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Formação de quadrilha e fraude: Pablo Marçal acumula escândalos e coloca candidatura em jogo

Pablo Marçal acumula escândalos e condenações por crimes, incluindo quadrilha e fraude. Ex-coach coloca candidatura à prefeitura de São Paulo em jogo

Gabriel Perline
por Gabriel Perline

Publicado em 23/08/2024, às 15h15 - Atualizado às 16h35

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O candidato à prefeitura de São Paulo conta com diversos processos em seu nome - Reprodução/Instagram
O candidato à prefeitura de São Paulo conta com diversos processos em seu nome - Reprodução/Instagram

O ex-coach Pablo Marçal é candidato à Prefeitura de São Paulo pelo Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB) e tenta conquistar o cargo de chefe do Executivo de São Paulo no dia 6 de outubro, mas seu passado nada louvável veio à tona e tem sido usado contra ele por seus adversários na corrida eleitoral. E o empresário possui uma ficha criminal extensa. A seguir, a coluna recorda todos os processos e condenações dele, incluindo participação em quadrilha, fraude, lavagem de dinheiro e muito mais.

Aos 37 anos, Pablo Marçal dá mais um passo em sua tentativa de se firmar na carreira política. O empresário concorreu ao cargo de deputado federal por São Paulo em 2022, mas teve sua candidatura indeferida pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O motivo? Ele perdeu a vaga por ausência de requisito de registro, ou seja, faltaram documentos, como certidões criminais.

Quadrilha

Em 2005, Pablo Marçal tornou-se réu de um processo judicial em que acusava criminosos de desviar dinheiro de contas de bancos, como Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil. Aos 18 anos, ele conquistou seu primeiro título em sua ficha criminal. Somente cinco anos depois, ele foi condenado a quatro anos e cinco meses de reclusão por furto qualificado pela Justiça Federal de Goiás.

De acordo com o processo, o grupo foi acusado de criar sites falsos dos bancos públicos para desviar dinheiro de correntistas. Conforme a ação, eles enviavam cobranças por inadimplência para as vítimas, que informavam seus dados pessoais e eram subtraídos. Pablo Marçal era responsável por capturar listas de e-mails para o pastor Danilo de Oliveira, um dos líderes do grupo. Na época, as instituições financeiras restituíram as vítimas e arcaram com os prejuízos. Em 2018, oito anos após a condenação, ele teve a pena extinta por prescrição retroativa. 

Tentativa de homicídio

Em janeiro de 2022, Pablo Marçal liderou um grupo de 32 pessoas em uma escalada no Pico dos Marins, no interior de São Paulo. O candidato à Prefeitura de São Paulo foi acusado de tentativa de homicídio privilegiado após enfrentar o caminho com condições adversas sem equipamentos adequados durante um vendaval. Ao todo, o grupo era formado por 60 pessoas, mas quase a metade desistiu por conta das más condições do tempo e cansaço.

O ex-coach e sua equipe, que participavam de um treinamento motivacional, tiveram que ser resgatados pelo Corpo de Bombeiros, que logo considerou a situação de alto risco. "Ele foi totalmente irresponsável. Subir com um grupo de pessoas despreparadas e sem equipamento é colocá-las sob risco de morte. Essa foi a pior ação que a gente viu no Pico dos Marins", afirmou Paulo Roberto Reis, capitão dos Bombeiros e chefe da operação de resgate. A subida da montanha é recomendada apenas em períodos de estiagem, com guia e equipamentos de segurança, itens que Pablo Marçal não seguiu.

"Eu sei no meu coração que dá pra subir. Vai ser a pior experiência de todas. Nós sabemos que, do jeito que está aqui, não dá para subir. Mas uns pararam o sol, outros voltaram o tempo. A gente não tá pedindo nada disso. Só estamos pedindo para o Senhor desviar o vento", disse em suas redes sociais.

