem. Para ela, o filme trouxe, além de uma nova etapa na amizade com o artista, muito aprendizado em sua carreira como atriz.

"Faço uma personagem que viverá três fases diferentes da vida. Ela jovem, mais velha e no hospital em estado terminal. Tive que fazer algumas caracterizações e trabalhar o estado do mesmo personagem em momentos totalmente diferentes. O desafio foi dar o peso necessário para cada fase da personagem", completa ela, acrescentando que as cenas favoritas foram as da personagem adoecida.

Villela também reconhece a importância de trabalhar por trás das câmeras e palcos, como autora e dramaturga. Ela usa seu espaço para contar histórias que coloquem as narrativas negras no centro da cena, contando histórias que, por muito tempo, não foram contadas ou foram apagadas.

"A frase de que somos os sonhos de quem veio antes de nós se faz muito presente em minha vida. Eu continuo uma história política e de afeto. A partir da minha subjetividade de mulher, negra, cientista, atriz, dramaturga."

Abaixo, Tati Villela dá mais detalhes sobre o espetáculo Amor e Outras Revoluções, comenta suas facetas múltiplas no trabalho artístico, abre sua relação com as redes sociais e ainda revela próximos projetos. Confira trechos editados da conversa.


No teatro, você divide os palcos com Mariana Nunes em Amor e Outras Revoluções. Como tem sido trabalhar nesse espetáculo?
Tem sido enriquecedor chegar nesses lugares e ver o quão a peça é importante para aquelas pessoas. Que as pessoas saem reflexivas e querendo falar mais sobre o amor e entender para além do romântico, entendê-lo ou não em sua completude. A peça desperta um sentimento em quem a assiste, pois, as pessoas se veem nela. Eu falo sobre o amor universal e pondo duas mulheres negras no centro da cena fazendo com que isso reverbere em outras camadas e traga identificações. Crescemos vendo o amor sendo representado por corpos brancos e nesse trabalho é o inverso, despertando o mesmo sentimento de amor.

Em agosto, você está nos cinemas com De pai para filho, uma trama de Paulo Halm. Na história, você interpreta a mãe de Juan Paiva. Como foi trabalhar com ele?
O Juan é um amor. Super camarada em cena, amigo, gentil, respeitoso e concentradíssimo. Eu amei trabalhar com ele. Fazíamos as nossas cenas na maior harmonia. Íamos juntos, olho no olho, lágrima dor e risadas. As nossas cenas eram na maioria cenas tristes onde eu que faço a mãe estava no hospital e o personagem dele cuida dessa mãe doente. A gente já se conhecia, mas a partir dali, construímos um novo afeto e amizade.

Qual a importância de atuar para além dos palcos e telonas, sendo dramaturga e autora também?
Sou uma mulher muito múltipla que o Brasil insiste em apagar ou encaixar em determinado tipo de caixas. A narrativa que eu escrevo é única e por isso tantas pessoas que vão assistir se identificam. Eu estou fazendo histórias e escrevendo peças teatrais que falam sobre o amor numa perspectiva negra. Nesse momento de agora eu sou a única dramaturga negra no Brasil que tem dois trabalhos onde o foco é o amor na população negra, que para além abordam a sensibilidade do corpo negro, o intelecto, política e a poesia. Tenho recebido inúmeros depoimentos de pessoas que assistiram as peças Amor e outras e Revoluções e Amor de Baile e se identificaram de tal forma a ponto de achar que havia uma câmera escondida em suas casas. As pessoas, especificamente negras, saem muito tocadas por terem a possibilidade de se ver representadas, de fazer paralelos com seus sentimentos, já que fomos condicionados a nos identificar com corpos brancos heteronormativos a vida inteira. Quando você se vê refletido, você até chora. Quando eu vou assistir à peça Amor de Baile, pois não estou em cena e apenas na dramaturgia, eu fico olhando a reação das pessoas, mais precisamente das mulheres negras. Nossa, os olhos dela brilham. É importante dizer também que todas as pessoas que vão assistir aos trabalhos se identificam, e quando são as pessoas brancas, por exemplo, a identificação é a mesma, elas saem felizes com a mensagem, se identificam, mas agora elas não estão no centro. Acredito muito na importância desse meu trabalho na escrita onde eu falo a partir da minha subjetividade e consigo universalizar os temas.

Recentemente, você esteve na novela Vai na Fé. Tem vontade de voltar à TV ou pretende continuar mais no teatro e cinema?
Gostei muito de fazer novela, acredito que em breve eu volto para as telinhas de novo. Tenho feito mais cinema e teatro e gosto demais. É interessante e merecedor você fazer outros trabalhos entre um na TV e outro, porque TV é muito intenso, você precisa ter dedicação total, então é bom dar uma respirada e se alimentar de outros tipos de arte. Eu sou uma multiartista, eu crio projetos, eu dou mentoria dramatúrgicas, cursos de escritas, escrevo poesias, participo de saraus então eu preciso também ter tempo para expandir toda a minha arte eu sou um turbilhão e fico muito feliz de o público estar conhecendo todas as minhas facetas artísticas. Entendi que a gente não precisa ser uma coisa só como a sociedade tenta nos moldar. Somos imensidão e somos oceanos.

Você é bastante discreta quanto a vida pessoal. Qual sua relação com as redes sociais?
Não gosto de expor tudo da minha vida pessoal, as pessoas são muito invasivas. E não gosto de acreditar nessa mentira toda que são as redes sociais. Muita hipocrisia. Vejo amigos postando coisas totalmente diferentes das realidades. Eu posto uma viagem, uma festa e trabalhos. Minhas redes têm muito mais sobre trabalho do que de mim. Sou uma mulher tímida também, a depender da ocasião. Penso muito antes de postar sobre a relevância daquilo. As pessoas são muito fúteis e mentirosas nas redes, eu gosto de ser real e sincera. Stories, se for de coisas boas, só posto depois que já aconteceu [risos].

Você tem novos projetos que possa contar?
Estou produzindo o meu próximo espetáculo, onde eu assinarei a minha primeira direção também junto ao texto e dramaturgia. Estou escrevendo um novo livro de contos, porque o livro Pretamorfose já tem três anos, e as pessoas me cobram outro. Nas minhas próximas férias eu vou terminar esse meu próximo livro que está cheio de história deliciosas. [Além disso], em meados de agosto entrarei em cartaz com o espetáculo no Mezzanino de Sesc Copacabana, com três artistas incríveis da cena contemporânea de teatro: Adassa Martins, Miwa Yanagizawa e Laura Samy. Todas com história linda com o teatro com a arte com a dança, quatro mulheres em cena, investigando as histórias dos salineiros e das salinas ali de Cabo Frio, como torna o pano de fundo sobre afeto reprimidos, relação familiar, trabalho na sociedade, capitalismo e afetos de pai e filhos. Estou bastante otimista com esse trabalho. As pessoas precisam saber das histórias que não foram contadas. O teatro tem o objetivo de reflexão e devolução da sociedade. Fico feliz de estar em trabalhos que me completem que estão aí para dizer sobre algo de relevante para a sociedade e construir novos saberes.