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Novelas / Em 1970

Novela da Globo ganhava primeiro personagem homossexual há 54 anos

Trama da Globo marcou o início de vários atores renomados e trouxe Ary Fontoura em uma das primeiras representações de um homossexual na TV brasileira

Em Assim na Terra Como no Céu, Ary Fontoura deu vida a Gugu, carnavalesco apontado pelo público como homossexual - Reprodução/Globo
Em Assim na Terra Como no Céu, Ary Fontoura deu vida a Gugu, carnavalesco apontado pelo público como homossexual - Reprodução/Globo

Em 20 de julho de 1970, a TV Globo estreava Assim na Terra Como no Céu, novela de Dias Gomes que apresentava temas polêmicos como o voto de castidade imposto pela Igreja Católica aos religiosos, problemas com drogas e, tema moderno para a época, a representação de pessoas homossexuais na TV. 

Na trama das 22h, Ary Fontoura interpretou o costureiro e carnavalesco Rodolfo Augusto, considerado o primeiro personagem gay da TV brasileira. Ainda que a orientação sexual de Gugu — como era apelidado o estilista — nunca tenha sido mencionada, o público se prendeu à trama relevante do personagem e deduziu que ele era gay.

Além de Ary Fountura, Assim na Terra Como no Céu foi composta por um elenco que se mostrou muito qualificado: Francisco Cuoco viveu o padre Vitor Mariano, sendo esse seu primeiro papel na TV Globo. A obra foi a primeira novela das atrizes Renata Sorrah, Sandra Bréa, Lídia Mattos, Estelita Bell e Léa Garcia e dos atores Ivan Cândido e Clementino Kelé. Renata Sorrah, inclusive, foi premiada com o Troféu Imprensa de revelação feminina na televisão do ano.

Trama repleta de transgressões

Um dos temas principais de Assim na Terra Como no Céu foi o celibato imposto pela Igreja Católica. A novela se centrava na história do padre Vitor Mariano, que decide largar a batina para se casar com Nívea (Renata Sorrah), jovem que termina o namoro com o problemático Ricardinho (Carlos Vereza) para viver o romance com o padre.

Antes de realizarem a união, Nívea aparece morta na praia e seu assassinato fica envolto em mistério. Enquanto a morte da moça é investigada pelo jornalista Araquém Teixeira (Ivan Cândido) e o delegado Zélio Fontoura (Urbano Lóes), o ex-padre e Helô (Dina Sfat), respectivamente noivo e melhor amiga da falecida, se aproximam e se apaixonam, o que resulta em um casamento.

Outros temas difíceis de serem debatidos na época também foram abordados em Assim na Terra Como no Céu, como o vício em drogas, a prática de posar nua, a participação de jovens desajustados na sociedade e a apatia urbana dos moradores do Rio de Janeiro.

O famoso "Quem matou?"

Os suspeitos do crime são vários: Ricardinho, namorado que não aceitou ser trocado por um padre; Renatão (Jardel Filho), com quem Nívea fez negócios para pagar uma dívida do pai, Emiliano (Paulo Padilha); Oliveira Ramos (Mário Lago), milionário para quem Emiliano trabalhava e levou um golpe do funcionário; e até mesmo Helô, amiga de Nívea, em um de seus surtos de transtorno psicológico.

A saída de Renata Sorrah da novela não foi bem aceita pelo público, então o autor uniu a busca pelo assassino com muitos flashback da personagem nas cenas em que o resto do elenco lembrava de Nívea.

Depois de meses de espera, o responsável pela morte de Nívea foi finalmente revelado e pegou o público de surpresa: Mário Maluco, vivido por Osmar Prado. O personagem, melhor amigo de Ricardinho, pediu satisfações à Nívea pelo fim do relacionamento com o amigo, mas, durante a discussão, a jovem caiu de um precipício para o mar, o que causou a sua morte.