Falsidade ideológica eleitoral

Com sua carreira política, Pablo Marçal também se envolveu em polêmicas. Em julho de 2023, o ex-coach foi alvo de uma operação da Polícia Federal ao ser investigado por crimes de falsidade ideológica eleitoral, apropriação indébita e lavagem de dinheiro durante as eleições do ano anterior.

Em sua campanha, Pablo Marçal fez doações milionárias e muitos suspeitaram de como todo o dinheiro foi gasto. Na declaração das despesas de sua campanha presidencial, foram registrados pagamentos para empresas em que ele mesmo era sócio.

Ele declarou R$ 112 mil em alocação de aviões de Avation Participações Ltda., empresa em que ele é sócio com Marcos Paulo --o maior doador de sua campanha para deputado federal em 2022. Além disso, há sete vezes a contração da Marçal Participações Ltda., em que ele é dono junto com sua esposa, Ana Carolina Carvalho, pelo valor de R$ 288 mil.

Durante a operação, foram cumpridos sete mandados de busca e apreensão na casa de Pablo Marçal e de mais três pessoas, além de suas três empresas. E isso tudo começou após o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) identificar 42 movimentações financeiras suspeitas em suas contas bancárias.

Ao registrar sua candidatura à Prefeitura de São Paulo, ele declarou Justiça Eleitoral patrimônio de R$ 193,5 milhões em bens e aplicações, o dobro do informado no último pleito. Ou seja, o acréscimo chega a quase R$ 100 milhões em um ano.

Morte de funcionário

Em junho de 2023, Bruno da Silva Teixeira morreu após sofrer uma parada cardíaca durante uma maratona de rua realizada por Pablo Marçal. O jovem de 26 anos prestava serviço para a XGrow, uma das empresas que estava no evento, em Alphaville, em São Paulo. De acordo com sua família, ele saiu de casa para correr 21 km no dia 5 deste mês em um desafio proposto de último hora, mas nunca retornou para casa.

No dia da corrida, ele descobriu que haviam mudado de 21 km para 42 km, mas ele passou mal logo no 15° km, por volta das 22h. "Aonde eu fui me enfiar? Esse é o problema de andar com gente de frequência alta", publicou em suas redes sociais ao saber sobre a mudança na dinâmica. Clara Serbim, amiga do jovem, ainda tentou alertá-lo sobre os perigos de encarar uma maratona, mas ele seguiu com a ideia após a proposta do ex-coach.

Em suas redes sociais, Pablo Marçal confirmou que tinha completado a corrida e inclusive fez propagandas sobre o evento: "Minha mãe não é mãe de fraco. Meu pai não é pai de otário. Minha vó não é vó de trouxa". Apesar disso, a defesa do candidato à prefeitura de São Paulo negou qualquer envolvimento do ex-coach com a maratona: "Não se trata de uma maratona nem de uma corrida ligada à empresa. Foi um treino desenvolvido por algumas pessoas, algumas são funcionárias que compõem o grupo empresarial e outras, não. Alguns passaram lá para deixar os carros porque o ponto de encontro do treino era um posto de gasolina próximo".

De acordo com Tasso Renam Souza Botelho, advogado do empresário, Bruno da Silva Teixeira sentiu fortes dores no peito e recebeu is primeiros socorros dos colegas de trabalho. Sua defesa ainda esclareceu que ele foi encaminhado ao Hospital Israelita Albert Einstein e recebeu uma ajuda de R$ 9 mil para pagar pela internação.

Logo após o caso vir à tona, a Polícia Civil de São Paulo confirmou o caso como "morte suspeita". Entretanto, em setembro deste ano, o laudo pericial de Bruno da Silva Teixeira apontou que ele morreu de infarto agudo do miocárdio, possivelmente provocado pelo esforço excessivo. O exame toxicológico solicitado deu resultado negativo e não houve qualquer evidência de violência. Até o momento não há novas atualizações sobre a possível condenação de Pablo Marçal.