Ex-vocalista do Twister vira chef de cozinha e investe na gastronomia. Após vício e prisão, Sander Mecca dá a volta por cima com nova carreira
Publicado em 18/09/2024, às 14h45 - Atualizado às 15h41
Em 2003, Sander Mecca foi preso por tráfico de drogas e colocou sua carreira artística como vocalista da banda Twister em jogo. Mesmo após provar sua inocência, o músico precisou lidar com o vício e isso impactou sua vida pessoal e profissional. À coluna, o ex-participante de A Fazenda 15 admitiu que a culinária tornou-se seu grande refúgio em meio a tantas polêmicas: "Conheci o inferno usando drogas".
Após sua participação no reality show da Record, Sander Mecca deu ainda mais gás ao Meccagormet, seu próprio empreendimento gastronômico. E o rápido sucesso na área abriu novas portas no ramo. O ex-vocalista do Twister, que antes era apenas publicidades para a marca Cookie in Box, acaba de se tornar licenciado da empresa. E na próxima sexta-feira (20), ele fará a inauguração de uma unidade da rede no bairro da Casa Verde, em São Paulo.
"Eu sempre gostei muito de cozinhar e eu sempre tive a inspiração do meu pai. O meu pai cozinhava muito bem. E era o meu pai que cozinhava em casa", explicou. Sander Mecca passou a realmente usar a culinária como um refúgio até mesmo para seu vício. "É como se eu tivesse mudado de profissão. E mudei realmente. Na verdade, eu não deixei de ser cantor, mas hoje eu não vivo mais de música (...) Na pandemia, eu estava começando o meu processo de recuperação das drogas e era como uma terapia cozinhar (...) Para conseguir ficar limpo, eu precisei me abster de todas as drogas (...) Então tem tudo a ver com o meu processo de recuperação e também uma forma de monetizar", acrescentou.
Durante a pandemia de Covid-19, Sander Mecca precisou interrompeu seus trabalhos como artista e se viu sem dinheiro. Na mesma época, conheceu Adriana, sua atual esposa, e percebeu que poderia chamar a atenção da moça com seus dotes culinários. "Eu cozinhava para conquistar ela, porque estava tudo fechado, não tinha restaurante aberto, nada. E eu falei: 'O que é que eu vou fazer para essa garota, para ela ali gostar de mim’. Então eu cozinhava para chamar atenção dela. Ela gostava e falou: ‘Por que você não comercializa sua comida? Põe no iFood, sei lá. Você tem tanta gente no Instagram, começa a divulgar e vende’. Eu falei: ‘É verdade, por que é que eu não faço isso? Eu vou fazer’. E ai eu certo", recordou.
O empreendimento ainda era pequeno e atingia apenas seus seguidores, mas tudo mudou com sua participação em A Fazenda 15. O cantor ganhou ainda mais notoriedade e se dedicou integralmente ao empreendimento. Em novembro deste ano, ele irá abrir um espaço para entender os clientes do Meccagourmet no bairro Santana, em São Paulo: "Por enquanto, eu estou nos aplicativos, como o iFood, e pelo site também do Meccagourmet da para comprar pelo WhatsApp".
E foi justamente durante sua participação no reality show que Sander Mecca percebeu como a cozinha poderia ser seu refúgio. "Durante a minha participação em A Fazenda eu praticamente só cozinhei. Cozinhei e dormi. Foi muito difícil para mim A Fazenda (...) Foi a primeira vez, depois da minha recuperação, que eu fiquei em contato com as pessoas e com bebida. Como eu disse, a minha recuperação foi uma mudança radical de dos meus hábitos (...) Então, cozinhar para mim foi uma válvula de escape lá. E me encontrei (...) E também eu tenho essa coisa de servir. Eu sempre gostei de preparar a mesa, de receber amigos, de cozinhar e de servir as pessoas".
"Mas, pensando para o jogo, isso me atrapalhou muito. Eu fiquei lá na cozinha, foi bom para eu sobreviver lá dentro, mas foi péssimo para eu me tornar um bom jogador. Eu ficava só lá na cozinha, então não gerava muito entretenimento (...) faria muita coisa diferente hoje se eu tivesse que participar de outro reality, seria outra visão de tudo. Mas é isso, foi bom para eu conseguir viver lá dentro em paz", concluiu.
Por conta de tantas polêmicas criminais em sua vida, o ex-participante de A Fazenda 15 precisou mudar até mesmo seus princípios, incluindo sua "saída" do mundo musical. "A minha escolha é não viver de música. Por quê? Porque assim eu me tornei uma pessoa muito caseira, muito família. Eu gosto de estar perto da minha filha, perto da minha esposa. Eu não tenho mais esse desejo de viver de música, de estar sempre no aeroporto, sempre na estrada. Isso não combina mais comigo, sabe? Então eu optei. Essa é a minha escolha. Se eu quisesse viver de música, eu ia precisar ficar mais longe da minha família", disse. Além de seus empreendimentos gastronômicos, Sander Mecca trabalha com palestras motivacionais, teatro e shows particulares.
Com apenas 19 anos, Sander foi preso por suspeita de tráfico de drogas. Ele permaneceu dois anos atrás das grades, mas logo conseguiu provar sua inocência no caso. "Eu não acho que a prisão me ajudou a me reestabelecer. Isso já faz muito tempo. Minha prisão foi há 21 anos. Na época, eu era muito jovem (...) O grande problema para eu me ter me restabelecido na carreira quando não foi a prisão e sim as drogas (...) Quando eu saí da prisão, eu falava que eu tinha parado de usar, mas eu não tinha. O que foi um grande vacilo, um grande perigo para a minha adicção. Porque eu não pedia ajuda e eu mentia para mim mesmo e para as pessoas dizendo que eu tinha parado de usar quando eu estava usando cada vez mais. Isso foi só me levando para o buraco, para o fundo de poço", admitiu.
"Então eu tenho certeza que não foi a prisão que atrapalhou eu me restabelecer como músico e como artista. Foram as drogas que só me levaram para o buraco cada vez mais. Me levaram a coisas terríveis. Tanto que quando eu saí da prisão, eu achei que nada fosse pior do que a prisão, mas eu conheci o inferno usando drogas (...) Então eu só consegui me restabelecer quando eu consegui parar de usar droga. E como eu fiquei muito tempo usando droga, foi muito difícil de largar. Então foram várias internações. Eu cheguei ao fundo do poço mesmo", acrescentou.
O ex-vocalista da banda Twister ainda lamentou as situações que se sujeitou diante do vício. "Eu era um escravo da droga. Eu só me conseguia restabelecer quando eu consegui de fato me livrar das drogas (...) Eu tentei me suicidar algumas vezes. Tentei me suicidar algumas vezes porque eu não aguentava mais usar droga. Eu já cheguei a usar droga chorando. Eu acho que o suicídio também é um pedido ajuda, né?", pontuou.
Ver esta publicação no Instagram
*Texto de Júlia Wasko
Júlia Wasko é estudante de Jornalismo e apaixonada por notícias, entretenimento e comunicação. Siga Júlia Wasko no Instagram: @juwasko
