Trama era baseada em livro de Paulo Coelho, mas sucesso editorial não se refletiu na TV e o alto custo para produção agravou situação da emissora
Publicado em 10/08/2024, às 07h30
Em 11 de agosto de 1998, a finada TV Manchete lançou Brida como sua nova novela das sete. A obra era baseada em um best-seller de Paulo Coelho, mas a boa repercussão do autor não se refletiu na TV e a novela representou um grande prejuízo para a emissora, que já enfrentava problemas financeiros e administrativos.
A produção foi problemática em muitos aspectos, tanto em sua concepção como na repercussão com o público. Primeiro, ela estreou no horário das sete, que não vingou e foi cancelado. Com a mudança na grade, Brida passou para as 22h20.
Além da inconsistência na exibição, a novela enfrentou mudança de autores: começou a ser escrita por Jaime Camargo, que conduziu a história até o capítulo 14, depois passou para as mãos de Sônia Mota e Angélica Lopes, escolhidas para gerar mais identificação com o público feminino.
A trama envolvia magia, reencarnações e lendas sobre bruxos, enredo quase impossível de ser explorado em uma novela da atualidade. Para as gravações, a equipe precisou filmar cenas na Irlanda, o que aumentou consideravelmente os custos de produção.
Nos padrões da TV Manchete, a obra só seria rentável com a verba de patrocinadores, mas o contrato fechado entre a emissora e as marcas delimitava que o incentivo seria disponibilizado mediante a boa audiência da trama — o que não foi atingido.
A previsão da equipe que aprovou a novela era de que ela alcançasse dez pontos, mas o ibope parou de crescer quando chegou nos dois. Assim, o canal não tinha patrocínio para mantê-la e, mesmo recorrendo a elementos antigos para aumentar a audiência, ela não emplacou, o que rendeu à Manchete um grande prejuízo.
Com tantos problemas, a direção da rede optou por tirar Brida do ar e interrompeu a exibição da trama, oferecendo aos telespectadores uma narração que explicava o desfecho da história. Logo foi anunciada uma reprise do sucesso Pantanal, que começou a ser exibida no mesmo horário da obra cancelada.
Apesar de ser lembrada como a novela que culminou no fim da TV Manchete, as demais faixas da emissora também sofriam com um esvaziamento de conteúdo. O que agravou, de fato, a situação da emissora foram os juros das dívidas feitas pela direção. Aliado aos problemas da novela, os juros ocasionaram uma greve de funcionários por falta de salário e o fim da emissora em maio de 1999.
