Contigo!
Busca
Facebook Contigo!Twitter Contigo!Instagram Contigo!Youtube Contigo!Tiktok Contigo!Spotify Contigo!
Música / Dupla de sucesso

Fred & Fabrício refletem sobre os desafios do sertanejo no meio digital

Em entrevista à Contigo, a dupla sertaneja Fred & Fabrício conta como nasceu a parceria de sucesso e comenta sobre estilo musical na era digital

Em junho, Fred & Fabrício lançaram terceira edição do projeto "Acústico de Primeira" - Divulgação
Em junho, Fred & Fabrício lançaram terceira edição do projeto "Acústico de Primeira" - Divulgação

Depois de sucesso do projeto Acústico de Primeira 1, a dupla sertaneja Fred & Fabrício se consolida como novos nomes do sertanejo e busca trazer mais o "sertanejo raiz" para o público jovem. Em entrevista à Contigo!, os sertanejos relembram o início da carreira e falam sobre experiências como cantores de sertanejo na era das plataformas de músicas digitais.

A jornada até que a dupla se encontrasse e começasse a dividir os palcos foi longa. Os dois começaram a cantar praticamente com a mesma idade, Fred em Goiás e Fabrício em Minas Gerais. Para ambos, a conexão com a música vêm de berço: na infância de Fred, era comum que os pais soltassem a voz no almoço de domingo; na família de Fabrício, a música se apresentou através de seu irmão mais velho, que era cantor e faleceu quando o sertanejo tinha 8 anos.

"Aos 18, 20 anos, já tinha música minha gravada pelo João Bosco & Vinícius. O nome é Sufoco, foi um sucesso na época", comenta Fred. Fabrício, aos 15 anos, foi emancipado e partiu para São Paulo, com seu primeiro parceiro de palco, para a viver da música: "E a partir daí, nunca mais parei. Tô nessa luta e as coisas começaram a dar certo de verdade mesmo quando eu e o Fred nos juntamos".

Sucesso por acaso

O primeiro contato dos músicos um com o outro foi em Cuiabá, quando a dupla de Fabrício realizou a abertura do show da dupla de Fred. Na ocasião, Fred conta que se assustou com o talento do amigo: "Vi ele cantar e eu assustei. Eu me senti bem, me senti mal, me senti bem, me senti mal. Mas eu não queria parar com aquilo, sair de perto dele, né? Falei, rapaz do céu, você canta demais", relembra.

Segundo Fabrício, a admiração foi mútua: "Nesse dia, eu virei para ele e falei: 'Rapaz, se eu tivesse te conhecido há três anos, a dupla era nós dois'. Isso há 13, 14 anos. Mal sabia eu que, 11 anos depois, a gente passaria por todo processo e seria dupla mesmo", revela o sertanejo.

Depois do contato inicial, os músicos só se encontraram por cinco vezes até virarem, de fato, uma equipe. Primeiro, os dois se separaram de suas duplas e iniciaram carreira solo, concorrendo no mesmo nicho com canções noventistas, como Zezé Di Camargo & Luciano, Leandro & Leonardo e outros artistas da década.

"Para chegar nesse lance da dupla, foi um processo delicado, porque eu tinha meus traumas, o Fred nem se fala", explica Fabrício. "Acontece que a gente foi contratado para fazer um show na festa de aniversário do pai de um amigo nosso, que é jogador de futebol. Ele contratou o Fabrício Fiori, contratou o Fred Liel e contratou mais duas duplas", relembra o momento.

Fabrício e Fred foram chamados para cantar separadamente, mas, no dia da festa, as duplas se atrasaram e o dono da festa pediu para os dois cantarem juntos. "Cantamos sem pretensão nenhuma e esse amigo nosso gravou da mesa de som. Quando voltei na casa dele alguns meses depois, ele me mostrou aquilo e eu fiquei maluco, porque mesmo sem entrosamento, ficou muito bom, sabe?", completa Fabrício.

Animado, o cantor postou trechos da gravação em suas redes sociais e os vídeos foram um sucesso imediato. "Meu Instagram travou, várias pessoas perguntando onde tinha e tal. Foi quando tive a ideia de chamar o Fred para a gente fazer o projeto Acústico de Primeira 1, um projeto paralelo onde a gente não era uma dupla ainda", conta.

Depois da boa recepção do público e da clara conexão entre os músicos, o nascimento da dupla Fred & Fabrício foi inevitável. "Esse foi o projeto que deu o start na nossa vida, né? Porque a gente sempre sonhou em ter um posicionamento bom de mercado, de pegar onde a gente queria, mas não sabíamos como. Então, esse Acústico de Primeira 1, eu acredito que foi um presente de Deus na nossa vida", finaliza Fabrício.

O sertanejo no mercado musical atual

O sucesso da primeira edição foi tanto que a dupla se firmou no mercado e teve grandes conquistas, como o single Flor de Plástico, com participação de Jorge & Mateus, que teve certificado de platina duplo e o single Guarda Roupa com certificado de platina triplo.

Para Fred, as conquistas da carreira são fruto de um trabalho feito com amor e alinhado à essência dos dois. "Eu me sinto um defensor da música sertaneja. Principalmente hoje em dia, a música sertaneja tem várias ramificações, vários estilos dentro do sertanejo, e o meu sonho é passar esse estilo mais tradicional para a próxima geração", revela.

Mesmo com o saudosismo, o cantor enxerga algumas novidades do meio positivamente, como, por exemplo, a produção de clipes musicais elaborados e com apresentações que podem conquistar o público. "E sobre lançamentos de single, acho muito interessante também. Nós perdemos música lançando repertório com 20 músicas, 15 músicas, onde a gente vai aproveitar três no ano. Então, eu acho que essas novidades ensinaram muito para quem é da geração passada", comenta Fred.

Além desses pontos, o digital dá gás ao cenário e torna o meio mais competitivo — o que, segundo Fred, é uma característica favorável da era das plataformas de streaming. "Torna a música mais competitiva, e isso é bom, porque você sempre vai alimentar o público", aponta.

Fabrício relembra outra novidade positiva do digital: a acessibilidade para compartilhar produções. "Antigamente, ali nos anos 1990, anos 2000, um cantor precisava entrar numa gravadora, precisava ter dinheiro para fazer o projeto acontecer, né? Hoje em dia, talvez uma pessoa grave ali num fundo de quintal, e, se a música for boa, talvez ela viralize, chegue no topo", reflete o sertanejo.

Mesmo com os pontos positivos, o cantor reforça que nem tudo são flores. Recentemente, por exemplo, a dupla sofreu com um ataque de reproduções fantasmas no Spotify e a própria equipe precisou avisar a plataforma. Por isso, Fabrício enxerga a necessidade de haver um cuidado por parte desses serviços digitais em identificar uso de meios ilegais para crescer e, claro, conseguir identificar corretamente os responsáveis por essas manobras.