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Novelas / Em 2015

Novela da Globo previu desastre natural no Rio de Janeiro há 15 anos

Globo gravou cenas de enchente para novela dois meses antes de desastre natural atingir Rio de Janeiro e matar mais de 200 pessoas

Cena de Escrito nas Estrelas - Reprodução/Globo
Cena de Escrito nas Estrelas - Reprodução/Globo

Em 12 de abril de 2010, há 15 anos, a Globo estreava Escrito nas Estrelas como sua nova novela das seis. Escrita por Elizabeth Jhin, o folhetim tinha como pano de fundo o romance dos protagonistas e uma trama espírita que conquistou o público. Por acaso, a obra teve cenas de enchentes e previu desastre natural no Rio de Janeiro dois meses antes de tragédia acontecer na vida real.

Ficção e realidade

Como relembra o jornalista Nilson Xavier, do Teledramaturgia, Escrito nas Estrelas estreou alguns meses após o Rio de Janeiro viver uma das maiores tragédias climáticas da época: uma enchente devastadora que matou mais de 200 pessoas.

A coincidência trágica, segundo Xavier, marcou profundamente a estreia da novela. Isso porque os primeiros capítulos exibiram cenas de alagamentos em um morro carioca, exatamente como aconteceu na vida real. O Teledramaturgia destaca que as cenas não foram imagens captadas durante o desastre, mas gravadas dois meses antes.

As cenas mostravam a jovem Viviane (Nathalia Dill), moradora de uma comunidade no alto do morro, enfrentando a violência da chuva, com lama invadindo as ruas e desespero entre os moradores. Muitos telespectadores chegaram a acreditar que a produção havia incorporado imagens reais da tragédia ao roteiro, mas não: o que se viu na TV era pura ficção gravada com antecedência. 

Espiritualidade e ciência

Apesar da sombra deixada pela tragédia, Xavier afirma que Escrito nas Estrelas seguiu sua trajetória com sucesso, conquistando audiência e elogios por seu equilíbrio entre drama e espiritualidade. Elizabeth Jhin, já conhecida por explorar temas humanos, desenvolveu a trama a partir de um questionamento ético e espiritual. "A história surgiu a partir da leitura de um artigo sobre reprodução humana e os aspectos éticos ligados à ciência genética. Pensei em como seria uma mulher gerar um filho com o sêmen de um homem já falecido e comecei a me perguntar sobre as implicações de um ato desses na esfera espiritual”, revelou em entrevista a Xavier.

Ainda de acordo com o Teledramaturgia, a novela chegou em um momento propício: 2010 também marcou o sucesso de grandes produções espiritualistas no cinema brasileiro, como Chico Xavier e Nosso Lar, além da série A Cura, de João Emanuel Carneiro.

A TV Globo, sensível ao espírito do tempo, encontrou em Escrito nas Estrelas a possibilidade de unir entretenimento, reflexão e representatividade de crenças populares no Brasil. O espiritismo, embora pano de fundo, abriu espaço para reflexões sobre vida após a morte, destino e o que há além da existência material.

O impacto foi sentido até fora da ficção. Xavier relembra que, logo após a estreia da trama, programas jornalísticos como o Fantástico passaram a discutir os avanços da ciência genética e a polêmica sobre a utilização de material genético de pessoas falecidas. Assim, a novela também cumpriu a função social de educar sobre o tema.

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