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Novelas / Em 1998

Estreia de novela da Globo ganhou comparações com assassinato de empresário há 27 anos

Trama da Globo se desenrolava a partir de assassinato de milionário vivido por Lima Duarte e lembrou o público de caso real envolvendo empresário famoso

Cristiana Oliveira vivia protagonista da trama - Reprodução/Globo
Cristiana Oliveira vivia protagonista da trama - Reprodução/Globo

Em 12 de janeiro de 1998, há 27 anos, a Globo estreava Corpo Dourado como sua nova novela das sete. A trama de Antônio Calmon, que misturava intrigas familiares e partia de um misterioso assassinato para desenvolver a narrativa recheada de conflitos amorosos e financeiros, teve sua estreia marcada por comparações com um caso real, o assassinato do famoso empresário PC Farias.

Semelhanças com o caso real

O primeiro capítulo de Corpo Dourado exibido pela Globo não passou despercebido pelo público, que associou a morte de Zé Paulo (Lima Duarte), empresário envolvido em negócios nebulosos, ao lado de sua namorada em uma casa de praia, ao homicídio de PC Farias.

Em uma análise publicada na Folha de S. Paulo, o autor Marcelo Rubens Paiva destacou: "A Globo não toma jeito. Sempre procura limpar a barra de seu passado atrelado (...) Agora, com a nova novela das sete, Corpo Dourado, de Antonio Calmon, tem-se de volta o estranho assassinato de PC Farias, tesoureiro de campanha do ex-presidente Fernando Collor, quase uma cria da emissora".

A novela se desenrolava em torno da apuração do crime, envolvendo múltiplos suspeitos. No caso real, o legista Badan Palhares apontou que Suzana Marcolino, namorada do empresário, assassinou PC Farias antes de tirar a própria vida. Embora o caso tenha sido oficialmente registrado como um crime passional, muitas versões distintas circundam o episódio: o médico-legista alagoano George Sanguinetti e o perito criminal Ricardo Molina de Figueiredo defenderam a tese de que o casal foi executado, mantendo a aura de mistério sobre o ocorrido.

Apesar da semelhança, Antônio Calmon nunca citou a morte de PC Farias como fonte para a trama. No livro Autores, Histórias da Teledramaturgia, do Projeto Memória Globo, ele conta que a criação de Corpo Dourado foi marcada pelo filme Ninotchka (1939) e pela série Família Buscapé ao conceber Selena (Cristiana Oliveira), uma personagem que contrasta a rigidez ideológica com a leveza do cotidiano brasileiro. 

O folhetim, na verdade, foi feito às pressas para suprir uma demanda urgente da emissora. "Corpo Dourado foi uma loucura. (...) Era uma emergência da Globo. Precisei escrever às pressas. Fiz bem, funcionou, mas não consigo nem resumir a história, porque não me lembro", relembrou.

Legado da novela

Como destaca o jornalista Nilson Xavier, do Teledramaturgia, apesar do impacto inicial, Corpo Dourado não alcançou o sucesso esperado em audiência, o que levou a Globo a promover ajustes. Entre eles, mudanças no sotaque paulistano exagerado de Marcos Winter (Arturzinho) e alterações nas cenas de José de Abreu (Renato), devido à sua dificuldade com aulas de surfe.

A mudança mais significativa ocorreu na direção-geral: Flávio Colatrello foi substituído por Marcos Schechtmann em razão de problemas internos, como atrasos e afastamento da equipe, além de críticas sobre a estética da novela.

Mesmo com o desempenho abaixo do esperado, a novela ficou marcada pela similaridade com o caso real e é lembrada até hoje pelo primeiro capítulo.

Confira cena da novela:

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