Record conquistou o público com nova versão de novela de sucesso da Globo produzida com antigos profissionais da emissora rival
Publicado em 18/10/2024, às 15h23
Em 18 de outubro de 2004, há 20 anos, a Record voltava a investir em seu núcleo de dramaturgia e retomava novelas com uma nova adaptação de Escrava Isaura, que conquistou a audiência e chegou a incomodar a Globo.
A trama baseada na obra de Bernardo Guimarães havia sido adaptada pela Globo em 1976, pelas mãos do autor Gilberto Braga, e Record decidiu se basear no sucesso para construir sua própria versão da novela.
Como revela o jornalista Nilson Xavier, do site Teledramaturgia, com Escrava Isaura, a Record decidiu deixar de terceirizar seu núcleo de novelas depois do fracasso com Metamorphoses. Para a adaptação, a emissora contratou antigos profissionais da Globo — e chegou a conquistar o diretor da versão original de Escrava Isaura, Herval Rossano.
O diretor foi contratado como diretor-geral de dramaturgia da Record e investiu muito na readaptação da obra, que, segundo ele, não havia sido perfeita na primeira versão. Xavier resgata uma entrevista do diretor: “Não me lembro de Escrava Isaura, é a novela de que menos gosto. Prefiro Maria Maria [de 1978]”, disse na época. “Ela não tem qualidade. Usamos um equipamento inferior. Nos Estados Unidos, eles até perguntaram se a noite brasileira era azul. Puro erro de fotometria. Temos outros recursos técnicos além de estarmos livres da censura, que em 1976 podou muitas cenas”, revelou.
Inicialmente, o objetivo da emissora era retomar o público e subir os números da audiência do canal, mas com essa novela, a Record atingiu muito além do esperado. Ela tirou o SBT do segundo lugar no ranking de audiência e atingiu marcas que a colocaram no mesmo nível que a Globo, maior emissora do país.
A concorrência acirrada, segundo Xavier, movimentou o mercado televisivo e rendeu uma audiência mais espalhada pelos principais canais de televisão brasileiros. Escrava Isaura da Record foi uma adaptação única e com novos detalhes na história, o que pode ter aumentado o interesse do telespectador.