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Novelas / Saiba tudo!

Há 38 anos, autor de novela desagradou veterana da Globo com papel de homossexual

Renomada atriz da Globo não queria que filho interpretasse homem gay, mas autor ignorou pedido e personagem ficou marcado como grande vilão

Tarcísio Meira e Bruna Lombardi viviam romance impossível em Roda de Fogo - Reprodução/Globo
Tarcísio Meira e Bruna Lombardi viviam romance impossível em Roda de Fogo - Reprodução/Globo

Em 25 de agosto de 1986, Roda de Fogo estreava como substituta de Selva de Pedra e ocupava o horário das oito na Globo. Escrita por Lauro César Muniz, a trama focava na vida do rico, ambicioso e frio empresário Renato Villar (TarcísioMeira), que se apaixona pela juíza LúciaBrandão (BrunaLombardi), responsável por julgar as irregularidades de seu império, enquanto tenta seduzi-la para sair ileso.

Apesar do gancho do romance, como destaca o jornalista Nilson Xavier do site Teledramaturgia, a novela não se limitava aos casais apaixonados. A trama de Lauro César Muniz elevava o horário nobre com um enredo pesado sobre homens de meia-idade em busca de poder, além de construir um cenário fiel do Brasil pós-Ditadura.

O personagem de Tarcísio Meira, inicialmente um homem sem escrúpulos e sem a empatia do público, teve sua redenção e a vilania ficou a cargo de Cecil Thiré, que vivia o advogado Mário Liberato. Em entrevista à Contigo!, Lauro César revelou que a mãe do ator, a renomada Tônia Carrero, não queria o filho na novela com um papel de homossexual.

"Roda de Fogo foi um trabalho em que corri um risco sério com a homossexualidade, porque criei uma relação homossexual entre dois personagens masculinos, e era difícil para os dois fazerem, era o Cecil Thiré e Cláudio Curi. E eles fizeram com muito prazer, não que eles tivessem relação nesse sentido, mas é que eles viveram a coisa, o personagem era mais importante do que seus pontos de vista", conta o autor.

Para a alegria de Tônia Carrero, que não havia gostado da notícia, a novela sofreu muitos cortes de cena e a relação entre os personagens ficou implícita: "Houve cortes de cenas demais. E aí acabou que, na memória da teledramaturgia, a homossexualidade começou em Vale Tudo, o que não procede", afirma Lauro César.

O destaque de Cecil Thiré como vilão gay, entretanto, não agradou a todos. De acordo com Nilson Xavier, algumas entidades que lutavam pelos direitos da comunidade gay não gostaram de ver um personagem homossexual como vilão, ainda mais com a sexualidade citada de modo depreciativo. Na época, era comum ver personagens gays representados de forma estereotipada e tratados como se precisassem ser corrigidos.

Mesmo com os cortes e problemas relacionados à aceitação dos personagens, a novela fez sucesso na época e os looks usados por Bruna Lombardi, como afirma o Memória Globo, tomaram as ruas.