Em entrevista à Contigo!, Jenni Mosello, indicada em quatro categorias do Grammy Latino 2024, fala sobre o cenário pop no Brasil e seu novo trabalho
Publicado em 14/11/2024, às 11h30
Nesta quinta-feira, 14, o Grammy Latino premia cantores, projetos e composições que se destacaram no meio musical entre 1º de junho de 2023 e 31 de maio de 2024. Entre os artistas indicados, a curitibana Jenni Mosello se destaca por suas indicações em quatro categorias do prêmio. Em entrevista à Contigo!, ela comenta sobre mudanças no cenário pop brasileiro com mistura de estilos ao gênero: "Fazendo do nosso jeito", afirma.
Jenni tem uma carreira consagrada como autora de canções de muito sucesso: nomes relevantes do pop nacional, como IZA, Luísa Sonza, Pocah, Lexa e Priscila estão na lista de cantoras com quem a artista já trabalhou.
Além de ter coautoria em sucessos como Chico, Jenni também se dedica à carreira de cantora, dando voz às suas composições individuais. O último projeto da artista, o EP Hostil, mescla dark pop com jazz em uma mistura única e inovadora. "Sempre tive uma vontade absurda de juntar o jazz com as coisas que eu faço. Eu nunca, de fato, consegui fazer isso até esse EP", declara.
"Vivo fazendo pop e eu amo, acho pop incrível. É muito verdadeiro e conta muita história. Gosto do dark pop porque sou uma pessoa intensa, dramática e o jazz fala muito disso também. É um estilo que já foi pop em algum momento", reflete sobre a mescla dos estilos.
"O pop mais verdadeiro é essa necessidade de colocar sentimentos para fora de jeitos muito inesperados. Acho que isso é a melhor coisa do mundo, surpreender e fazer sentir coisas que você nem sabia que poderia através da música. Essa junção para mim é isso", compartilha.
A artista não esconde a felicidade por ver tantos projetos pessoais no Grammy Latino. Nomeada pela 5ª vez, ela concorre nas categorias Melhor Canção em Língua Portuguesa por Chico (Luísa Sonza) e Melhor Interpretação Urbana em Língua Portuguesa por Fé nas Maluca (MC Carol e IZA), além dos álbuns Afrodhit (IZA) e Escândalo Íntimo (Luísa Sonza), que concorrem ao Melhor Álbum de Pop Contemporâneo em Língua Portuguesa. Sobre as indicações, ela revela que "acho incrível ver os dois álbuns competindo na mesma categoria, porque isso mostra o quão é rica a música brasileira".
"Fico muito feliz de ver a evolução do pop no Brasil, porque não era algo tão popular. O pop, como a gente entende, é um pouquinho influenciado pela sonoridade americana e internacional. De uma maneira geral, não tem traços regionais brasileiros", destaca e acrescenta sobre as novas mudanças no gênero: "A gente está se apropriando cada vez mais disso, fazendo ele do nosso jeito, e que é por isso também, talvez, que a gente está chegando em mais lugares. Ansiosa para ver os próximos trabalhos que vêm aí e sinto que existe uma nova era muito frutífera para o pop", conclui.
Jenni define suas composições como mergulhos profundos em si mesma, que, às vezes, chegam a gerar receio por exibir suas maiores vulnerabilidades. Segundo a artista, seu processo criativo envolve muita análise e, por vezes, as composições surgem de temas trabalhados na terapia.
"É uma necessidade de colocar para fora algumas coisas que, às vezes, eu não entendo, mas sinto. O jeito que sei fazer isso é fazendo música, então já aconteceu de eu escrever algo por pura necessidade e não entender direito porque precisei falar daquilo, aí levo para o meu processo de análise e, durante a minha terapia, entendo o que estou cantando", revela.
"Justamente porque faço muita terapia e muita análise, eu consigo hoje não ter mais medo das minhas próprias vulnerabilidades e a minha música acaba ganhando muito com isso. No começo, eu lembro que suava frio, sabe? Com muito medo de mostrar tamanha vulnerabilidade, sinceridade e tudo mais. Hoje, muito orgulhosa de mim mesma por conseguir fazer isso", comenta sobre a mudança causada em si mesma através da música.
Para o futuro, Jenni planeja utilizar o espaço conquistado pelas parcerias de sucesso para espalhar ainda mais sua arte: "Não é fácil, o caminho é cheio de coisas a serem resolvidas, mas ele é muito gratificante a partir do momento que começa realmente a funcionar".
"Quero fazer mais arte, mais música. Esse é o meu objetivo de vida! Como fez Édith Piaf e dizia Elza Soares, eu quero morrer cantando", cita.
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