Mesmo com personagem importante na novela, diretor da Globo decidiu demitir atriz por excesso de faltas e interprete nunca mais trabalhou na emissora
Publicado em 29/10/2024, às 15h17
Em 29 de outubro de 1990, há 34 anos, a Globo estreava Meu Bem Meu Mal como sua nova novela da até então existente faixa das 20h30. Escrita por Cassiano Gabus Mendes, a trama focava em um enredo recheado de vinganças e amores entrelaçados. Uma das personagens centrais da trama, a socialite Mimi Toledo, acabou sumindo após demissão da atriz que a interpretava.
Ao que indica a versão da Globo, Ísis de Oliveira, atriz que dava vida à socialite, foi demitida por excesso de faltas no trabalho e problemas com a equipe de produção. Como resgata o jornalista Nilson Xavier, do site Teledramaturgia, assim que o contrato da atriz estava de fato rompido com a emissora, o autor mandou uma indireta para a intérprete através da novela.
Na cena, o personagem Toledo (Sérgio Viotti), marido de Mimi Toledo no folhetim, diz que a esposa foi para a Europa e não voltaria mais. Questionado por Doca — personagem interpretado pelo próprio autor da trama — sobre como uma esposa poderia ser demitida, ele completa com: "Digamos que foi demitida por excesso de faltas ao trabalho".
Depois dos problemas nos bastidores, a atriz nunca mais esteve em nenhuma novela da Globo. Posteriormente, Ísis revelou que a história da demissão não aconteceu como foi difundida. Segundo a atriz, ela havia combinado com o diretor Paulo Ubiratan que passaria férias de fim de ano em Lisboa, o que ele acatou sem apontar problemas. Quando retornou para o Brasil e para as gravações, entretanto, ela foi recebida de cara feia e acabou sendo demitida.
Com a saída de Ísis da novela, outra atriz também decidiu abandonar o folhetim: Luma de Oliveira, irmã de Ísis na vida real. Sua personagem, Ana Maria, recebeu um destino diferente do sumiço dado a Mimi e acabou assassinada. Na época, a Revista Contigo! noticiou que a demissão não teve relação com a saída da irmã, mas sim pela gravidez recente da atriz.
Independente dos motivos para a saída, os desfalques prejudicaram o desenrolar de Meu Bem Meu Mal. Como uma das personagens envolvidas no enredo de vingança da novela, encabeçando um plano contra Isadora (Silvia Pfeifer), a ausência de Mimi fez com que o autor destinasse a vingança para outros personagens, o que, segundo Xavier, foi uma decisão incoerente com a personalidade da dupla escolhida: Berenice (Nívea Maria) e Toledo (Sérgio Viotti) se tornaram os responsáveis por dar continuidade ao plano, mas eram bondosos demais.
Mas mesmo com as dificuldades, a trama foi concluída e marcou a teledramaturgia brasileira — seja pelos perrengues dos bastidores ou pela icônica frase "eu quero melão!", dita por Lima Duarte como o personagem Dom Lázaro Venturini.
Leia também: Governo exigiu que Globo matasse protagonista de novela que estreou há 53 anos