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Música / TALENTO DE FAMÍLIA

Solimões e filho, Gabeu, compartilham dom e amor pelo sertanejo: 'Mostrou talento no berço'

Em entrevista à Contigo!, Solimões e Gabeu comentam sobre conexão através da música e relembram momentos que marcaram a relação de pai e filho

Relação entre Solimões e o filho, Gabeu, é marcada por acolhimento e respeito - Reprodução
Relação entre Solimões e o filho, Gabeu, é marcada por acolhimento e respeito - Reprodução

O talento musical na família de Solimões, da dupla Rionegro & Solimões, passou de pai para filho: Gabeu, nome artístico de Gabriel, um dos filhos do cantor, acumula sucessos na carreira e já é uma das figuras mais marcantes do queernejo, vertente que explora composições no ponto de vista de pessoas LGBTQIAP+. Em entrevista à Contigo!, os músicos refletem sobre a cumplicidade entre paei e filho gerada pelo sertanejo e revelam lembranças da infância de Gabeu.

Solimões iniciou a carreira de sucesso ao lado de Rionegro em 1982, quando a dupla de amigos que se conheceram no trabalho, em uma fábrica de sapatos, decidiu deixar de cantar só para os colegas e parentes. A trajetória do filho, Gabeu, não se assemelha em nada à do pai, mas o amor pelo sertanejo é uma das principais características que os unem: "Quando a gente está junto, estamos sempre falando de música, sempre falando de sertanejo, de música caipira ou cantando junto, tocando, ensaiando alguma música, seja para postar nas redes sociais ou não", conta Gabeu, que é muito ativo na internet e usa as mídias digitais para se aproximar do público.

O mais novo revela que o desejo de entrar no mundo da música surgiu enquanto ele observava o pai, ainda criança, e o acompanhava nos shows ou gravações. "Eu sempre vi meu pai vivendo a vida profissional dele. Quando eu era criança, eu me encantava demais em ver ele ensaiando. Então, todo esse cenário sempre me encantou muito e com certeza isso me influenciou demais para decidir que era o que eu queria. Porque eu via meu pai fazendo e falava 'nossa, deve ser incrível'", conta. 

Para Solimões, o filho demostra talento desde o berço e o músico não esconde a alegria ao dizer que "se eu tocava o violão, ele já resmungava no berço no tom". A infância de Gabriel, como o pai está mais acostumado a chamar, foi marcada por episódios onde o pequeno arrancava orgulho do pai ao exibir a predisposição para a música.

Solimões relembra: "Tenho muitas lembranças marcantes, musicalmente falando, com os meus filhos. Quando o Gabeu tinha uns 3 anos, ele estava cantando e, quando chegou no agudo, ele não deu conta de chegar, então ele passou para oitava, baixou. Ai, eu vi que ele tinha muito talento". O veterano também cita como lembrança marcante a estreia oficial do filho com a música Amor Rural:

"A primeira música que ele lançou, ele me mostrou quando já estava pronta. Ele não queria opinião, ele queria um apoio. Mas eu sinceramente gostei da música, não foi apoio o que dei", compartilha. O músico reforça que o filho faz sua própria arte como deseja e não busca muitos palpites em suas canções, já que, apesar de estarem no sertanejo, exploram vertentes diferentes do gênero.

Ainda assim, Gabeu escolheu regravar uma música do pai em seu mais recente trabalho com Reddy Allor, o álbum Cavalo de Troia. A canção escolhida foi Frio da Madrugada, lançada por Rionegro & Solimões no mesmo ano em que Gabeu nasceu.

"Frio da Madrugada tem um significado muito importante em vários sentidos. Primeiro, que é uma música lançada em 1998, então tenho a mesma idade de Frio da Madrugada. E liricamente, para mim, ela remete muito a um contexto urbano do centro de São Paulo. Uma pessoa vivendo uma madrugada triste, sozinha, solitária. Que foi uma coisa que experienciei assim que cheguei em São Paulo", comenta o artista.

Apesar da grande responsabilidade de regravar um sucesso de dois dos maiores ícones da música sertaneja do país, Gabeu conta que não enxergou o trabalho por esse ângulo: para ele, está apenas se conectando e transformando uma obra de seu pai. "Me traz um orgulho nesse sentido de pegar uma obra clássica do meu pai e transformá-la, ressignificar para meu contexto. E é incrível como É uma música que provavelmente, em algum lugar ali, faz muito sentido para ele. Ele deve se identificar muito com a narrativa, caso contrário ele não teria sido gravado. E para mim também. Então, é interessante ver como uma mesma música conversa com pessoas muito diferentes", reflete. 

A cumplicidade entre os dois, segundo Gabeu, foi construída com o tempo e através da compreensão das individualidades de cada um: "A gente foi aprendendo a respeitar as diferenças e, principalmente, tentando encontrar os pontos em comum. E o ponto em comum principal que tenho com o meu pai é essa relação com a música", reforça.

Ainda que em alguns momentos a relação apresente alguns "arranca rabo", como Gabeu conta de bom humor, o carinho entre os dois é o que marca. Na memória de Gabeu, o que vem à mente ao pensar em um momento com o pai na infância é a atenção de Solimões às suas brincadeiras de criança: "Eu gostava muito de brincar com uns carrinhos que eu tinha, bem grandes, que eu amarrava um barbante na frente do carrinho e ia puxando. E o meu pai fazia uma estradinha de terra para mim no mato que tinha do lado da casa na fazenda. Ele ia meio que passando rodo no chão, que era cheio de folha, e ia limpando o caminho. Ficava bem claro o que era estrada e o que não era estrada. E aí, eu só ia puxando o meu carrinho pela estrada que ele fazia". 

Para o pequeno Gabriel, o carinho de pai ficou marcado: "Era essa a brincadeira e, para mim, era assim, sensacional. Eu ficava horas ali, puxando o carrinho na estrada que o meu pai construiu", finaliza.