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Críticas / OPINIÃO

Opinião: Ao apagar diversidade, produções da Globo perdem função social e ajudam conservadorismo

Produções da Globo perdem função social; historicamente, novelas sempre foram espaços de discussão saudável

Gustavo Assumpção

por Gustavo Assumpção

gassumpcao@caras.com.br

Publicado em 21/11/2023, às 09h37

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Cúpula da Globo apaga diversidade e - Reprodução/ Instagram
Cúpula da Globo apaga diversidade e - Reprodução/ Instagram

As produções da Globo exibidas em 2023 ficarão marcadas por decisões controversas tomadas pela alta cúpula da emissora nos bastidores. Em ao menos quatro oportunidades, tramas e programas foram editados e personagens apagados após decisões da direção. 

A mais nova vítima da onda conservadora que está higienizando as tramas da emissora é o casal Mara (Renata Gaspar) e Menah (Camilla Damião), que começaram a conquistar o público em Terra e Paixão. A aproximação romântica entre as duas foi encerrada antes de chegar ao clímax.

Quem contou a história foi a própria Renata Gaspar, que se mostrou claramente insatisfeita com a decisão. "Amores, Mara e Menah não terão mais trama na novela. Acho que quando tudo acabar falaremos mais do que passamos. Mas é isso, viramos as tias, que ficam de fundo na festa e ninguém pergunta sobre sua história pois não querem saber. 'É aquela tia que vive com a amiga dela'", disse no X (ex-Twitter) na segunda-eira (20).

CORTES GERARAM REVOLTA

Só neste ano, outros três episódios geraram muitas críticas nas redes sociais. O mais recente deles aconteceu quando o Domingão com Huck cortou o beijo entre Amaury Lorenzo e Diego Martins que seria exibido como parte de um quadro Batalha do Lypsinc. A decisão teria sido tomada após uma ordem da direção, que estaria preocupada com o afastamento dos telespectadores conservadores e evangélicos.

No início do ano, a mesma situação foi observada na novela Vai Na Fé.  Várias cenas entre Clara (Regiane Alves) e Helena (Priscila Sztejnman) e Yuri (Jean Paulo Campos) e Vini (Guthierry Sotero), foram modificadas na edição. Na época, o desconforto foi tamanho que uma das atrizes chegou a publicar uma crítica velada. "Devagar e sempre… um passo de cada vez para a construção de um futuro onde todas as formas de amor possam ser aceitas e celebradas", disse Regiane Alves.

Produção do Globoplay, a série Aruanas também teve cenas censuradas ao ser exibida pela Globo. O romance entre Olga (Camila Pitanga) e Ivona (Elisa Volpatto), foi picotado e exibido sem a profundidade necessária.  

Durante seus mais de sessenta anos, as novelas da Globo sempre foram espaços saudáveis de discussão de temas espinhosos para a sociedade. Eram as novelas que ditavam boa parte dos assuntos que ocupariam a esfera pública. Essa "função social" é um dos fatores que ajudaram a manter o produto telenovela sempre relevante, repercutindo na vida cotidiana.

Agora, é possível observar um movimento inverso: a partir do apagamento da diversidade, a cúpula da Globo parece disposta a transformar a higienizar a realidade, criando tramas irreais e deslocadas do momento atual, ajudando na construção de uma vida menos diversa, algo que é o sonho dos conservadores. A queda vertiginosa na audiência das novelas que é notada nos últimos anos talvez mostre que o público está cada vez mais desinteressado. Não será culpa daqueles que tem o poder de tomar decisões?