Paschoal da Conceição revela detalhes da morte do amigo; ele comoveu os telespectadores com o relato forte
O ator Paschoal da Conceição se emocionou ao participar ao vivo do Conexão GloboNews exibido nesta quinta-feira (6). Ao vivo, ele se despediu do amigo Zé Celso. O ator também fazia parte do time de frente do Teatro Oficina.
Segundo o veterano, os dois passaram o dia antes do incêndio juntos procurando um espaço para montar um novo espetáculo. Eles planejavam encenar uma adaptação de A Queda do Céu, escritos organizados por um antropólogo a partir de falas do xamã Davi Kopenawa.
"A preocupação dele era encontrar um lugar para a gente encenar A Queda do Céu e nós estávamos em busca de um lugar alternativo para começar um ensaio em agosto. A gente foi atrás desse lugar e ele foi dormir cedo, as sete da manhã, e não posso dizer que ele acordou com o incêndio porque o fogo consumiu todo o quarto. Ele foi imediatamente entubado e dormiu. Continuou dormindo. Não acordou mais", declarou ele muito emocionado.
Paschoal da Conceiçãoentão lembrou que esse foi a última preocupação do ator, um espaço para continuar trabalhando, já que o Oficina estava ocupado por outra apresentação. "Zé ainda tá sonhando com a montagem da peça, porque tudo era esse sonho", disse.
Diante do sofrimento do amigo que teve mais de 50% do corpo queimado, ele se emocionou. "É um sofrimento. Imagina você acordar e se queimar e sofrer tudo o que você sofre. A gente fica absolutamente comovido. Essa despedida tão trágica, ela abala, mas nos coloca diante da importância que ele tem no mundo todo. Estamos passando por tantas coisas difíceis, tantas mortes (…) a vida é muito trágica, ela exige que a gente continue trabalhando e ele deixou tantas coisas para serem feitas, tantos trabalhos", lamentou ele muito emocionado.
O dramaturgo e ator Zé Celso Martinez faleceu nesta quinta-feira (06), dois dias após ser vítima de um incêndio no apartamento em que morava. Aos 86 anos, o artista não resistiu aos ferimentos e morreu na UTI. Ele faleceu na manhã desta quinta-feira, encerrando uma longa e marcante carreira no teatro, com destaque para a liderança do Teatro Oficina desde os anos 60.
A trágica morte do artista aconteceu exatamente um mês depois do casamento com o diretor Marcelo Drummond. Os dois se conheceram em 1986 e, desde então, viviam juntos.
Após 37 anos de relacionamento, eles resolveram oficializar a união no dia 6 de junho com uma cerimônia não-convencional no Teatro Oficina, que foi fundado pelo artista em 1958 - no entanto, eles já eram casados no civil. "Já somos marido e marido, casamos no civil. Agora falta casar perante o público", disse o veterano em entrevista ao jornal Estado de Minas, em maio deste ano.