Prestes a retornar ao palco do Lollapalooza, grupo fala dos novos rumos na carreira
Veteranos de Lollapalooza e vice-campeões da segunda edição do Superstar, a banda Scalene retorna ao palco do festival no dia 5 de abril.
Formada em Brasília, a banda hoje vive em São Paulo após o súbito crescimento da carreira. Após três discos: Real/Surreal, Éter e Magnetite, eles se tornaram um grande nome do rock nacional, sem abrir mão da originalidade.
Nós entrevistamos o guitarrista da banda, Tomas Bertoni, irmão do vocalista Gustavo e namorado de Titi Müller. Ele fala sobre os trabalhos recentes, os rumos da carreira e a expectiva para subir ao palco da atração.
CONTIGO! Em relação a fama em si, ainda é possível andar tranquilamente na rua sem ser abordado?
Nunca chegamos num ponto de fama que pudesse não ser. Quando abordam costuma ser muito legal e respeitoso, curto bastante!
CONTIGO! Tomas, esses tempos você respondeu perguntas no Instagram e rolaram umas perguntas esquisitas, inclusive uma insistência para que você falasse dos seus pés. Esse tipo de assédio estranho rola sempre ou as pessoas conseguem se comportar?
Acho divertido, abre espaço pra gente fazer piadinha, não se levar tão a sério. Geralmente galera que faz umas perguntas assim tá partindo de um lugar comédia e não exatamente estranho. Os nossos fãs são muito massa, na real.
CONTIGO! Uma das músicas do primeiro álbum solo do Gustavo, 'God?', fala de religião e de uma distância de Deus. No 'Éter' temos a parceria com o Mauro Henrique da Oficina G3 em 'Terra' e por fim no 'magnetite' temos 'Distopia', também falando sobre religião. Como é a relação de vocês com essa questão hoje em dia, ainda mais com a proximidade de política (assunto recorrente das letras) e religião?
Meu sonho é que um dia vivêssemos numa sociedade realmente secular. É uma ilusão cada vez mais óbvia que ainda hoje, 2019, não existe verdadeira separação de igreja e estado. Algum político se elegeria pra algum cargo importante sendo abertamente ateu no Brasil? Em algum país do Mundo? Pouquíssimos. Defendo a liberdade religiosa, não julgo e respeito, mas o inverso não é tão verdadeiro. Principalmente quando se começa a legislar baseado em bíblia e religião, quando se começa a ensinar nas escolas que a Terra tem 5.000 anos de idade porque é o que está na bíblia. Você tem direito de acreditar no que quiser, mas não tem direito de ter sua opinião virar fato. Nem de impôr crenças medievais e ultrapassadas em toda uma sociedade plural e complexa.
CONTIGO! Vocês têm uma proximidade com outras bandas do cenário nacional, como os cariocas da Baleia e os potiguares da Far From Alaska. Vocês acham que o mercado está propício para esses sons que muitas vezes se distanciam do top 40 das rádios?
Bastante propício. O que bomba nas rádios especificamente é um recorte bem bizarro de mercado. Muito artista que toca na rádio, mas não faz show ou tem carreiras curtas. É um processo meio bizarro que a parcela mais relevante criativamente da música nem se importa mais.
CONTIGO! Esse será o segundo Lollapalooza de vocês, certo? De todas as experiências em festivais grandes como o Lollapalooza, qual foi a mais impactante até agora?
Palco Mundo do Rock in Rio é um impacto difícil de ser maior, mas amamos o Lollapalooza. São propostas de eventos diferentes, grande prazer fazer parte. Festivais independentes pelo Brasil são também do melhor que se pode ter de experiência como músico. Importante galera valorizar.
CONTIGO! Já vi vocês serem descritos como math rock, hardcore e ultimamente stoner rock. Se vocês fossem encaixar a banda num rótulo atualmente, qual seria?
Nenhum. Quando chegar próximo álbum então ainda mais, desafio qualquer pessoa a nos encaixar em um rótulo.
O show da Scalene rola na sexta-feira (5), no palco Budweiser.