Lara da Silva, uma das envolvidas no famoso meme, foi à Justiça após sofrer bullying; vídeo viralizou há 10 anos nas redes sociais
Publicado em 05/03/2025, às 10h21
Dez anos depois do famoso vídeo viralizar nas redes sociais, o meme “Já acabou, Jéssica?” continua sendo lembrado por milhares de brasileiros. O que nem todo mundo sabe é que o caso acabou indo parar na Justiça após Lara da Silva, uma das garotas envolvidas na briga em frente à escola, se tornar vítima de bullying constante.
Em novembro de 2015, Lara acabou se envolvendo em uma confusão na saída da escola, localizada em Alto Jequitibá, Minas Gerais. Nos registros que viralizaram nas redes sociais, a adolescente de 12 anos aparece trocando agressões físicas com outra garota. Até que, em determinado momento, ela se levanta do chão e diz: “Já acabou, Jéssica?”. Na época, a situação rendeu uma série de sátiras e memes, mas acabaram impactando negativamente a vida de Lara para sempre.
Em entrevista à BBC News, Lara revelou que acabou entrando em depressão após se tornar alvo de bullying. Depois disso, precisou largar os estudos e se submeter a tratamentos psiquiátricos. “É uma coisa que eu ainda não aceitei totalmente. Se eu parar para pensar demais nisso, me faz mal. Não é algo que eu goste, mas é uma coisa que aconteceu, não tem como voltar atrás”, disse ela.
Anos depois, o caso foi parar na Justiça. Lara e Jéssica, as duas garotas envolvidas no vídeo, abriram processos contra emissoras de televisão e plataformas que repercutiram as imagens, como o Google e o Facebook. Ambas pedem que as imagens sejam excluídas e cobram indenização por danos morais e materiais.
Esse é um dos episódios que se tornou um forte exemplo dos riscos da exposição online sem consentimento - sendo ainda mais grave quando envolve menores de idade. Felipe Salvatore, fundador da Myhood, startup especializada no licenciamento de vídeos virais e conteúdos gerados por usuários, ressalta a importância do controle na divulgação desses vídeos.
“Muitas vezes, podemos cair na armadilha de achar que algo é legal só porque é comum. O uso de imagens e propriedade intelectual de terceiros é algo que acontece com frequência no ambiente digital, mas seus efeitos ainda são subestimados. Por exemplo, a divulgação de um vídeo de um menor sem a autorização de um responsável pode configurar uma infração ao Estatuto da Criança e do Adolescente, ao Marco Civil da Internet e até à Lei de Direitos Autorais”, explicou.
“Os reposts, especialmente por portais de notícias e páginas agregadoras de conteúdo, são uma prática comum, mas esses modelos de negócio se aproveitam da atenção e do engajamento que esses posts geram. Quando o objetivo é comercial, a infração se torna ainda mais séria, deixando claro a necessidade de uma licença de uso – um documento que formaliza a autorização para distribuir imagens e propriedade intelectual de terceiros. Além de trazer consequências graves, como o caso da Lara, esses portais e páginas que operam sem a devida autorização se expõem a sérios riscos jurídicos e financeiros”, completou o especialista.
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