Trama da Globo foi finalizada pelo autor antes de sua morte e teve homenagem especial para o novelista, que morreu após sofrer um infarto
Publicado em 29/03/2025, às 07h30
Em 29 de março de 1993, há 32 anos, a Globo estreava O Mapa da Mina como sua nova novela das sete. Escrita por Cassiano Gabus Mendes, a novela teve seu último capítulo exibido no dia 4 de setembro do mesmo ano, quinze dias após a morte do autor. Cassiano morreu após sofrer um infarto, mas deixou a trama com um fim antes de se despedir.
O Mapa da Mina marcaria o último trabalho do renomado autor Cassiano Gabus Mendes, um dos grandes nomes da teledramaturgia brasileira. Criador de sucessos como a primeira versão de Ti Ti Ti e Que Rei Sou Eu?, ele ajudou a moldar o estilo das novelas da Globo.
Com um talento inquestionável para criar histórias leves e personagens cativantes, deixou sua marca na TV brasileira. O jornalista Nilson Xavier, do Teledramaturgia, relembra que em O Mapa da Mina, sua última novela, Cassiano explorou o mistério e o humor para contar a saga de um tesouro perdido.
Mesmo com sua partida precoce, Xavier relembra que o autor garantiu que a história tivesse um desfecho fiel à sua visão. Após a exibição da última cena, o ator Lima Duarte prestou uma homenagem emocionada ao autor, destacando sua importância para a dramaturgia e sua amizade com toda a equipe da novela.
Apesar da expectativa em torno do novo trabalho de Cassiano Gabus Mendes, O Mapa da Mina passou por diversos desafios. Segundo Xavier, a trama enfrentou uma recepção morna do público e passou por mudanças ao longo da exibição. A direção-geral, inicialmente de Denise Saraceni, foi assumida por Gonzaga Blota dez dias após a estreia. Fernanda Montenegro, escalada para um papel de destaque, teve sua participação antecipada para tentar aumentar o interesse do público.
O Teledramaturgia conta, ainda, que nos bastidores da novela havia uma insatisfação com a condução inicial da história. José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, então vice-presidente da Globo, criticou o tom adotado pela direção, que buscava uma influência do neorrealismo italiano, pouco adequada para a proposta da trama. A novela também teve seu final antecipado devido às dificuldades de audiência e ao estado de saúde de Cassiano.
A escritora Maria Adelaide Amaral, colaboradora de Cassiano, revelou em depoimentos resgatados pelo Teledramaturgia que o autor já não estava satisfeito com o desenrolar da novela e que sua saúde debilitada impactava seu humor e trabalho. Mesmo assim, conseguiu finalizar a trama antes de sua partida.
Entre os destaques da novela, Xavier cita Malu Mader, que brilhou no papel da sedutora e esperta Wanda. Curiosamente, ela havia sido escalada para interpretar a freira Elisa, papel que acabou ficando com Carla Marins. A novela também marcou a estreia de Carolina Ferraz na Globo, além da primeira aparição de Clarisse Niskier, Mariane Vicentini e Amanda Acosta em produções do gênero.
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