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Críticas / NOVA NOVELA DAS SEIS

No Rancho Fundo usa fórmula clássica das seis para situar público...e 'tá tudo bem'!

Estreia da Globo nesta segunda-feira, 15, 'No Rancho Fundo' mostrou, de cara, que deve recorrer ao que se tem de mais sólido para agradar quem assiste ao período

Arthur Pazin
por Arthur Pazin
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Publicado em 15/04/2024, às 21h36

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Andréa Beltrão vive a garimpeira Zefa em 'No Rancho Fundo' - Reprodução/Globo
Andréa Beltrão vive a garimpeira Zefa em 'No Rancho Fundo' - Reprodução/Globo

No Rancho Fundo estreou na noite desta segunda-feira, 15, nas telas da Globo. A nova novela das seis usou, desde as primeiras sequências, a fórmula clássica já aceita pelo público da faixa para situar o telespectador. E "tá tudo bem"! 

A trama de Mário Teixeira com direção artística de Allan Fiterman já estava na fila do horário antes de Elas por Elas gritar seu "hey hey" na abertura. O fato deixa cair por terra qualquer argumento de que o folhetim ambientado no sertão do Cariri tenha vindo para "salvar" alguma coisa. 

Diferente de sua antecessora, que trazia um sucesso das 19h para ganhar uma nova roupagem e ousar com novas histórias e desfechos, No Rancho Fundo mostrou, de cara, que deve recorrer ao que se tem de mais sólido para agradar quem assiste ao período: cidadezinha do interior, belas paisagens, personagens apaixonados, sotaques carregados, trilha sonora cativante e uma pitada de maldade e ambição.

O prato televisivo, servido quase na hora do jantar, tem diferentes ingredientes que têm potencial de serem consumidos tanto por quem já está na TV em busca de se animar, como para quem está criando a rotina em casa e busca desacelerar.

Tudo isso acompanhado de uma abertura colorida que se movimenta ao "aconchego" da voz de Elba Ramalho, que dificilmente desconvida quem já ficou até a hora da vinheta que divide o primeiro e o segundo bloco.

Versatilidade em cena

Longe do horário desde 1998, quando viveu a vilã Bruna em Era uma Vez, Andréa Beltrão foi uma das agradáveis surpresas da novela ao surgir, versátil, na pele da garimpeira Zefa, uma sofrida, mas valente, trabalhadora, mãe da protagonista Quinota, que dá as boas-vindas ao mundo das tramas a Larissa Bocchino, atriz mineira que estará também no elenco de Guerreiros do Sol, no Globoplay.

Alexandre Nero e Mariana Lima, nem tão novidades no horário, também integram o combo das adoráveis atuações, com personagens marcantes e autênticos. Sim, Tico Leonel e Salete passam longe dos últimos papéis dos atores: Stenio, de Travessia (2022), e Ilana, de Um Lugar ao Sol (2021).

Quem também passa longe de seu último figurão na TV - pelo menos na geografia e no figurino - é José Loreto, que encarna  o arretado cafajeste Marcelo e mostra potencial para dualizar, com sucesso, com a aposta masculina: Túlio Starling, o mocinho Artur. O ator mineiro, que veio dos palcos do Teatro Oficina, em São Paulo, embora "carne nova" nos folhetins, já chegou com pose de veterano.

Andrea Beltrão, Larissa Bocchino e Alexandre Nero em 'No Rancho Fundo'
Andrea Beltrão, Larissa Bocchino e Alexandre Nero em 'No Rancho Fundo (Foto: Divulgação/Globo)

Dèjá-vu do sertão

Meia hora após o telespectador ser introduzido a tudo que No Rancho Fundo trouxe "de novidade", o público se deparou com Deodora (Débora Bloch) e Vespertino (Thardelly Lima). Não, você não está no Vale a Pena Ver de Novo. Conforme anunciado, personagens de Mar do Sertão (2022) - também escrita e dirigida pelos criadores da nova saga nordestina - participariam do folhetim.

O maior ponto positivo do resgate da dupla, no entanto, não esteve no fato de "matar saudades" ou fazer aquelas referências que o noveleiro ama. O mais interessante foi a apresentação da ex-vilã da novela "prima": diferente do olhar repleto de maldades e a pose de mulher de coronel, Deodora surgiu disfarçada pela alegria de um bordel, cena seguida de uma mostra de seu sofrimento e dor, trazidos para o lado de cá ao som de Bicho de Sete Cabeças.

O gostinho de "eu te conheço" também beirou a estreia de No Rancho Fundo ao final do capítulo, quando os cantadores Totonho e Palmito, encarnados por Juzeh e Lukete, desapontaram quem já ia se levantar do sofá ou pegar o celular para cantar as cenas dos próximos capítulos. Lembra? 

Sertão certeiro

Apesar do contexto interiorano e das fórmulas facilmente digeridas pelo público, No Rancho Fundo deixou no ar que não deve falhar em questões de discussão e comportamento cotidiano, botando ordem no sertão em que a trama é ambientada.

Nas primeiras sequências exibidas nesta segunda, Quinota já fez questão de pedir respeito ao mulherengo, Zefa de se colocar como uma mulher empoderada, além de pedir respeito aos gays, mencionados como "baitolas" em uma realidade que ultrapassa a telinha.